sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cabeça de Bagre a Dois Mangos o Quilo (versão Código Morse)

Cedo demais para acordar. Café, iogurte e sol nascendo. Rádio. Mais café. Ônibus pra PUC (432) e inscrição no curso de Letras. Trânsito caótico para uma quinta-feira. Faço o trecho de volta praticamente todo a pé. Parada estratégica para um misto e um suco grande de manga. Casa da avó: dois eternos minutos passando água gelada na cara. Anotações e iPod (Black Sabbath com Dio) enquanto espero a hora do almoço. Arroz, feijão, fritada, salada e um negócio com salsicha e cebolinha. Mais anotações em casa. Mais café e internet. Banho e televisão. Rádio e textos. Cama ao som de Bauhaus.

El Sonido de la Muerte (versão Código Morse)

Ressaca leve. Café calmo, mas sem jornal. Domingo eles não entregam na porta, e eu não estou com a menor vontade de descer pra pegar. Caminhada por Ipanema até a Feira da Praça General Osório. Sol e tempo fresco. Mamãe comprou de camelôs. Pesquisa de especializações e mestrados em Pitboyland. Macarrão com abobrinha e camarão. Salada simples. Mais pesquisas. Textos e leituras. Rádio. Ducha fria. Mais rádio e textos. Música, White Horse e anotações. Desenhos antes de dormir.

Papa Bourguignon ataca novamente (versão Código Morse)

Acordo mais cedo. Café reforçado e leitura de jornal. Tok&Stok para comprar os cavaletes. Almoço no self-service da padaria. Tempo nublado e frio. Textos e leituras. Desenhos. Ducha morna. Televisão. Show dos Paralamas com amigos na Barra. Japonês no Leblon. Esfomeados. Muitas piadas e muito frio. Cama

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Resenha do show dos Paralamas do Sucesso no Citibank Hall (Pitboyland, 22 de agosto de 2009)

O capitalismo venceu, e esta é um fato que poucos poderiam refutar.
Tomem, como exemplo, esse shopping na Barra da Tijuca, em Pitboyland: centenas de lojas, uma praça de alimentação para glutão nenhum botar defeito, cinemas, jogos para crianças, segurança decente, estacionamento organizado, e até uma casa de shows em seu interior. O Citibank Hall não é nenhuma novidade. Mesmo tendo mudado de nome várias vezes, a estrutura é a mesma. E foi nela que os Paralamas do Sucesso se apresentaram no último dia 22 de agosto para divulgar seu novo álbum, "Brasil Afora".
Eu já havia assistido a dois shows da banda; um em Brasília (quando) e outro, durante uma aparição-surpresa em um show dos Titãs, no saudoso Imperator, localizado no bairro do Méier, em Pitboyland. Ambos os shows se deram antes do acidente que quase matou o vocalista Herbert Vianna. De lá pra cá, muita água passou por este rio. Medos, dúvidas, projetos paralelos e a volta por cima de forma decente, sem o alarde de uma dessas reuniões que permeiam a indústria musical (este que vos escreve é fã de The Who, mas nem por isso desconhece as verdadeiras razões de reuniões da banda nas últimas três décadas...).
Escrever sobre os Paralamas é chover no molhado. Músicos calejados, Vianna, Bi Ribeiro e João Barone – além do tecladista e da dupla de metais que o acompanham nesta turnê – não precisam de mais aplausos e reconhecimento. São ótimos instrumentistas e já garantiram seus lugares no panteão da música – e principalmente do rock – tupiniquim. Mas certos pontos acerca do show no Citibank Hall deveriam ser frisados:

1) A casa de shows é boa para um show do Charles Aznavour ou de um Julio Iglesias, mas certamente não condiz com as prioridades do público de uma banda de rock. O "Fosso" em frente ao palco foi basicamente recheado de mesas nas quais um público mais velho (e quando digo "velho", é gente a partir de 60 pra cima, que não pensa duas vezes antes de tirar uma soneca no meio do show...) e com mais "posses" pediam baldes de cerveja, uísques e petiscos cujos preços não raro me fariam ter um ataque de taquicardia antes de soltar um monólogo Orwelliano.
2) Lá pelas tantas, após agradecer o "carinho" da platéia, o baterista João Barone brincou, dando a entender que estava do lado daqueles que permaneciam na área do triste populacho, localizado atrás de grades e longe do palco. Bonitinho, mas é o tipo de coisa que não convence quando você tem de pagar o conserto e a restauração da tua coleção de jipes da Segunda Guerra Mundial. Hence: galera do champanhe situada no "Fosso".
3) Alguém deveria surrar o diretor de palco e o responsável pelo cenário. Baterista NUNCA fica em um dos lados. Baterista e seu kit ficam no meio, atrás do vocalista. E o que era aquela cortina multicolorida ao fundo?! Quase achei que estava no show do Chico César ou da Daniela Mercury...
4) Por mais que a Galera do Fosso tivesse de ser decapitada em praça pública (menos eu, é claro, pois fui convidado...), ela tem direito a uma última dança e nunca deve ter a atenção chamada pelo dito "segurança oriundo do Planeta Armário" cada vez que bebe além da conta e levanta da cadeira para sacudir o esqueleto. Para maiores defesas da dança como forma de relação social, vide os derradeiros 20 minutos do filme "Footloose", de 1984.
5) Exatamente por se tratar de gente endinheirada, a Galera do Fosso nem sempre responde ao apelos de uma banda de rock. Assim, quando, no meio de uma canção – acho que era "Selvagem" ou "Cinema Mudo" –, Herbert Vianna pára tudo e lança aquele manjado "...agora vocês...", não é de se indignar que, ao invés de um coro de empresário e suas esposas/amantes, o único som que ele receba em troca seja a de uma rolha de champanhe Veuve Cliquot ou Bollinger pipocando em meio a um silêncio perturbador.
6) Eu nunca entendi por que diabos organizações mundiais não utilizam o mesmo sistema de segurança (três inspeções de ingressos, baculejo de praxe, pulseirinha rosa para ir ao banheiro, etc.) usados em shows de rock. Estou certo de que atentados terroristas não ocorreriam mais com tanta freqüência.
7) Era REALMENTE necessário tocar um cover do Los Hermanos? Por que não se ater aos clássicos dois covers do Titãs?

Isso dito, a noite foi agradável. Um friozinho bacana, amigos, bom papo e cerveja. Acabo de saber que, em novembro, o Faith No More vai tocar na mesma casa de espetáculos. Só que desta vez, espero, sem o temível "Fosso".