quarta-feira, 27 de julho de 2011

Constelação de Quinta


Sim, caros e raros leitores. Este vosso humilde escriba assistiu a alguns capítulos do folhetim "O Astro", produzido e dirigido pelo núcleo de Roberto Talma. Até o presente momento, não sei se aquilo é um estilo gonzo, um estilo ousado ou apenas uma bagunça no horário das 23 horas.

Vimos os peitos - ou a ausência de peitos - de Guilhermina Guinle. Vimos os peitos de Carolina Ferraz em uma cena embalada por Lionel Ritchie. Vimos um pelado na festa promovida pelo pai dono de supermercados (Daniel Filho, estranho...). Vimos uma Aline Moraes de 7 metros (9 metros com o salto alto...) com lábios inchados à la Jagger.

Vimos o retorno de uma Mila Moreira (dançando, do nada, na chuva com Reginaldo Faria. Bizarro...). Vimos uma cena num restaurante em torno de uma mesa no melhor estilo Jedi (quem diabos esquece um celular daquele tamanho numa mesa vazia?...). Vimos um croma-key capenga, numa cena em que a tela verde simplesmente descolava da parede.

E - crème de la crème - vimos uma Regina Duarte bêbada, péssima, com seus berros roucos que fariam este vosso súdito acabar com a coisa toda na base do tiro de escopeta.

Pois bem. Eu nao sei a que veio esse "Astro". Entre um Francisco Cuoco interpretando um Yoda de gola rulê e um Rodrigo Lombardi fazendo as vezes de mágico-místico-guru apaixonado por um saco de ossos chamado Carolina Ferraz, eu ainda prefiro passar a noite na frente do TLC HD, no alegre Méier, suspirando pelas casas ecológicas e esperando o dia em que a televisão tupiniquim será sinônimo de aprendizado.

A Pitboyland Film

Prezado Monsieur Jaru,

uma perigosa névoa que paira sobre a já impiedosa Pitboyland me fez escrever esta curta missiva.
A censura fincou sua bandeira na colina da sétima arte e agora querem proibir a exibição do polêmico "A Serbian Film" sob a alegação de que contém cenas de necrofilia, violência e estupro de menores (inclusive o de um recém-nascido). No Velho Continente, o mesmo filme também sofreu fortes críticas e foi alvo de protestos por parte de gente que queria a cabeça do diretor Srdjan Spasojevic e a queima de todas as cópias. falou-se até em snuff movie, veja vosmicê.

Na ensolarada Pitboyland, contudo, a onda de perplexidade e proibições veio da parte de gente que...não assistiu ao filme. Isso mesmo, caro monsieur. São políticos, juízes, oficiais de justiça e demais figuraças que sequer viram ou analisaram o polêmico conteúdo. Isto é preconceito ou estou errado?

Convenhamos: "A Serbian Film" é um soco no estômago. Pior: é uma série de socos no estômago seguida de uma série de pauladas no crânio. Na tal cena do estupro do recém-nascido, confesso que minha vontade era de desligar o todo e pular da janela, tamanho o asco ante tão degenerada raça humana. Mas fui até o final, e olha que o final não é menos, digamos, nauseante.

Li, nos jornais, comparações com os famosos casos de "Je Vous Salue, Marie", "Saló" e "Laranja Mecânica", mas nada que fizesse minha sobrancelha levantar. Aqui, proibiram o filme sérvio no RioFan (festival de filme fantástico) e no Cine Odéon. A parte bizarra de toda esse história, entretanto, veio da parte da dupla César Maia e Rodrigo Maia, respectivamente pai e filho, que, em nome do DEM, iniciaram uma espécie de mini-cruzada (tipo Beto Carrero mas sem sorrisos) em nome da família, da moral e dos tais bons costumes. Cá pra nós, coisa de morador de Copacabana.

De minha parte, monsieur, findo o filme - que baixei da internet -, joguei o DVD entre um monte de outros de menor importância. Não gostei do filme, mas assisti ao mesmo. Da mesma maneira que assisti ao Avatar e não gostei, ou ao "Eyes Wide Shut" e achei um negócio débil mental pontilhado por uma trilha sonora pra boi dormir.

Ai, ai, monsieur. É isso. Vendo a tal mini-cruzada passar sem maiores desdobramentos (afora os óbvios, que são a censura latente e a hipocrisia por parte de gente que realmente não se enxerga...), me depeço com o maior dos abraços fraternais, na esperança de, um dia, tê-lo à mesa para um chopp e um pastel de carne.

Sem mais delongas,
Au revoir.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um Oceano de Advertências


Amy Winehouse morreu fazendo o que mais gostava de fazer.

Tal frase, caro e raro leitor, pode parecer egoísta, sensacionalista e vergonhosa, mas é a frase que, na minha humilde opinião, resume o episódio final protagonizado pela cantora britânica. Sequer perdi meu tempo ouvindo o comentário de Nelson "Hervé Villechaise Tupiniquim" Motta a respeito da falecida. Pois Amy Winehouse cantava tão bem quanto uma Norah Jones, uma Joss Stone, uma Fiona Apple, ou quanto qualquer outra das dezenas de vozes femininas que a indústria teimou em encaixar no milionário filão das "divas do soul dos anos 2000", utilizando a mesma "técnica" empregada em Mariahs Careys e célines Dions de outras décadas.

Com Winehouse, a tragédia também foi combustível para o lucro. Relacionamentos com junkies de carteirinha, inúteis internações, acessos de fúria ("pressão da imprensa"? Please...), crises de abstinência, e demais demonstrações de um desequilíbrio que não demorou muito para literalmente subir aos palcos.

Drogas custam dinheiro, e Winehouse tinha dinheiro graças à venda de seus discos e aos cachês de seus shows (aqueles que não foram cancelados, é claro...). Ninguém é inocente nessa história, tampouco os milhares de fãs. Como é de praxe em mortes súbitas de artistas, as teorias da conspiração afloram; uma delas coloca o óbito de Winehouse no mesmo plano de um Kurt Cobain ou de um Michael Jackson, cuja morte apenas aumentaram o lucro de empresários (sim, o pai e empresário de Winehouse estava nos EUA na hora da morte de sua filha...álibi perfeito, dirão alguns...).

No frigir dos ovos, Amy Winehouse é apenas mais uma matéria de jornal e revista, que, com o passar das edições, vai diminuir de tamanho, terminar em algum show-tributo, até virar peça de colecionador ou nome em listas da Rolling Stone. "Mais uma com 27 anos que morre de overdose, bá, blá, blá...".

Enquanto isso, na agora explosiva Noruega, chega-se à conclusão de que o louraço belzebú era mesmo um caubói nazista bom no gatilho que queria beber vinho e "confabular" com prostiranhas antes de mandar tudo e todos pelos ares.

E era filho de diplomata...