quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Prêmio Kaspar Hauser de Qualquer Coisa 2009

Melhores Filmes: "Bastardos Inglórios", "The Hurt Locker" e "Busca Implacável" ("Taken").
Melhores Shows: AC/DC (no Morumbi) e Heaven&Hell (Nilson Nelson de Hardcore Brasília).
Melhors Bares: Beirute (Asa Norte), Empório (Ipanema), Belmonte (Leblon) e Joaquina (Cobal do Humaitá).
Melhores Restaurantes: Gula Gula (Ipanema) e Aconchego Carioca (Praça da Bandeira).
Melhores Livros: "Easy Riders, Raging Bulls" (de Peter Biskind) e "The Proud Highway" (de Hunter S. Thompson).
Maiores Perdas para a Humanidade: Lux Interior (do The Cramps), Marilyn Chambers (atriz pornô), Clodovil, Lombardi e o Demônio Azulado, vendido por 13.500 mangos.
Melhor Casamento: Dan e Lorena (em maio).
Melhor Aquisição: o ingresso para o show do AC/DC (valeu, Dan!), por 228 mangos.
Melhor História em Quadrinhos: edição original em espanhol do Torpedo (de Bernet e Abulí).
Melhor Viagem: Pitboyland (julho) e São Paulo (novembro).
Melhor Fato Ridículo: qualquer um que envolva um político tupiniquim, especialmente se ele se chama Arruda ou Paulo Otávio.
Melhor Decisão: voltar para Pitboyland e passar a votar nulo.
Melhor Mentira: a morte do Michael Jackson (que virou Latoya Jackson...).
Melhor Momento Justiça Cega: o relacionamento de Marcelo Camelo e Malú Magalhães...
Melhor Fato Bizarro: David Carradine entrando no armário.
Melhor Salgadinho: Esfirra (Bar 20, Ipanema).
Melhor Refeição Consumida Escondida: suco de manga e misto-quente no pão integral, no Natural e Sabor, em Ipanema.
Melhores Frases: "Ôoooo!!!" (Débora); "Tararararararara..." (primeiros versos de "Thunderstruck", por Pierre e Dan, em São Paulo...).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Let's face It, Brother...


Sem café nesta casa, sou alvo fácil para qualquer Morfeu...


Noite Tal

Pseudoecho definitivamente não era a melhor opção para aquela noite de sexta. The Cult, acompanhado de algumas doses de Stoli, se encarregava do trabalho direitinho, e eu sequer tinha que me preocupar com uma ressaca na manhã seguinte. Meu irmão e sua banda estavam bebendo no Empório. Eu disse que talvez fosse encontrá-los mais tarde, mas acabei ficando em casa. Não queria gastar grana, e duvidava que certas pessoas me ligariam como prometido.
A coisa toda parecia uma daquelas cenas de duelo em filmes de faroeste. De um lado, um Gary Cooper usando Levi’s, Hering e Doc Martens. Do outro, um Jack Palance trajando Ellus da cabeça aos pés. No meio, uma Grace Kelly, mas admito que um engradado de Original já estaria de bom tamanho.
Entre ir ao Empório e permanecer em casa, pouco estava em jogo. Até queria jogar com a sorte e ver se encontraria algum rosto conhecido, mas certamente não queria perder meu tempo com decepções de uma noite regada a chopp. Ficar em casa, entretanto, era o de sempre: som, palavras, álcool em quantidade moderada, possibilidade de filme antigo, Tiparillo, amendoim, (ou Doritos, ou Ruffles...), pensamentos estranhos, e cama ao som de MEC FM. Culpa e arrependimento não estavam no cardápio do dia. Assim, senhoras e senhores, a única coisa que podia ser afirmada com pétrea convicção era o seguinte: Ian Astbury e companhia podiam ter tropeçado como qualquer ser vivo ao longo da carreira, mas ainda cantavam e tocavam para CA-RA-LHO.

Homem-Máquina

Os dois sujeitos chegaram na manhã de uma segunda, quando eu ainda estava de ressaca. Vieram limpar os aparelhos de ar-condicionado e consertar a máquina de lavar. Um era negro e aparentava ter não mais de 50 anos. Seu ajudante era mais jovem, branco, musculoso e caladão. Eles desaparafusaram dois aparelhos e os levaram para a garagem, onde seriam limpos. Então o negro voltou e começou a mexer na máquina de lavar.
Com a cabeça latejando e uma grande vontade de jogar tudo para o alto, eu ofereci café. Ele aceitou, sem tirar a cabeça de dentro do emaranhado de fios da máquina.
Enquanto a cafeteira pipocava, quente, eu tentava lembrar de algo da noite anterior, mas apenas algumas palavras vinham à tona: convite, futebol, banho, transa, mais cerveja, barulho, cigarro, risos e sorrisos, cerveja mais gelada, gargalhadas e caras feias, turbilhão luminoso, temporal sonoro, chave errada, transa número dois, escuro. Na área de serviço, contudo, as frases do negão quarentão eletricista pareciam obedecer a um princípio de ordem ímpar:
"Eu tava louco pra tomar um cafezinho, sabe? Tomar um cafezinho bem quente e com açucar, e depois fumar um cigarro. Ou até dois, sabe?"
Engolido na complexa mecânica da máquina, ele arfava e limpava o suor da testa, limpando o mesmo na camiseta de surfista ou no jeans folgado.
"Tem gente que não gosta. Diz que café faz mal, que cigarro faz mal. Eu gosto dos dois, sabe? Café E cigarro. Gosto mais de café, bem quente e com açucar. Mas também gosto de um cigarrinho, sabe?"
Talvez eu soubesse, mas dificilmente atingiria um nível de paixão e disciplina como o seu. Fiquei olhando para o nada enquanto ele terminava o serviço. ele desceu até a garagem inúmeras vezes para verificar a limpeza do ar-condicionado e, imagino, fumar um cigarro. Eu logo percebi que meu dia estava perdido, e só melhoraria com o pôr-do-sol, momento durante o qual eu decidiria se sairia para beber uma cerveja ou ficaria em casa escrevendo, ouvindo música e assistindo a alguma reprise.

Uma Questão de Tamanho

Somos todos pombos crescidos em uma cidade grande qualquer. Somos pombos crescidos, acrescidos, brancos, negros, pardos e índios. Pombos que nasceram em berço de ouro, berço de maternidade ou nos imigrantes arrotos dos vários nordestes de um país. Nos bicamos, afoitos e ziguezagueando, por entre as cadeiras e lixeiras de uma lanchonete qualquer. Cansados e nervosos, respondemos aos instintos mais vis, baixos e alienantes, vivendo de migalhas e de nós mesmos.
Somos todos pombos crescidos, arfando em silêncio entre uma tempestade e uma comemoração inútil. Ingerimos restos aqui, deglutimos ódio e dúvida acolá.
Somos pombos crescidos, e sem razão.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Modus Operandi: Paella Nocturnis

Quando me olhei no espelho naquela manhã, percebi que estava com a cara do Cat Stevens, ou sei-lá-qual-o-nome-que-o-sujeito-tem-atualmente. Barba grande, óculos de nerd, feições de coitado que oferece a outra face ao invés de revidar. Fui até a cozinha, me servi de café preto e sentei na cama para refletir sobre a noite anterior.
Estava em um ônibus em direção ao Leme. Vi uma banda do exército tocar hinos ufanistas em uma praça de Ipanema enquanto um mendigo dançava alegremente na frente de múmias saudosistas do regime militar. Também vi uma freira ser presa por dois guardas municipais em Copacabana e ser acusada de roubo em uma padaria.
O restaurante, localizado em uma longa rua do Leme, era conhecido por sua comida espanhola e pela qualidade de seus frutos do mar. Os garçons eram atenciosos, mesmo se desvencilhando de tudo e de todos no apertado espaço dos corredores entre as mesas. Eu estava dividindo uma paella com arroz de açafrão com minha ex-esposa, e bebendo meia-garrafa de um vinho tinto decente, quando o casal se acomodou na mesa ao lado. O homem falava espanhol, era alto, ruivo, e devia ter uns 40 ou 50 anos. A moça tinha metade disso, era natural de Niterói, e falava o necessário acompanhado de um leve e tímido sorriso. Ambos vestiam bermudas, e pediram o polvo à Espanhola.
Lá pelas tantas, eu e minha ex-esposa começamos a falar de família, e não demorou muito para que eu começasse a baixar a lenha de sempre na minha: de como faziam as mesmas perguntas, de como se esqueciam dessas mesmas perguntas em menos de uma semana, de como contavam piadas racistas e sem graça, de como enchiam meu saco com essa história de concurso público, estabilidade e aposentadoria garantida. Concluímos que, da próxima vez que fosse convidado para um almoço de família, eu empregaria as mesmas "técnicas" a que sou submetido. Esqueceria o nome dos primos, perguntaria se eles ainda têm a casa em Teresópolis (é claro que têm...), ou se o filho de minha prima ainda estava no maternal (mesmo se ele estivesse com 8 ou 10 anos...).
Logo logo minha família me consideraria um jovem senil, "persona non grata" e provável usuário de drogas alucinógenas pesadas. Daí para não ser mais convidado para almoços em família seria um passo digno de Neil Armstrong.
Era um belo plano.

Baixas o Sarrafo, ô pá...

"Veia de Lutador" ("Fighting" – 2008), de Dito Montiel, é um filme bizarro, que beira, de modo irregular, o belo, o caótico e o débil. Centrada no tema da luta de rua, clandestina e rentável, a trama expõe parcelas da hipocrisia e da coragem nova-iorquinas, mas falha em não desenvolver certos personagens. O jovem Channing Tatum, ex-modelo de cuecas da Calvin Klein, está bem e certamente não é "mais um ator sexy com um rostinho bonito". Outros protagonistas, entretanto, parecem tímidos, tais como Terrence Howard, Zulay Henao e o excelente Luis Guzmán; o que só aumenta a impressão de que o filme termina rápido demais, com inúmeras questões mal resolvidas.
Apesar de lembrar o filme "Lutador de Rua" (com Charles Bronson e James Coburn), "Veia de Lutador" "destoa" no sentido de cambalear entre um drama à la Sessão da Tarde (mal desenvolvido...) e uma fábula asfaltada (muito mal desenvolvida...). Vale pelos socos.

Essa, nem Beyoncé salva...

As imagens exibindo o pagamento de propinas no governo de José Roberto Arruda trouxeram à tona mais un escândalo envolvendo políticos bem posicionados. No que diz respeito ao próprio governador Arruda, esse filme você já viu. Depois da violação do painel eletrônico do Senado, Arruda agora ataca de distribuidor de panetones para os carentes.
Você, caro leitor, deve estar se preocupado com os desdobramentos desse caso que, mais uma vez, apenas expõe as fétidas entranhas da política tupiniquim e reforça a idéia de que essa corja insalubre eleita pela massa alienada estaria bem melhor sob sete – ou mais – palmos de terra. Vai ser enxotado do GDF? Vai renunciar para não perder os direitos políticos? Vai levar Paulo Otávio e companhia com ele? Vai se livrar de fininho? Vai denunciar outros peixes graúdos? No calor do momento, este vosso humilde escriba e sumo-representante de Hardcore Brasília em Pitboyland quer mais é que todos os envolvidos sejam enviados imediatamente para a alegre Somália dentro de panetones gigantes endereçados a rebeldes consumidores de cocaína adulterada e armados até os dentes. Pau neles, ad aeternum!!!
O fato, entretanto, é que Hardcore Brasília completa 50 aninhos em 2010. E o que era para ser uma festa de arromba simplesmente esvaziou antes mesmo de imprimirem os convites. Sir Paul se livrou de uma a tempo. Madonna também. Resta saber quem, no frigir dos panetones, vai dar as caras no dia 21 de abril. U2 ou Beyoncé? Zézé di Camargou & Luciano ou Chiclete com Banana e Ivete Sangalo? Pelo andar da carruagem, a festa foi pras brebas. Não vai ter, e ponto final. Nada de comemoração, e, se bobear, alguém vai fazer o favor de apedrejar aquele relógio que está fazendo a contagem regressiva para o 21 de abril. Algo me diz que caí fora num timing para inglês nenhum botar defeito. Talvez.
Minhas fontes – que elas mesmas bebem nas fontes do Beirute da Asa Norte – relatam que reuniões já estão sendo organizadas com a finalidade de transformar o 21 de abril do ano que vem em Marcha do Rolo Compressor. Algo do tipo "Dia da Bastilha com vendedor de cachorro-quente e picolé", mas com um final não menos radical. Coisa pavorosa mesmo. Dizem estas fontes, entre uma Original e outra, que o episódio da Câmara Legislativa vai ficar no chinelo. Pobre Hardcore Brasília.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um Viking no melhor dos infernos


E Deus olhou o anjo e proclamou: "...não esqueça de levar os ingressos do show do AC/DC para aquele jornalista desempregado de Pitboyland...". E assim foi. Pois o anjo, em toda sua glória, desceu dos céus e, carregando o valioso envelope nas mãos, bateu suas longas asinhas até a malfadada e litorânea metrópole.
A saga deste vosso humilde escriba no que concerne à única apresentação do AC/DC em território tupiniquim começou em outubro, quando sites oficiais, agências de notícias e redes de boatos anunciaram a data do show. Conseguir um ingresso em meio a um Maelström de ansiedade, desilusão, incompetência, resignação, euforia e esperança, talvez só possa ser comparado à jornada de Burton ao encontro das nascentes do Nilo, no coração da África Negra.
Falemos sério, caro e raro leitor: eu sou fã de AC/DC. Conquistei tal status aos 13 anos de idade, ao ouvir os primeiros acordes de "Who Made Who" e assistir a uma exibição da coletânea de vídeos "Fly on the Wall’, exibida pela finada TV Capital, de Hardcore Brasília (à época, Angus Young e companhia tinham acabado de se apresentar no Rock in Rio...). Foi paixão à primeira vista e à primeira audição. Desde então, não existe alma viva neste planeta que saia impune de uma conversa caso fale mal da banda na minha frente. Uns chamam isso de radicalismo. Eu chamo isso de conhecimento amealhado ao longo de décadas.
Afora as questões do jabá – sempre presente nos artigos publicados pelas principais revistas nacionais – e do favor – sempre em alta nos encontros entre produtores e "formadores de opinião" –, foi óbvia a desorganização perpetrada semanas antes da vinda do grupo. Uma única apresentação em um país de dimensões continentais?! Três apresentações seguidas em Buenos Aires?! Que diabos foi aquilo?! Qual seria a próxima grande idéia? Organizar uma reunião do Led Zeppelin no Acre ao meio-dia em ponto? Beirou o acinte. Ainda mais quando, vez ou outra, surgia um artigo duvidoso em alguma página virtual de notícias tecendo louvas e mais louvas ao...palco sobre o qual o AC/DC se apresentaria. "O palco do AC/DC vai ser maior que o palco da Madonna...". Ui, santa. Em alguns dos meus pesadelos mais vis, eu já podia me ver na arquibancada ao lado de um Eike Batista ou de uma Hebe Camargo (faltou pouco, pois fiquei na frente de ninguém mais ninguém menos que Lindberg Farias, o "Bonitão de Nova Iguaçu"...). Puro e sólido medo, daqueles de te fazer acordar empapado de suor, e tremendo feito vara verde.
Debilidades e fuxicos à parte, penamos para conseguir um ingresso. Digo "penamos" pois não fui o único fã tupiniquim que tinha todo o direito de assistir àquele que muitos acreditavam – e ainda acreditam – ser a última turnê da banda (crença reforçada por diversos fatos que diziam respeito principalmente a Brian Johnson e Phil Rudd...). Ingressos esgotados nas duas primeiras horas em que a Ticketmaster iniciou as vendas. Ingressos – 200!!! – achados por um morador de rua em uma lata de lixo no bairro paulista de Pinheiros, e distribuídos pelo mesmo no semáforo como se fossem panfletos. Novo lote de 1200 ingressos esgotados em meia-hora. Era um inferno; o que não deixava de ser irônico quando surgiu um novo boato, dessa vez dando conta de que a Igreja Universal havia comprado a maior parte dos ingressos e queimado tudo em uma sessão simbólica de exorcismo. Em matéria de boato, o público estava bem servido:
Boato1) para compensar o público brasileiro, o AC/DC gravaria o DVD oficial da turnê durante a apresentação no Morumbi.
Boato 2) para tristeza do mesmo público, a banda gravaria o mesmo DVD em Buenos Aires.
Boato 3) após a salva de tiros de canhão, o grupo voltaria para tocar "Ride On" ou "Jailbreak".
Boato 4) o presidente Lula e a ministra Dylma subiriam ao palco e cantariam "Dog Eat Dog".
Boato 5) a banda voltaria para mais duas paresentações em 2010 (Rio e Brasília).
Boato 6) Angus e Brian seriam recebidos no Palácio do Planalto.
Boato 7) durante a execução de "Back in Black", hackers evangélicos provocariam um novo apagão em escala nacional.
Enfim, bizarro. E nada de ingresso até aí. Este vosso humilde escriba já perdera a esperança, vestira o manto da resignação e definhava só de pensar que perderia a chance de assistir à melhor banda de rock de todos os tempos. "Não vou, e sequer estou nervoso", repetia eu, enfurnado no meu quarto dilacerado pela canícula que imperava em Pitboyland. Me via na posição de condenado à morte, prestes a ser executado, e apenas desejando que tudo fosse feito de modo rápido e indolor, sem maiores discussões e arrependimentos.
No entanto, caro leitor, eis que surge em cena O telefonema. Era um terça-feira, e eu já estava de saída para o ponto de ônibus, onde tomaria o 157 de praxe em direção à PUC. O celular tocou. Era meu amigo "Smoking" Dan.
"Eu liguei para um amigo, que ligou pro amigo dele, que ligou para sicrano, que é casado com fulana, e ela disse que vai arranjar quatro ingressos...Vamos?..."
Houve um curto silêncio, que pareceu durar séculos. Estava eu titubeando? Incrédulo e ranzinza, responderia eu com um "não" sonoro e covarde? Havia eu deixado meus cojones em alguma lata de leite no fundo de algum armário empoeirado? Pelos Céus, homem, faça alguma coisa!!!
"Sim, claro...", respondi, como se estivesse pedindo queijo extra no meu cheeseburger.
A partir daí, foi uma sucessão de momentos apressados, correrias, arrumações de mala, compra de passagens e esquemas dúbios. Na rodoviária de Pitboyland, comprei a Rolling Stone da Aline Moraes (também conhecida no bas-fond como "Boquinha de Radar"...), uma barra de chocolate, comi um misto e tomei duas cervejas. Embarquei para São Paulo num ônibus-leito às 23:45 e desabei no sono. Cheguei à megalópole às seis da matina, tomei um táxi e encontrei "Smokin" Dan em Pinheiros. Tomamos um café reforçado com nosso amigo "Little Devil" Pierre e passeamos pelo bairro japonês da Liberdade. Voltamos pra casa, descansamos duas horas e pegamos um táxi até o Estádio do Morumbi. Foi uma peregrinação, com um taxista que simplesmente não entendia porra alguma do que estava acontecendo. Aos poucos, o mar de camisetas negras vestidas por fãs encobriu o asfalto. Setenta mil pessoas aguardavam o começo do show, ora berrando, ora comprando camisetas, ora enchendo o saco, ora imóveis, bebendo uma cerveja. Bebemos três, compramos camiseta, pegamos uma chuvarada torrencial, assistimos a vários começos de tumulto, e entramos no estádio. 70000 almas esperavam, ansiosas, o relógio dar 21:30. Ninguém queria ver a abertura com o Nasi cantando covers. 70000 malucos afoitos e com seus chifres piscando. 70000 sortudos que contariam cada detalhe daquela noite para amigos, inimigos, amantes, esposas, filhos, netos, bisnetos e padres. Em um dos banheiros masculinos, todos se apressavam em urinar cervejas e refrigerantes para não perder a hora. Olas e mais olas cruzavam as arquibancadas enquanto a pista apinhada pedia a entrada da banda.
21:30. As luzes se apagam. Começa o desenho animado de abertura, no melhor estilo "japonês tarado". Explosões. Uma infernal e maciça locomotiva emerge dos bastidores. Em meio a urros de prazer e emoção, os primeiros acordes de "Rock’n’Roll Train" anunciam os 150 minutos mais aguardados de 2009. "Hell ain’t a Bad Place to Be" (com essa banda, nunca será...). "Back in Black" (nada de apagão...). "Dirty Deeds...", "Big Jack", "Shot Down in Flames", "Dog Eat Dog", "Black Ice", "Thunderstruck", "The Jack" (hora do striptease...), "Hells Bells", "Shoot to Thrill", "War Machine" (com direito a animação bélica...), "You Shook Me All Night Long" (com mulheres da platéia aparecendo na hora do refrão...), "T.N.T.", "Whole Lotta Rosie", "Let There Be Rock" (Angus Young tem 54 anos e consegue fazer tudo aquilo há 36 anos...), "Highway to Hell" e "For Those About to Rock". Acabou? Não. Teve uma saraivada de fogos de artifício, mas não teve repeteco.
No começo da apresentação, achei que a voz do Brian Johnson estava meio fraca e atrasada, mas não demorou para ele conseguisse encontrar um meio-termo decente. Os técnicos estão de parabéns: foi impecável e valeu cada centavo dos 220 mangos que paguei (fora despesas com ônibus, táxi, avião, alimentação, presentes, lembranças e cerveja). Aliás, valeu Dan e Pierre! Mesmo com o cansaço, o caos na saída, as quase duas horas em busca de um táxi, a noite foi um verdadeiro trabalho de profissional.
Vai ter mais um? A pergunta fica no ar. Com o AC/DC, cada ano é uma surpresa, e você nem se dá conta quando eles saem dos respectivos limbos. Alguns dizem que mais um álbum de estúdio seria tarefa pouco provável de ser realizada; e mesmo se fosse, só veria a luz do dia em cinco ou dez anos. Brian Johnson septuagenário berrando em 12 faixas? Muito pouco provável; menos ainda quando se sabe que ele já mexeu os pauzinhos para garantir a aposentadoria por outros meios que não a música (i.e. produção de séries para TV e corridas de stock car, na qual seu filho dirige...).
Pelo que vimos durante o solo de Angus, entretanto, tem energia ali para colocar qualquer coelhinho da Duracell no chinelo.
Resumindo: quem viu, viu; quem não viu...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"APAGÃO" (parte 2)

Cansado por não falar.
Cansado por não ouvir.
Cansado por ler muito.
Cansado por esperar uma brisa.
Cansado por assistir a falsas esperanças.
Cansado por estar calor.
Cansado por verdadeiras noites escuras.
Cansado por estar sem imaginação.
Cansado por pequenas chamas.
Cansado por um céu sem nuvens.
Cansado pela ausência de trovoadas e relâmpagos.
Cansado pela falta de rumo.
Cansado por tumultos imóveis.
Cansado por reclamações nunca atendidas.
Cansado por suar tardiamente.
Cansado por desespero.
Cansado por danos morais.
Cansado por isso e aquilo.
Cansado por falta de TV.
Cansado por falta de te ver.
Cansado por quem não tem.
Cansado por quem tem.
Cansado por não ter tido.
Cansado e só.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Suando um Mar Morto em Lupanares Alheios

O dia – a derradeira Sexta-Feira 13 do ano – começou com dois filhotes de cambaxirra adentrando a sala do apartamento e só saindo após a intervenção do zelador Batista. Findo o café-da-manhã, eu ainda estava de mau-humor e assaz ansioso. Apesar da chuva dos dois dias anteriores, o calor teimava em abraçar Pitboyland como se não houvesse amanhã. Minha camiseta do Rocket From the Crypt fedia a amônia e eu simplesmente não sabia por onde começar para agüentar o resto do dia.
Afirmar que o calor estava insuportável beirava um certo analfabetismo de minha parte, uma vez que o mero trabalho de raciocinar e achar uma expressão melhor para descrever a mortal canícula me cansava a ponto de eu pedir clemência aos céus a cada dez minutos e rezar para que uma princesa encantada entrasse pela janela do meu quarto carregando um engradado repleto de cerveja Original gelada e picolés de limão e uva. Como já disse, e faço questão de repetir, estava muito quente. A manhã, a tarde, a noite, a madrugada: todas reféns da mesma temperatura alta e do mesmo ar abafado.
Na televisão, a situação não era mais amena: a gatinha de boca grande, lábios carnudos e olhar de piromaníaca estava muito mal, enfurnada em algum hospital jordaniano seis estrelas irreal. Havia sofrido um terrível acidente no deserto e corria o risco de ficar tetraplégica, além de ser rejeitada pelo galã-guia-turístico-vagabundo interpretado por Thiago "Amore Mio" Lacerda. Era a arte imitando a vida após comprar um DVD pirata do Marcel Marceau na feira de Acari.
Enquanto isso, volto a repetir, Pitboyland continuava um verdadeiro forno microondas. Meu almoço foi pesado: carne vermelha com macarrão e saladas variadas, o todo seguido de duas xícaras de café. Entra a notícia sobre o leilão das bugigangas do Madoff e os berros xiitas por parte de torcedores do Vasco, me enfurnei – era o caso – no meu sacrossanto quarto e trabalhei um pouco. Não muito, para não desidratar e ser encontrado no dia seguinte, carcomido por formigas e passarinhos. Escrevi alguma coisa e teimei em praticar bateria em homenagem a Bon Scott.
Quando as oito badaladas soaram no alarme do telefone celular, me vesti apropriadamente e tomei o primeiro 157 em direção ao Humaitá. Passei uma hora ou mais em um engarrafamento na Lagoa, olhando para o chão metálico do ônibus e imaginando todo tipo de agrura que poderia ocorrer em tempos olímpicos e futebolísticos vindouros. Eu não tinha jeito de arauto do Apocalipse, mas bem que desejava que certos governantes de sorriso débil mudassem suas prioridades.
Saltei na Fonte da Saudade e bati na casa de um amigo. Juntos, fomos ao Joaquina da Cobal, onde tomamos uns chopps preliminares. Um pré-adolescente, filho de uma conhecida, parecia ter tomado doses cavalares de anfetamina junto com seu Sucrilhos matinal, e não parava de dar petelecos no meu amigo (mais tarde, soubemos, de fonte fida e digna, que o "problem child" cabeludo havia atacado um colega de escola sem razão aparente...A juventude...).
Após quatro ou cinco rodadas, pegamos um táxi com outra amiga, e rumamos para a Lapa.
Cada um tinha seu ingresso para assistir ao Festival Indie Rock na Fundição Progresso.
As ruas estava lotadas. Os bares, as boates e as casas de show também. Compramos mais algumas latas de cerveja e ficamos conversando por algum tempo do lado de fora. Havia de tudo: rastafaris, gente vestida de cigano, gente vestida de gente, gente vestida de gente, rockabillies, emos, indies, trogloditas, patricinhas, metaleiros, vendedores ambulantes, cambistas, mendigos, crianças e curiosos. Com algumas cervejas a mais no meu sistema corporal – também conhecido como "corpitcho" nas rodinhas de Medicina –, adentrei a Fundição e subi a escadaria até chegar ao bar. Mais cerveja. O lugar ainda não estava lotado, e nós descemos até a pista para assistir às duas últimas músicas da banda argentina El Mato a un Policia Motorizado, que até pode ter um vocalista-baixista decente, mas possui um estilo que ora lembra um Radiohead afetado, ora não lembra porra alguma.
No momento em que os galeses do Super Furry Animals entraram em cena, a platéia ainda era tímida. Não obstante a pouca quantidade de espectadores, a qualidade era das melhores. Este vosso escriba não conhecia o grupo, mas gostou do que viu e ouviu. Simpático, o grupo. Eles aparecem em uma cena do filme-delícia "9 Songs" ("Nove Canções" em tupiniquim moderno), pouco antes de mais uma cena quente (aliás, recomendo: veja o filme, lave as mãos e me conte o que achou...).
Passado o bom momento do SFA, intervalo. Cervejinha, papo recheado de besteira (algo sobre virilhas quentes, segundo consta...) e euforia exagerada (senão suspeita...). Alguém comprou uma camiseta feia, outro foi ao banheiro. Tudo ocorreu muito rápido. As pessoas queriam ir embora. Já passava das duas e meia da madrugada e os sujeitos do Gogol Bordello nem haviam dado as caras. Eu gosto de Gogol Bordello, mas não sou fã. A banda é decente, faz um som corajoso, mas se você conhece Mano Negra, vai perceber que já assistiu a esse filme dez ou vinte anos atrás.
Cheguei a assistir à entrada do grupo no palco e ao pula-pula do vocalista na primeira canção (sim, a pista esta abarrotada de gente e uma leve e suspeita nuvem pairava sobre a audiência...), mas me mandei logo em seguida. Mais um táxi, duas desovas e eu estava de volta ao meu bunker de jornalista desempregado. Eram quatro da matina.
Me despi, me lavei, liguei o ar-condicionado e armei o alarme para as oito.
Foi um ótimo dia. Mas se o seguinte começasse com outra dupla de pássaros, Pitboyland pagaria caro.

A Máquina Mole que invadiu Paris (e demais causos noturnos)

O baterista dá medo, mas toca bem. O tecladista tem cara de Joey Ramone recém-admitido em algum grupo anarquista italiano. O baixista é a versão nerd do Robert Trujillo. E a dupla responsável pelos metais (saxofone, clarinete e flauta) é, nos dizeres de uma amiga, o Pequeno Príncipe versão adulto.
O show da banda inglesa Soft Machine, gravado no Théatre de la Musique de Paris, na década de 1970, e dirigido por Claude Ventura, era parte do programa Pop 2, da TV francesa. Assisti ao registro em um festival de cinema de rock promovido por uma grife carioca no Estação Ipanema. Noite chuvosa, recém-saída de um apagão e não menos abafada que as noites anteriores. Munido de pipoca e Coca-Cola, sentei, com minha amiga, na sala quase vazia.
Eu havia confundido o Soft Machine com uma banda francesa chamada Magma. Não era nada disso, mas fez parte da mesma cena psicodélica européia. O Soft Machine lembra Smoke e Sun Ra, e tocava um tipo de fusion-jazz-rock, ou algo que o valha. Não é de todo ruim. Mas a menos que você não esteja no seu 57238o cigarro de maconha, ou no seu 25692o ácido, o efeito é meramente antropológico, quando não – é o presente caso – ilustrativo com vistas a alguns parágrafos engraçadinhos.
Quando o filme terminou, entramos em uma temakeria, mas o lugar tocava um reggae à la Shaba Ranks e o garçom tinha jeito de imbecil. Na mesa ao lado, uma moça conversava ao celular com a própria filha, e insistia em dizer que "mamãe" iria "fazer programa de adulto, filha". Entre um acepipe nipônico e outro, eu e minha amiga começamos a desenvolver um projeto de um livro para o público infantil, mas logo percebemos que nossos planos precisavam de mais trabalho.
"Nós podíamos lançar um livro que viria com um daqueles discos coloridos", eu sugeri. "Seria um LP compacto, com duas histórias curtas. Mas se você tocá-los de trás pra frente, você ouviria uma voz cavernosa dizendo algo do tipo ‘Bem-Vindos ao Tenebroso Mundo de Balzebú’, etc.".
Pedimos a conta e caminhamos até o carro.
Eu estava cansado e queria dormir.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Meu Estilo Político

Até o final desta semana, eu prometo publicar:

1) uma resenha do show do Super Furry Animals na Fundição Progresso;
2) uma resenha sobre o filme-concerto do Soft Machine em Paris na década de 1970;
3) um texto sobre as conseqüências do apagão da semana passada;
4) um perfil do novíssimo estilo "Geisy Dragão" de se vestir;
5) mais uma reclamação inútil sobre o calor infernal que tomou conta de Pitboyland;
6) um texto intitulado "O Homem-Devassa";
7) algumas coisinhas em outros blogs de minha autoria.

The Lacraia from Hell

Acredite, caro e raro leitor: algumas pessoas de Brasília têm culhões suficientes para vestir uma camiseta do Manowar (i.e. desenhos à la Conan, o Bárbaro...) em uma festa de música funk. Até o fechamento desta edição, não sabemos se essas mesmas pessoas foram linchadas...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fundo

Se a Petrobrás vem até onde eu estou, então ela realmente vai a mais de 6000 metros de profundidade; pois Pitboyland virou uma verdadeira sucursal do Inferno...

"APAGÃO"

"O que eu posso ver é a total escuridão..."
"Tem arenque defumado na geladeira..."
"Elena nasceu..."
"Pega a batata e o ovo. Tem ervilha também..."
"Um grande clarão vermelho..."
"Parece que foi hacker..."
"Evitem o consumo de água..."
"É o estádio do Morumbi..."
"E a Madonna, hein? Pelo menos tem o Jesus Luz (risos)..."
"Só subindo escada..."
"Eu tava sainda PUC quando..."
"O ministro vai falar com os jornalistas daqui a pouco..."
"São Paulo inteira, Rio de Janeiro inteira, Belo Horizonte, Curitiba..."
"Telefones fixos e celulares estão mudos..."
"Não abre a geladeira..."
"Itaipú, Furnas...só pode ser hacker..."
"Nem deu um prazo pra consertar..."
"Questões atmosféricas um caralho..."
"Informações conflitantes..."
"Mas essas torres não têm pára-raio?..."
"Vasco!!!..."
"Há três ou quatro horas..."
"O que é que Itaipú tem a ver com o meu celular?..."
"Preciso de mais gelo..."
"Se a Asa Sul ficou sem luz, não foi por causa de Itaipú ou Furnas..."
"Aproveitaram a escuridão e assaltaram..."
"Aparelhos de oxigênio..."
"Mulher morta..."
"Parcialmente às escuras..."
"Vela é melhor que lanterna..."
"Só ficam berrando..."
"Para as Olimpíadas, já viu, né?..."
"Um sorvetinho ia bem..."
"Enquanto isso, no Reino Encantado do Pré-Sal..."
"Depois da Hilda Furacão, vem aí a Dylma Apagão..."
"Mosquito viado!..."
"Tô pegando pelo celular..."
"Tava escutando o iPod, não ouvi nada..."
"Deve cair na prova do Enad..."
"É trágico..."
"Tem um certo romantismo..."
"A oposição vai se esbaldar no palanque..."
"Mais pizza..."
"Boa noite..."

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ars Tenebrae (II)


Funky Dietrich (Ars Tenebrae)


Ars Tenebrae (I)


Nota aos raros leitores

É o seguinte: cansei de postar (é o termo moderno...) as "versões Código Morse" diárias. Daqui pra frente, vou colocar as mesmas quando tiver vontade. Se quiserem que eu continue postando diariamente, enviem um milhão de Euros pra minha conta em Hardcore Brasília, aos cuidados de Papa Bourguignon. Caso contrário, so sorry...

Todo Peter Parker barbudo é um Macaco-Aranha em potencial (versão Código Morse)

Adivinha? Sol. Internet. Café. Zeca e Dani no jornal. Feira com a mãe. Textos, leituras e rádio. Almoço na padaria. Confusão com chave Papaiz. Mais rádio e arrumações. Recortes. Bateria e ducha fria. Telefonemas. Noticiário-porrada (Madonna vai adotar o débil mental do Sérgio Cabral...). Jantar deprê no Degrau. Textos, música clássica e leituras. Ar-condicionado. Sede. Cama às duas da manhã.

O passageiro que pediu desculpas ao motorista do 432 (versão Código Morse)

Mais sol e um calor infernal. Café e internet. Almoço em família, com as mesmas perguntas, a mesma encheção de saco e as mesmas respostas monossilábicas. Arroz de lula, macarrão à matriciana, salada, torta de maçã. Discussão sobre políticos brasileiros e diplomas. "Quando é que você vai arranjar uma carioquinha, hein? Hehehe..." (eu, definitivamente, não mereço esse tipo de pergunta de meados do século passado...). Exercícios e ducha fria. PUC e discussão sobre editores. Coca-Cola. Resto do almoço no jantar. "Apt Pupil" (já tenho...) e "Gonzo" (achei fraco, pesar do bom material de pesquisa...). Cama com ar-condicionado.

Meanwhile, behind that devilish façade (versão Código Morse)

Muito sol. Internet. Oftalmologista em Copacabana. Banco. Textos e arrumações. Almoço no Gula-Gula com os pais. Mais café e textos. Recortes, bateria e ducha fria. Televisão e jantar leve. Textos e leituras. Idéias e idéias. Cama cedo.

Lá no Morro da Jibóia, perto da Encruzilhada (versão Código Morse)

Muito sol. Café, internet e pesquisas. Banco e farmácia. Suco de manga e misto-quente. Leituras, textos e rádio. Projetos de flyers. Almoço em casa. Mais textos. Exercícios e ducha fria. Ônibus pra PUC: novos rostos na turma. Casa e sanduíche. "The 13th Warrior" (parece que o livro é melhor...). Calor desgraçado. Ar-condicionado. Cama.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dia das Bruxas em Botafogo

Por incrível que pareça, aceitei o convite e estava em dúvida. Simplesmente não sabia se ia de faxineira, de tirolês, de pirata ou de "jornalista inglês vitoriano desempregado no meio da África". Esta última "fantasia" era minha maneira de homenagear os saudosos desfiles de luxo do Hotel Glória, na década de 1980, durante os quais Clóvis Bornay, Jorge Laffond e companhia eram hors-concours com seus "pavão esplêndido em noite de lua cheia às margens do Amazonas" e "Faraó dourado e suas milenares oferendas ao Deus-Sol" (ou algo assim). Aquelas, sim, eram fantasias. Fantasias que, por motivos óbvios, este vosso humilde escriba não usaria nem por decreto do finado Bon Scott.
Em todo caso, arranjar uma fantasia de última hora foi um saco. A do tirolês foi impossível (ninguém sabe o que é um tirolês em Pitboyland; muito menos no centro da cidade...); a da faxineira (50 mangos em qualquer casa de uniformes...) foi abortada ante minha timidez de homem alto e barbado; a de pirata foi torpedeada quando o vendedor da loja em Copacabana – ele, sim, vestido de pirata – disse que não vendiam fantasias , apenas se vestiam daquela maneira por uma questão de marketing. Sobrou a de jornalista.
Desde 1989-90, sou o feliz possuidor de um chapéu de expedicionário inglês datado de 1941. Trata-se do mesmo modelo utilizado pelo Major Grubert na história em quadrinhos "A Garagem Hermética", do desenhista francês Jean "Moebius" Giraud. Sem o uniforme completo, fica meio sem sentido. Mas aí você inventa uma história pra quem perguntar. Aliás, ninguém perguntou porra alguma. Até porque 90% dos convidados estavam vestidos de bruxa ou zumbi.
A música ficou a desejar. Lá pelas tantas, umas meninas colocaram numa estação de rádio de MPB, sumo-sacrilégio em se tratando de noite das bruxas. Na cozinha, mais um pecado: um dos convidados sacou um violão e começou a entoar uma Rita Lee. Se fosse no bas-fond do Haití, o sujeito já estaria devidamente impalado ao som de Ice-T. O ápice do não-entendi, entretanto, foi quando duas moçoilas vestidas de bruxa encenaram um cortejo fúnebre tocando um tambor e cantando uma canção de...MPB. Aí lascou geral, mas parece que o linchamento foi evitado por boas almas.
A organização teve de ser recauchutada, já que uma geladeira não deu conta da quantidade de cerveja trazida pelas pessoas. Muita cerveja e pouco gelo: aí já viu, né? O tanque serviu, mas a vazão não foi das melhores. Enquanto isso, eu ficava de um lado para o outro, sem conhecer quase alma viva, e suando feito um presidiário moçambicano no inferno. Pegava uns pedaços de conversa, concordava com algumas coisas, discordava de outras, e, vez ou outra, comia um pedaço de pão com alguma pastinha salgada. Pelo que entendi, algumas pessoas não haviam sido convidadas; outras foram simplesmente expulsas.
Em termos libidinosos, o nível até que não estava de todo mal, mas os papos e o teor alcóolico de meu sangue me impediam de executar maiores planos. E mais: se hippie sóbria é uma coisa, hippie bêbada é pior que um Osama bin Laden preparando seu café-da-manhã. Isso sem falar no fato de que este vosso expedicionário-escriba-jornalista-organizador-de-festas já tinha tomado sua cota de latinhas, e queria ir pra casa.
E assim foi. Peguei um táxi na Marquês de Abrantes e me pirulitei de volta para o meu bunker de frente para o Jardim de Alah.
Mas não se preocupem: em 2010, a festa vai ser melhor, mais organizada, com ótima música, desinfectada de hippies, com muita cerveja gelada e – joy of joys – DI GRÁTIS. Só não vai ser aqui em casa pois, como diz o ditado popular, "Halloween é o cacete".

Papa Bourguignon não gosta de atum (versão Código Morse)

Tempo bom. Internet e arrumações. Rádio e textos. Almoço em casa. Preparando um portfolio punk. Desenhos e mais desenhos. Um altar para toda e qualquer caneta Pilot BP-S. Telefonemas. Bateria e ducha fria. Noticiários. Gyoza no jantar. Água mineral. Textos e pastas. Ópera e jazz na rádio. Calor no ar. Cama.

Se quiser moleza, senta no pudim (versão Código Morse)

Despertar atrasado. Café reforçado e rápido. Feira da praça do Jóquei. Feira Hippie em Ipanema (comida baiana). Muita chuva. Almoço na avó. Café em casa. Textos, rádio e recortes. Telefones, chocolate e exercícios. Ducha fria. "Dial M for Murder". Jantar leve. Rádio, textos e recortes. Cama cedo.

O Jornalista Vitoriano está na selva fumando um Tiparillo (versão Código Morse)

Sol. Pai de volta. Revistas e jornais. Café. Copacabana: doces e sebo (Lalo Schifrin e trilha sonora da série "Kung Fu"...). "Pega meu salto no Tufi Duek às seis, meu amor" (entreouvido no ônibus, às vésperas da Parada Gay...). Engarrafamento em Ipanema. Almoço no Degrau: pastéis e feijoada. Arrumações, recortes e rádio. Exercícios e ducha fria. Televisão. Festa à fantasia em Botafogo: vou de "jornalista vitoriano desempregado no meio da selva cheia de canibais". Muito vai-e-vem pra colocar toda a cerveja no gelo. Muito lero-lero e um calor desgraçado debaixo daquele meu chapéu (para mais detalhes, leiam o artigo completo neste blog...). Cama às cinco da matina. Full Tilt.

Armação de óculos sobre a cama fria (versão Código Morse)

Tempo ensolarado e abafado. Internet, pesquisas, textos e rádio. Almoço em casa: bife de fígado, brócolis e salada de tomate. Café, textos e recortes. Bateria e ducha fria. Chopp no Manolo da rua Bambina. Bife com fritas e muita conversa. Israel ou Rio? Pomba Gira ou Turning Pigeon? Caipirinha ou caipivodca? Terra ou Marte? E nisso, vou dormir após a meia-noite. Adiós.

Você é um livro ambulante (versão Código Morse)

Tempo ruim. Café e internet. Textos pra PUC. Telefonemas. Almoço em casa. Mais textos, recortes e rádio. Escândalos e tragédias à parte, essa senhorita Sandra Williams é um belíssimo pedaço de mau caminho (e isso apesar da cara da Maíza do SBT...). Exercícios e ducha gelada. Prova na PUC: nenhuma calamidade, apenas não sei escrever quando o tema é amplo. Miojo com sardinha. Chuva. Textos e música clássica. Últimos pedidos na Help (parece que bombou e foi histórico...algo do tipo "última noite em Sodoma e Gomorra...). Cama às 2.

Para esse Dia das Bruxas, vou me vestir de músico tirolês (versão Código Morse)

Tempo nublado. Textos pra PUC. Suco de manga, misto-quente e casa da avó. Sebo. Rádio e mais textos. Recortes de jornais. Almoço na padaria. Mais textos e telefonemas. Bateria e ducha fria. Chopp e escondidinho em Botafogo. "Inglourious Basterds": muito bom e um Goebbels que se parece com o FHC. Cansado. Cama.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um belo pescoço envolto em doritos (versão Código Morse)

Nublado. Café reforçado. Relojoeiro, vidraceiro. Café expresso e bolinho de carne na Pavelka. Textos e rádio. Internet (acho mesmo que vou à tal festa...). Almoço leve. Mais chuva. Textos, leituras e arrumações. Exercícios e ducha fria. PUC: discussão sobre biblioclastia. Pergunta da professora: "qual livro você memorizaria?" (minha resposta, sem muita certeza: "O Dia do Chacal"...). Pão-de-queijo e Coca-Cola. Ônibus gelado. Sanduíches e televisão. Slides do "Blade". Chorinho na rádio. Game Over.

Explicação de designer é pior que sermão de padre pedófilo (versão Código Morse)

Tempo abafado. Sebo em Copacabana (Bukowski, Batman e trilha sonora do "Tron"...). Chopp na praia. Anão devorado por pombos na Praça Serzedelo Corrêa. Almoço no Shirley’s. Muito calor. Despedida. Internet, bateria e ducha fria. Chuva e televisão. Textos, leituras e rádio. O bicho-homem vai de mal a pior. Vitrolinha. Mais textos e recortes. Cama cedo.

Michael Jackson não entra em Marte (versão Código Morse)

Sol. Internet e feira hippie. Suco de manga e esfirra. Ar abafado. Textos e telefonemas. Macarrão à matriciana. Televisão e Eskibon. Passando mal. Rádio e dor-de-cabeça. Ducha fria. Chuva. Rádio no escuro. Mais textos. Cama cedo.

O filme sobre o Lula não tem sacanagem (versão Código Morse)

Tempo ensolarado. Café, internet e textos. Compras com a mãe. Locadora ("Smokin’ Aces"). Almoço na padaria: esfomeado e com dor-de-cabeça. Mais textos e rádio. Exercícios e ducha fria. Telefonemas. Filmes atrasados: "Rounders", "The Golden Voyage of Sinbad", "Stargate". Sanduíches. Textos e rádio. Cama às duas.

Para um barbear perfeito, duas lâminas flutuantes (versão Código Morse)

Nublado. Café e pesquisas na internet. Muitas preocupações pessoais numa cidade refém. Almoço: sushi na padaria. Brigadeiro de sobremesa. Certos olhares ainda na memória. Textos, rádio e leituras. Bateria. Onde diabos coloquei o livro do Bradbury? Péssima segurança dos hotéis cariocas. Uma conversa sem palavras (lembra o "The Conversation" do Coppola...). Devassa da General San Martin. Lula na cachaça e bolinho de bacalhau. Recorde de copos quebrados por uma mente sóbria.

Em Terra de Ladrão, Calça sem Bolso é Luxo (versão Código Morse)

Tempo indeciso. Internet e textos. Locadora e leituras. Almoço em casa: salada e carne de porco. Rádio, leituras e textos. Exercícios e ducha fria. "Fahrenheit 451" na PUC. Atrasado e com cinco livros antigos na bolsa. Empório e bolinhos de aipim. Praia e calor. Muito vento. Volto pra casa a pé, sob chuva forte, tal qual Gene Kelly de preto e camiseta do Social Distortion.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Vá para o Diabo que te carreguis", vociferou Mussum (versão Código Morse)

Tempo nublado, café e internet. "Good Thing" (Devo). Casa da avó, finalzinho do "New York, New York" (De Niro e Minelli...), locadora de vídeo, padaria e peixe com salada para o almoço. Mais textos, telefonemas e rádio. Bateria. "Mesrine" (com Vincent Cassel e Gérard Depardieu...). Pastéis e lula com arroz de brócolis no Degrau. Vista pra praia. Primeira parte do Quizz. Silêncio bom. Calor. Cama às duas da matina.

Um homem com estilo anda de cueca à noite (versão Código Morse)

Tempo nublado. Amarrado ao computador, com um café na mão e a imagem de Bom Scott na cabeça. Almoço espartano. Últimos retoques no monstro. Exercício e ducha fria. PUC. Lero-lero de madame jovem. Boa apresentação. Pão-de-queijo e Coca-Cola de recompensa. Grosseria estúpida e inútil. "Intrigas de Estado" ("State of Play": muito bom...). Cama de madrugada.

Salvando minhas agendas do incêndio analfabeto (versão Código Morse)

Tempo estranho e morte na família. Garnier e Laemmert. Epitácio Pessoa e reunião de estudos. Recortes, rádio e bateria. Alguma paz neste meu pequeno planeta. Jornais e rádio MEC. "Tropical Thunder" (muito bom...). Jantar leve e pesquisas. Mais música e recortes. Mosquito morto enquanto sobrevoava minha mesa. A Norma Bengell tá cada vez mais parecida com o Peter Lorre. Antes de apunhalhar minhas costas, mande um email. Cama e chuva forte.

Atômicos Lupanares açoitam meus sonhos (versão Código Morse)

Sol. Café e Euclides da Cunha (Herzog ou Tarantino deveriam filmar...). Recortes, pesquisas e arrumações. Billy Idol enquanto escrevo. Almoço: arroz de polvo e salada. Fórmula Um é um saco (ainda mais com a Daniela Mercury "cantando" o hino nacional...). Flácido e com um café na mão, escrevo um pouco. Exercícios e ducha. Pesquisa, pizza e conversa. Cama às duas.

The KKK took my dessert away (versão Código Morse)

Tempo nublado e dor de barriga. Feira da Praça XV: edição comemorativa da Fatos&Fotos durante a conquista da Lua. Taco de golfe. sanduíche e Coca-Cola no almoço. Muito sono e muita chuva. Rádio: descobri que transmissões de jogos de futebol me acalmam. Exercícios e ducha fria. Aos poucos, chego ao topo da montanha Power Point. Black Urubú Down. Fonte da Saudade: vinhos, queijos e pouca conversa. Revival dos anos 1980. Horário de verão. Táxi e cama.

Suíno Voador e Macaco em Chamas (versão Código Morse)

Tempo nublado. Café e pesquisas. Chercher la femme. Machado de Assis é Gonzo. Euclides da Cunha também. Salada no almoço. Café. Telefonemas, exercícios e ducha fria. Compras. Jantar delicioso em Botafogo: salmão no forno com cebola e azeite, cuscús marroquino, batata baroa e cerveja...). Minha nulidade no Power Point. Cansaço versus conversa. Táxi. Cama às duas.

Quando os larápios citam Shakespeare (versão Código Morse)

Tempo estranho. Gente falando e berrando demais. Pesquisas. Almoço espartano. Textos e recortes. Chuva. Bateria e ducha. Pesquisas e textos. Sanduíches. Dor nas costas, sono e – talvez – princípio de gripe. Telefonemas, leituras, textos e rádio. Quatro pilhas de recortes, jazz e cubinhos de Eskibon. Três mosquitos invasores mortos a chineladas. Barulho de criança. Cama.

Dilúvio somente após dois chopps e uma coxinha de galinha (versão Código Morse)

Tempo ensolarado. Café e pesquisas na internet. Leituras. Almoço em casa: saladão. Ricardo Teixeira e Ricardo Paiva são seres baixos. Telefonemas e bate-boca aos pés do shopping. Belíssimo livro sobre turismo gastronômico. Mais pesquisas pro seminário na PUC. Bateria e ducha fria. Televisão e mudança de tempo. Flamengo e carregamento de livros. As mesmas perguntas, as mesmas respostas silenciosas e cabisbaixas. Madoff não leva desaforo na prisão.

O Timoneiro Mao é um Débil Mental do Bem (versão Código Morse)

Nublado e abafado. Café e pesquisas na internet. A maldita impressora não funciona. Textos e leituras. Salada e peixe no almoço. Algumas idéias. Rádio e mais textos. Banho e ônibus pra PUC. Pesquisa e mais pesquisa na biblioteca Fort-Knox da PUC. Chuva. Hotel em Copacabana: a recepcionista fez cara de desconfiada, achando que eu era michê. Chopp e bolinho de bacalhau ruim. Conversa acalorada entre dois suecos (ou eram alemães?): "...you haf (sic) to trrrust (sic) me, Olaf...". Cama às duas da matina.

Aquele Sujeito que Fuma enquanto Dorme (versão Código Morse)

Tempo bom. Café, internet, jornais e "feliz aniversário" atrasado. Textos e arrumações. Até ia votar, mas vou anular (talvez a Marina...talvez a Lady Francisco...). Saladão no almoço. Documentário francês sobre a nascente do Nilo. Delírio botafoguense. Bateria e ducha. Televisão, rádio e resto do camarão na moranga com brócolis. Leituras e textos. Cama.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Motorista, pára o ônibus!!!

Estou em dívida no que concerne a novas postagens, mas ainda esta semana coloco uma nova enxurada...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Babá treinada nas artes da Morte procura casal (versão Código Morse)

Sol e nuvens. Quatro horas de sono e já estou de pé. Rádio, café e textos. Preguiça e alguns desenhos. Almoço na avó e café preto em casa. "Thunderball" no Telecine Action. Jogo de rugby com equipes francesas. Pesquisas e textos. Preciso mudar meus óculos. Mais ficção. Exercícios e ducha. Quatro quilos mais magro. Quando vou ter tempo para assistir aos filmes do Doutor Mabuse? Telefonemas. "Reign of Fire" (sim, aquele dos dragões...). Textos e música clássica. Mais desenhos. Nada de sair. Dor de cabeça. Cama após a meia-noite. Mais funk da Cruzada.

Um Bilhão de Mastigadas no Green's (versão Código Morse)

Tempo nublado, jornais e rádio. Novas aventuras de Edward Röckell. Shopping. "Preliminaires", de Iggy Pop (com pouco mais de 30 minutos, beira o conto do vigário, apesar de suportável...). "Le Magnifique", de Philippe de Broca. Amoedo de Ipanema. Arrumações do quarto. Telefonemas. Macarrão à Matriciana. Buzinaço na garagem do Shopping Leblon. Textos e leituras. Ducha. Restaurante Oui Oui, em Botafogo (lugar estranho, cardápio estranho, comida estranha...). Joaquina da Cobal. Óoooooo. Volta pra casa às cinco da manhã. O funk da Cruzada não parou.

Eu danço uma Java aos teus pés (versão Código Morse)

Manhã de chuva forte. Café, jornal e internet. Deixa ver se eu entendi: até 2016, vou ter de falar sobre Copa do Mundo e Olimpíadas? Camiseta: "To Beer or Not To Beer" (30 mangos nas Lojas Americanas...). Patricinhas reclamam do fato de eu não ter desviado delas (acontece muito comigo desde que voltei a morar em Pitboyland...). Suco de manga. Um emprego para o escritor, por obséquio. Passagens pro irmão. Almoço na padaria. Chuva aumentou, frio também. Riot, Riot, Upstart! Rádio, textos e leituras. Telefonemas, arrumações, bateria e ducha morna. Apareci no jornal da PUC (de costas e vestindo o moletom do DFC...). Devidamente agasalhado, assalto a geladeira. Conversas sérias. "Cinderella Man" na TNT. Textos e recortes. Cama e muito frio.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Como enganar Ditadores Cegos (versão Código Morse)

Chuva chata. Contas pagas e costureira. Jornais e casa da avó. Frango ensopado e salada. Telefonemas. Recortes e textos. De grão em grão, a Santa Sé volta ao páreo. Café preto e mais chuva. Idéias de propaganda para jornais impressos e companhias aéreas. Aula na PUC: discussões acaloradas, Matte Leão e croissant de peito de peru com catupiry. Casa, sanduíches e arrumações. Zapping na TV a cabo: programas ruins, jornalismo ruim e rostos ruins. Cochilo no sofá e acordo na frente de um programa sobre ursos marrons assassinos (um dos sobreviventes veste uma camiseta do Johnny Cash...). Cama ao som da música clássica da MEC FM (além do som da chuva forte...).

Destinatário de uma chamada gelada (versão Código Morse)

Tempo nublado e Nilópolis em chamas. Rio Sul e leve suspeita de que o lesado que me atendeu na TIM ainda vai me causar certas dores de cabeça. Ar abafado. Discussão sobre obrigatoriedade dos afazeres. Agora o grupo inclui uma chef de cozinha que viaja muito. Saladão no almoço. Cada uma na TV a cabo...Recortes e textos. Leituras e pesquisas na internet. Bateria e ducha fria. Jardim Botânico e jantar em Botafogo: empadão de camarão, salada, cogumelos na manteiga, picles e cerveja preta. Torcedores eufóricos. Táxi e chuva fina. Cama ao som de Billie Holiday.

A Mesa


Os franceses têm um excelente adjetivo para móveis com muitos anos de uso. Dizem que o móvel em questão se encontra "cansado". Esta, pois, é a situação de minha mesa de trabalho. Cansada, muito cansada.
Adquiri a mesa em 2001, em um galpão de móveis usados aos pés dos Arcos da Lapa. Data da década de 40 ou 50 do século passado – presumo isso pois a mesa veio com uma camada de selos antigos colada na parte inferior de uma das gavetas. Recebeu uma pintura "envelhecedora" e algumas mãos de verniz. Surpreso fiquei quando meu pai disse que tivera uma igual nos seus tempos de adolescente. Mesa de estudo ou de datilografar, segundo ele.
A mesa é boa e prática, mas mal sobreviveu às idas e vindas de quatro mudanças entre Pitboyland e Hardcore Brasília: a estrutura ficou abalada, o tampo está prestes a ceder, e o pé direito rachara no último transporte porcamente executado. Em suma, a pobrezinha cansou.
A mesma mesa já suportou – literalmente – muita coisa deste vosso humilde escriba: ficções, crônicas, missivas, redações para cursos de Inglês e Português, recortes e colagens, leituras, revisões, crises de choro sobre manuscritos, listas, desenhos, textos jornalísticos, reportagens, resenhas e demais rabiscos e rascunhos de letras tortas.
Nela guardo os itens mais dispares: pastas com textos, cadernos, material de papelaria, acessórios do lap-top, coleção de canetas, canivetes, coleção de pins bélicos soviéticos, envelopes, moedas estrangeiras, carteiras antigas, chaves e chaveiros, fitas cassete de áudio com gravações de minha voz quando criança, estojos de óculos, restos de óculos, punhais africanos, calculadora, soco inglês, caixinhas japonesas, convites de casamento e por aí vai.
Dia desses, pensei em voltar ao tal galpão da Lapa para procurar um móvel substituto. Ainda não fui, e sequer sei qual o tipo de mesa que compraria. Nova ou antiga? Usada ou tinindo de nova em alguma Tok&Stok da vida? Uma ou várias gavetas? Metálica ou de madeira? É assunto delicado, ainda mais em se tratando de tão precioso móvel para um candidato a escritor.
Até lá, a atual mesa se cansará um pouco mais.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Os Melhores Herdeiros são Ratos (versão Código Morse)

Tempo ensolarado e dois pedreiros adiantados. Café, jornal e marretada no outro apartamento. Rádio, leituras e projetos. Tem gente no COB que é pai de marceneiro: olha pros filhos com a mesma cara de pau. Tubulações máquina de lavar roupa. Almoço na padaria (peixe, feijão, arroz, brócolis, além da abobrinha frita...). Café em casa e leituras. Banho e PUC. A professora não deu aula; tivemos uma aula "incomum" sobre História. Boas conversas. Frases sem sentido no telefonema. Textos e rádio. Eu falo merda porque eu estou cansado. Eu peço desculpas pelas merdas, mas continuo cansado. Boa noite.

Scrapbook for Lovers (versão Código Morse)

Tempo nublado e pesquisa sobre Garnier e Laemmert. Suco e esfirra no Bar 20. Casa da avó e "Glen or Glenda" no Telecine Cult. Bolinho de feijão frio e tâmara. Textos e leituras. Bateria, ducha e bootlegs (The Cult / White Zombie / Ramones). Mais textos e recortes. Telefonemas e resenha de filme antigo. Escolhendo presentes para pessoas próximas. Rádio e música clássica. Macarrão e salada. Agendas, leituras e cama (ou seria coma?) após a meia-noite.

Katapimba Records Ilimited (versão Código Morse)

Final de semana incomum e fora dos padrões. Final de semana de chopp, conversa e certa superação dos limites físicos. Desilusões e esperanças. Cansaços e prazeres. Joaquina no sábado. Aconchego Carioca no almoço de domingo (com direito a uma espera de duas horas, mas à recompensa no bolinho de feijão, no camarão na moranga, na cerveja gelada e principalmente na simpatia de Bianca, Maurício, Thiago e Gustavo...). O próprio domingo terminou com chuva, vitória arrasadoras do Flamengo (...who cares?...) e recortes para a nova agenda Taschen 2010. Reflexões sobre amizade e resignação ante um pragmatismo atroz. Quatro (4) agendas sobre a mesa, além dos envelopes com recortes e os cadernos para textos mais longos. Rádio, leituras e muito sono. Capotei às duas da manhã.

Thulsa Doom está de chinelos lendo Marie Claire (versão Código Morse)

Tempo bom, mas acho que vai chover. Café, jornal e internet. Ipanema, Lojas Americanas e sorvete Itália. Telefonemas e planos para a noite. Almoço em casa. Textos, leituras e recortes. Rádio e exercícios. Filme e ducha. Complexo de vira-lata ou pragmatismo? Enfim, a agenda da Taschen. 200 ingressos do AC/DC achados e distribuídos como panfletos por um morador de rua nos sinais da FNAC de Pinheiros: quase tenho um troço. Só chopp salva. Bar Joaquina da Cobal do Humaitá. Destination Unknown.

Macaco Velho em Galho Novo (versão Código Morse)

Tempo agradável. Café e jornal. Internet e telefonemas. Caos no banco e continuação da greve (Olimpíada não costuma resolver esse tipo de problema...). Textos e rádio. Overdose de terremotos. Celular e pipoca não combinam (ver YouTube). Almoço em casa: peixe e salada. Textos e recortes. Estamos literalmente lascados. Paulo Coelho ainda é um débil mental. Palestra na PUC. 435 estupidamente gelado. Sanduíche e telefonemas. Cama e nenhum saco para sair.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um Aniversariante em Pitboyland (Opus 36)

Bimbalharam os possantes e falsificados sinos de Pitboyland, tal qual derradeiros e apoteóticos minutos da Abertura de 1812 de Tchaikovsky. 36 inverninhos e o rapazola aqui tá todo feliz. Só não sabe porquê.
Confesso que, com o passar dos anos, essa história de aniversário fica assaz pesada. Eu estava na aula do curso de extensão, na PUC, tentando me concentrar na apresentação da professora sobre o papel do livro e a censura no Brasil-Colônia. Entre uma e outra data importante ou autor censurado, não conseguia deixar de pensar no meu aniversário. A comemoração combinada a duras penas, os votos de felicidade por parte de parentes e amigos, a incredulidade quanto à ausência de certas pessoas, a lista hermética de presentes. Enfim, os trâmites nada importantes de um aniversário.
Assim que soaram as dez badaladas, piquei a mula, subi num 433, cruzei o Leblon e desci na Maria Quitéria. Ah, o Empório! Local de amores e horrores. Local de ilusões, decisões, confusões e omissões. Na porta do estabelecimento, prostrava-se, ainda mudo, Vicente, sumo-garçom e figuraça gaúcha, devidamente vestido com uma camiseta do "Back in Black" do AC/DC. Na mesa, as duas pessoas que vieram me dar os parabéns (e isso apesar de trabalharem no dia seguinte...). Outras foram avisadas, muitas outras sabiam, mas aparentemente não deram muita importância. Afinal, numerosos são os vícios que tentam o ser humano, principalmente em Pitboyland. O aniversário de um amigo nem sempre está no topo da lista de "prioridades" ou de telefonemas. De minha parte, não faço mais propaganda do meu próprio aniversário; até porque soa meio estúpido nessa altura dos acontecimentos.
Fiquei no choppinho e na batata frita. Não teve bolo com baba de moça, como era o costume quando comemorava a data na casa da minha avó. Ninguém pagou minha parte da conta (outro fato que mudou em comparação aos anos passados). Até o fechamento desta postagem, só ganhei um presente, e certamente não foram meias e cuecas da Taco. Muita gente não ligou, ou não escreveu. Outras ligaram. Outras não podiam ligar, pois simplesmente desconheciam a data. O mulherio marcou presença virtualmente, na página do Facebook, e, junto com outros amigos, enviou congratulações pela rede. Meu irmão – o famoso "Main Man Mike", guitarrista da não menos famosa banda D.F.C. – foi o primeiro a ligar; devidamente seguido por um torpedo de um "One Track Mind" do Humaitá. O Zeca ligou, me deu os parabéns ao longo de cinco (5) segundos e discursou sobre música em Hardcore Brasília ao longo de 10 ou 15 minutos (mais foi bem legal, apesar do fato de eu não poder tocar bateria no aniversário dele...). Agradeço a todos.
Cá pra nós, não me sinto mais velho. Posso até me sentir cansado com mais facilidade, mas não ligo muito pra minha idade. Falo tanta besteira que sou capaz de passar por um débil mental de 13 anos se uma pessoa apenas escutar minha voz. Daqui a quatro invernos, completo 40 anos de vida neste planeta. Sinceramente: alguém aí duvida que eu vou continuar falando as mesmas asneiras?

36 ainda é jovem (versão Código Morse)

Tempo nublado e abafado ao som de Gretchen ("Je suis la femme..."). Café, rádio e internet. Votos de felicidade e um novo lançamento do AC/DC ("Backtracks"). Vai ter show do Exploited no Circo Voador? A favor dos Jogos Olímpicos em Mogadíscio ou na Antártida. Telefonemas, chuva e textos. PUC. Sanduíche e refrigerante no intervalo. Boa apresentação da professora. Muita chuva. Empório e ótimas conversas. Mais chuva e mais conversa. Clone do Latino. Cama às 3 ou 4 da matina.

Alguém perdeu a perna de pau (versão Código Morse)

Café e preocupação com a minha mão direita (tem vida própria...). Rio Sul e suco de manga. Mar agitado e ondas de três metros. Almoço light na padaria (o peixe estava ótimo). Quanta bondade comigo (sim, isso É ironia...). "Main Man Mike" vai assistir ao AC/DC em Buenos Aires. Rádio, textos, recortes e leituras. Esse Rodrigo Bethlem é muito bobinho. PUC. Documentário sobre Galileu Galilei. Idéias para textos de ficção. Grupo do eu sozinho. Nada de sair. Cansado e sem paciência para cobranças. Telefonemas. Textos, dose de White Horse e rádio. Televisão e programa sobre prédio gigantesco em Dubai. Cama às três da matina.

Eliezer Motta é engraçado (versão Código Morse)

Café simples e chuva. Lotérica e banco. Internet, telefonemas e rádio. Cadê o livro sobre a biblioteca de Dom João VI? Saladão no almoço. Textos. Ufanismo de merda. Michael Jackson ou Michael Jordan? Lula ou po(l)vo? Degrau ou padaria? Mais textos e mais telefonemas. Tem gente que não se manca. Bateria e ducha morna. Sanduíche e televisão. Leituras e jazz. Sono e frio. Cama às duas da manhã.

Clima de Rosto Colado (versão Código Morse)

Sol de rachar e xerox na PUC. Textos pro curso. Saladão no almoço. Mais leituras. Index Librorum Prohibitorum. Cochilo de 20 minutos. Rádio e bateria. Ducha. Polanski e o sol quadrado (em outras palavras: ajoelhou, tem que rezar...). "Main Man Mike" voltando para Hardcore Brasília. Sanduíche natureba. Textos e televisão. Trechos de filmes no zapping. Telefonemas. Recortes e música clássica. Vento, calor e cama.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Exorcista do Leblon

No prédio da minha avó, localizado na esquina da Afrânio com a San Martin, homens estão restaurando o piso de mármore do pátio interno, localizado na parte traseira do edifício. Três ou quatro homens, armados com lixadeiras especiais, martelos e cinzéis. Trabalhando por horas a fio, ao longo de uma jornada que começa às oito da manhã e que termina pouco antes da seis da tarde, com uma hora de intervalo para o almoço à 11 da manhã. Quase não conversam, e nunca cantam ou assobiam; sinal de que o trabalho é pesado, ou então arranjaram um patrão que exige certa disciplina de seus empregados (segundo minha avó, o prédio pertence aos descendentes do Médici ou do Costa e Silva...).
Dia desses, estava na casa de minha avó para o almoço. O noticiário na televisão concorria com o pandemônio da obra e o barulho dos talheres. De repente, entre o prato principal e a sobremesa, ouvimos uma sucessão de berros e reclamações proferidas por uma mesma e desesperada voz feminina.
"Pára com esse barulho!!! Pára com isso pelo amor de Deus!!! Pára agora!!!"
Saio para a varanda no intuito de verificar quem é a dona do vozeirão. Era a vizinha, histérica:
"Pára com isso já!!! Eu não agüento mais!!! Pára agora!!!"
Nada de parar. Nada de resposta por parte dos operários. Status Quo no mármore. Nisso, a vizinha sai de sua varanda e entra de volta no apartamento. Nem um minuto se passa, e ela retorna.
"Eu te amaldiçoo!!! Te amaldiçoo para sempre em nome de Deus e de Jesus Cristo!!! Maldito seja!!! Maldito seja!!!", berra ela, com um crucifixo de boas proporções endireitado na mão direita.
Sequer comi minha sobremesa.
Coisas do Leblon.
Coisas de Pitboyland.

Tremendo Sozinho (versão Código Morse)

Domingo de muito sol e ressaca na frente do computador enquanto procuro um centro de escalada indoor e uma boa alma que venda um Zoom H2 (i.e. um dos melhores gravadores digitais para jornalistas e bateristas) em território tupiniquim. Acho que vou comprar lá fora e pedir pra trazer, afinal 150 dólares é mais jogo que 1200 reais...Almoço no Gula Gula do Rio Design com a mãe: picanha, arroz integral e farofa. Interrogatório de sempre. Banhistas do Leblon. John Tempesta dá de mil no Matt Sorum. Alligator Smile & Cyclone Kiss. Comodismo gera preguiça, e preguiça gera insegurança. Polvo no congelador e "Living Dead Girl" na vitrolinha. "...You’re dangerous / ‘cause you’re honest...". Leituras, textos e suco de pêssego. Banho e música clássica. Sanduíche e recortes. Televisão, filme de terror e cama.

Caminhos Inversos (versão Código Morse)

Sol e calor de volta. Café e internet. Casa da avó. Recarga do celular na banca do mal-encarado. Teco na cabeça do meliante. Maratona de almoços (sushi em Boatfogo / cervejinha na Lagoa). Gangue da 213 Sul. Casa e ducha fria. Sanduíche. General San Martin e uísque com gelo. Reencontros e lembranças. 00 pra mal dos meus pecados. Não paguei coisa alguma, só falei besteira ("..vamos invadir a tal festinha da Mariana Ximenes?..."), bebi quatro Bohemias e na saída dei uma de Toshiro Mifune ranzinza pra cima dos caras que queriam me levar ao Cicciolina. Não fui. Capotei bonito.

Manteiga e Cavalo do Playmobil (versão Código Morse)

Frio. Café. Shopping e as tentações em forma de tênis. Internet e transferências. Almoço: salada, arroz e carne assada. Textos, leituras e colagens. Rádio. Telefonemas (alguns foram um pé-no-saco...). Bateria e ducha. Joan Jett e The Cult. Semente de abóbora salgada. Amigos no Amir de Copacabana. As Satânicas do Bin Laden num show de dança do ventre. Banho de cerveja acidental. (...). Mosquitos ciumentos e famintos. Muito sono.

Ricky Martin pra Presidente do Mercosul (versão Código Morse)

Chuvarada demoníaca. Procurando uma bota de peão de obra ("...só na Amoedo..."). Internet, rádio e textos. Almoço leve e recortes. Telefonemas. João no Rio. Mais chuva. O gesso da portaria quebrou. Nosferatu. Explosão em Santo André. Lero-lero na ONU. Cabelo raspado, banho e ônibus pra PUC. Boas discussões e uma coxinha com mate no intervalo. Pessoal complicado e diversões perigosas. Guacamole e Doritos no jantar. Música clássica, textos e cama.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Sorriso do Homem-Chocolate (versão Código Morse)

Tempo nublado e café reforçado. Priminho! Internet. Ônibus e engarrafamento. Rio Sul e Tim. Roupas para doação. Textos e almoço em casa. Telefonemas e colagens. Bateria e banho. Vato Loco. Às vezes me pergunto se a Cléo Pires tem vergonha do próprio pai toda vez que este afirma ter sido abduzido por alienígenas. Evento design em Ipanema. Calor. Pizza no Itahy. Conversas. Erasmo Carlos no Jô Soares. Flanelinha Maratonista. Morcegos na Praça da Paz. Família Trololó: pai e filho completamente ensandecidos, bêbados, passando mal, prestes a serem esmurrados por garçons e clientela. Fim de noite às 2:35.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entre! A Casa é Sua!!! (Aos Olhos de um Fardo Diplomático)

"Toc. Toc. Toc."
"Quem é?..."
"É Titio Zelaya e companhia..."
Não deu outra nos noticiários, tupiniquins e estrangeiros. O presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya, acompanhado da esposa e de petit comité, foi acolhido na embaixada brasileira em Tegucigalpa (alegre Honduras). Devidamente instalado e sorridente, subiu no muro, fez um curto discurso e agradeceu aos manifestantes e partidários pelo carinho, antes de a polícia e o exército colocarem os mesmos para correr, sob uma chuvarada de cacetadas, balas de borracha, jatos de água e bombas de efeito moral.
Alegria, alegria. Mas agora o carnaval acabou. Cortaram luz, água e telefone da embaixada e do bairro na qual esta se encontra. A comida acabou. Ah, pequeno detalhe: o embaixador brasileiro não está. O único diplomata brasileiro é um encarregado de negócio, que tem toda a pinta de que vai ser alçado ao posto de herói da diplomacia tupiniquim (isso, é claro, se não mandar tudo às favas, enxotar o Zelaya da residência e pedir as contas...).
Sabem aquela história do tio estranho que chega com a família de surpresa justo quando teus pais não estão em casa? Mais ou menos isso, só que em Honduras. O problema disso tudo é que a corda rompeu para o lado da "diplomacia" tupiniquim (i.e. "diplomacia PT Style"), que não só abriu um precedente oba-oba como agora não sabe como – e com quem – vai descascar o abacaxi.
Glorificado seja o dia em que tive juízo suficiente para pular desse Titanic chamado Itamaraty.
Aliás, sequer embarquei. Ufa.

Somos Todos Filhos de Flipper

As fotos eram assaz chocante. Um grupo de jovens dinamarqueses participavam de uma (aparentemente tradicional) matança de golfinhos da espécie Calderon na Ilha de Faroe. Em meio à água rasa ensangüentada, os rapazes desferiam, sorridentes, golpes de picareta nos animais. Me deparei com as fotos na página do Facebook; foram enviadas por uma amiga que mora no Cairo e que é ferrenha no que diz respeito à luta contra injustiças e demais crimes. Irônico como sou, publiquei um comentário abaixo da foto:
"Eu conheço um dinamarquês que freqüenta o mesmo bar que eu. O sujeito é um merda que se acha o rei do pedaço. Amanhã mesmo, munido da foto acima, vou lá baixar o sarrafo no miserável. E vou fazê-lo vestido de golfinho! FLIPPER’S REVENGE!!! Beijos."
Soou meio bobo, admito. Mas foi o que me veio à cabeça aquele exato momento.
Acho a Dinamarca um país estranho. Não produz muito, mas faz questão de cantar de galo em certas questões mundiais, tais como qualidade de vida, projetos sociais, direitos humanos e combate à pobreza. Eu me pergunto se confiaria a função de alimentar uma criança de Darfur a um sujeito que enfia, alegre, uma picareta na cabeça de um golfinho. Não acho que a questão da inteligência animal tenha de vir à tona, até porque são inúmeros os casos de golfinhos que atacam humanos.
A questão, explicitada nas fotos, é a gratuidade da ação; além, é claro, da ausência de defesa por parte dos golfinhos – quero ver um dinamarquês levantar uma picareta em mar aberto...
A princípio, toda essa discussão – se discussão existe – parece infundada, frívola ou mesmo inútil. O Japão mata baleias a rodo e nem por isso queimamos nossos iPods em praça pública. Somos contra a mão-de-obra infantil, mas ficamos contentes quando ganhamos um tênis de aniversário. Certamente existe injustiça, mas contanto que não a vejamos, está tudo certo no melhor dos mundos.
O fato, entretanto, é que esse tipo de hipocrisia não raro se torna algo maior, mais perigoso e deveras descontrolado. Foi assim nas duas guerras mundiais do século passado: no começo, era apenas localizado; evento menor, beirando o irrelevante. Depois, bem, todos nós já sabemos...
Golpear golfinhos pode não ter o mesmo significado de um massacre de humanos. A raiva – e o prazer advindo dessa raiva –, porém, é a mesma. Começa tímida, mas logo extravasa e, em nome de sentimentos egoístas, adquire formas relevantes.
Dirá o leitor que sou mero defensor dos animais. Respondo que sempre serei, até porque sou eu mesmo um animal.
Nem sempre evoluído.

The José Mayer Sex Soap Opera Syndrome

Desde a semana passada, deu José Mayer na cabeça. Falavam dele nas publicações. Falavam dele nos programas femininos. Falavam dele no ônibus para São Paulo. Falavam do sujeito até no bar que freqüento, na rua Maria Quitéria. O galã da nova novela das oito da Rede Goebbels é o cara da vez, e só perde em beleza para Manuel Zelaya, o "Sinhozinho Malta Hondurenho Conquistador de Embaixadas".
José Mayer é uma espécie de Michael Douglas menos tarado, sem Catherine Zeta-Jones, mas com aquela boa e velha lista de mulheres seduzidas. Cá pra nós, José Mayer tem cara de peão, jeito de peão, sorriso de peão e atitude de peão. É um peão no "Leblão". Tem helicóptero, hotel cinco estrelas e mulheres a seus pés.
É peão rico, com a lábia "Moneytalks" daqueles cinqüentões abarrotados de grana que namoram a gatinha de 30, 20 ou dez anos de idade. José Mayer é o Tio Sukita com dinheiro. Peão Tiozão. Peão que aparece em propagandas extintas de cigarro Derby, ou em propagandas sobreviventes de Bombril e adoçante.
Pombas! Eu, que tenho 36 invernos na cara, e que orgulhosamente venho de Hardcore Brasília, já me sinto um estranho numa terra estranha aqui em Pitboyland. Imagina o personagem do José Mayer...
Quase nada contra o Leblon. Até acho legal e acolhedor (se não fossem esses clichês televisivos). Mas esses tiozões do Leblon são doses. Vivem se reunindo nas manhãs de domingo naquele Talho Capixaba, almoçando nesse recém-inaugurado Le Bronx (sacaram o trocadilho odioso?...), jantando nos restaurantes japas da Dias Ferreira e bebendo na Pizzaria Guanabara ou no Jobi. Em pé!!! Colocam nome na lista de espera!!! Come on...
Cadê os homens ranzinzas do Leblon? Cadê os velhos que ficam quietos num canto, olhando a garotada fazer merda? Cadê os caras que não se importam com rugas, mulheres velhas e garçons amigos? Porra! Diplomacia de botequim?! Qualé?!!! José Mayer e companhia (alô, Oswaldo Montenegro...) deveriam ser encaixotados e enviados para o Laos, alegre território povoado de gente boa.
Enfim, nada de violência. Contanto que esses clones do José Mayer não interrompam minha cervejinha semanal, está tudo bem. Do contrário, é apocalipse em Technicolor.

On Ira Plus Loin (versão Código Morse)

Amanhecer no lar doce lar. Tempo chuvoso e frio. Feira com a mãe. Internet e casa da avó. Almoço. Mais internet. Textos, rádio e telefonemas. A Dinamarca não é o que parece (ou seja: é um Estado-Traveco). Leituras. Jantar leve no Degrau. Dois chopps. "O Dia do Chacal" (versão original) e sementes de girassol. Depois de setembro, outubro. Música clássica, textos, leituras e cama.

Parceiro é o teu passado (versão Código Morse)

Mais chuva e frio. Café reforçado. Leitura para o curso. No Dia Mundial Sem Carro, Pitboyland não se curvou. De um taxista: "...pode até ser ecologicamente correto, mas não coloca comida na minha mesa...". Telefonemas e internet. Loteria. Sósia do Clodovil no Leblon. Bafafá no Porão do Rock. Comentário no Rock Brasília. Bom texto do Zeca (revisa, porra!!!). Texto sobre o aparecimento do livro. Almoço em casa: salada de kani, rúcula, agrião e palmito. Rádio, textos e colagens. Põe o Zelaya pra lavar a louça da embaixada. 432 pra PUC. Discussões sobre o surgimento do livro. Gutemberg era um verdadeiro punk. Casa. Arroz e frango com curry pro jantar. Pedaço do "Casablanca" e suco de uva. Jazz, textos e cama.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vida Útil (versão Código Morse)

Tempo ensolarado. Jornais, café e internet. Sampa, here I come! Textos pro curso. Almoço em casa. Café, textos, rádio, listas e demais preparativos. 128 pra PUC. Xerox lotada e festa dos grêmios repletos de playboys. Salgadinho e Coca-Cola no intervalo. Discussões acaloradas sobre Paulo Coelho, Dan Brown e a leitura no Brasil. 157 para o Leblon. Sanduíche e textos. Rádio com música medieval. Leitura e cama ao som de Toto.

Amorzinho Ácido (versão Código Morse)

Tempo nublado ainda. Internet e Rio Sul. almoço na padaria. Carioca às vezes é uma praga. Textos, agendas, leituras, recortes e telefonemas. Ótimas notícias. Sampa or not Sampa? Bateria. "Main Man" Mike no Leblon: falastrão e ranzinza. Jantar no Degrau, dois chopps, filé de badejo e piadas hilárias. Porque nunca chove no Leblon de Manoel Carlos (parece subúrbio Hollywoodiano...). Rádio e leitura. Cama ao som de Pink Floyd.

Primeiro Dia de Aula (versão Código Morse)

Tempo nublado, mas o êxtase continua, assim como a esperança por um show em Pitboyland. Só AC/DC para me levar para um estádio de futebol. Internet lenta. Cuidado com a piscina, Mick Taylor! R.I.P. Jim Carroll. Compras da semana. Chuva fina. Suco de manga e esfirra de carne. Textos e rádio. Almoço em casa. Mais textos e leituras. Primeiro dia de aula na PUC: boa turma e boas discussões. "Blade" no SBT e sanduíche de patê. Cama. Muito cansado.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Felicidade (versão Código Morse)

Chuva e frio. Acordo cedo e tomo café. Confirmam a primeira data do AC/DC em território tupiniquim (Morumbi, São Paulo, 27 de novembro). Em êxtase ao longo do dia. Em êxtase no almoço. Em êxtase tomando café e revendo uns textos. Em êxtase lavando a louça. A ficha ainda não caiu, mas o cérebro já se prepara. Sanduíche simples e noticiários. Bom programa da TV5 sobre restauração de móveis do patrimônio francês. Pra cama com um sorriso gigante.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Me enterrem no mais profundo do Ártico (versão Código Morse)

Acordo cedo. Lá fora, milhares de camadas solares recheadas de outras milhares de camadas solares. Muito quente. Café e jornais. Textos e sonzinho bom. Pandemônio de flanelinhas, Prodigy e Quiet Riot. Colagens. Manual Bandeira e "Tragédia Brasileira". "Take the red pill and I’ll show how deep the rabbit hole goes...". Almoço em Santa Tereza. Feijoada e cerveja. O nome do garçom é Ariano, mas o resto eu não posso contar. Barriga cheia, com sono e louco por um banho. Ducha gelada. Televisão. Textos e telefonemas. Vou comprar mais pilhas. Ainda calor. Água e leituras. Rádio e cama.

38000 Facadas sob o Luar (versão Código Morse)

Ainda resfriado, passeio no Leblon. Talho Capixaba entupido de débil mental ("o Manoel Carlos não vai contratar nenhum de vocês..."). Livraria Argumento e pocket do Raymond Chandler. Bootlegs: o AC/DC ficou ótimo, o Led Zeppelin ficou honesto, mas o Dio em Wacken ficou uma merda. Almoço no Degrau: polvo e arroz de brócolis, além de muito barulho. Descanso em casa. Rádio e textos. Banho e televisão. Tentei assistir ao tal "Guerra S.A.", com o John Cusack e a Marisa "Delícia" Tomei, mas não agüentei sequer 15 minutos, de tão chato que era. Vi um pedaço do "Exterminador do Futuro 2", mas a dublagem me fez desligar a televisão. Jazz e textos até as duas da matina.

Emerging from a Mushroom Cloud (versão Código Morse)

Alarme não toca. Café rápido. Internet e telefonemas de contatos. Tempo abafado e fonte imbecil. Cariocas mal-educados. Chopp no Clipper pra relaxar, caso contrário é chacina com uma bolsa Eastpak bem pesada. Almoço na avó e problemas com a televisão. Trânsito infernal e sinfonia de buzinas. Xingamentos novos. Rádio e bateria. Banho. 157 para o Humaitá. Chopp com amigos no Joaquina da Cobal. Febre leve? Paracetamol, xarope, chá e Targifor. Mea Culpa ao som de David Bowie.

Este Jornalista não gosta de Heineken (versão Código Morse)

Acordo em um microondas. Calor e torpor em Pitboyland. Preciso de pilhas Duracell made in Chernobyl. Rio Sul. atendente-múmia não resolve meu problema. Internet lenta. Eu mereço. Vento abafado. E o Dilúvio de Sampa ainda não vem pra cá. Almoço na padaria. Recortes e textos. Projetos pragmáticos. "Silent Trigger" e "Sandokan" no VHS. Tempo fechado. Rádio e agendas. Quatro mosquitos se deram mal no meu quarto. Desenhos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Watchmen, o Filme (uma pseudo-resenha)

Eu não gostei de "Watchmen" e agradeço aos céus por não ter gasto rios de dinheiro em ingresso, pipoca e refrigerante no cinema para vê-lo. Posso até ter gostado de algumas cenas de luta e de duas ou três piadas, mas não gostei do filme como um todo. A trama fica melhor no papel, e nem acho que ela deveria ter sido adaptada para o cinema (Terry Gilliam pode considerar-se um sortudo...).
"Watchmen" quer ser sombrio, mas é espalhafatoso. "Watchmen" quer ser complexo e para finos conhecedores de quadrinhos, mas só consegue ser confuso e só arrancar algum sorriso daqueles que entenderam a década de 1980; suas particularidades, seus personagens – Lee Iacocca levando um tiro no meio dos olhos até que foi uma boa idéia – e seus temores. Jovens de hoje não têm medo de uma hecatombe nuclear provocada por americanos e russos. O perigo agora é aquecimento global, é a poluição, é o fanatismo de – dizem – sujeitos que moram em cavernas do bas-fond afegão.
Zack Snyder, responsável pelo filme, já está em seu segundo abacaxi cinematográfico. Após aquela propaganda bélico-homossexual intitulada "300" – por sinal, outra adaptação de graphic novel –, resolveu fazer uma propaganda pacifista envolvendo sujeitos fantasiados saídos de algum fã-clube do Village People. De todos, o menos ruim é o tal do Rorschach (ou algo assim), interpretado por Jeffrey Dean Morgan (do assa interessante "Pecados Íntimos", pelo qual foi indicado ao Oscar deste ano...).
O resto é conversa pra boi dormir, muita câmera lenta e mais de três horas de uma bobajada que fez com que meus olhos doessem.

300 (uma pseudo-resenha)

Entre uma mordiscada e outra de um Toblerone, coloquei o filme no leitor de DVDs. O diretor tinha começado bem, com uma refilmagem de "Madrugada dos Mortos" de lamber os beiços; bem filmada, com uma belíssima fotografia e uma edição rara para um filme de terror. Resumindo: lugar de destaque na minha videoteca.
O assunto da vez, entretanto, era esse tal de "300", adaptação blockbuster da graphic novel de Frank Miller. A trama gira em torno de Xerxes, skinhead bronzeado oriundo da Pérsia e interpretado por Rodrigo Santoro, global sem graça e que por mim poderia ser enterrado sob toneladas de neve em Bariloche. Conquistador barato e viciado em bizarrices, Xerxes encontra certa dificuldade em penetrar o território de Leônidas, dono de uma barriga de tanquinho e acometido de um problema auditivo congênito que o faz gritar ao invés de falar normalmente. Disposto a defender seu cantinho, Leônidas reúne a galera da Academia Esparta para, juntinhos (e sempre aos berros), sapecarem o sarrafo em Xerxes durante mais uma de suas festinhas raves mundialmente conhecidas. Contudo, em uma dessas artimanhas do Destino, Leônidas se dá mal e bate as chinelas no campo de batalha, cravado de flechas.
Anyway: eu não gostei do filme pois, por incrível que pareça, é um troço muito parado, cheio de câmera lenta e um lero-lero sacal entre dois débeis mentais musculosos que querem provar quem é o maior bofe do pedaço.

Chacina no Paraíso (versão Código Morse)

Amanhecer com dor de garganta. Passo na locadora de vídeos ("Watchmen" e "Revolver"). Farmácia e casa da avó. Shopping com a mãe (estampas na Totem e tênis pra caminhada...). Café com pão de queijo. Textos, internet e rádio. Almoço espartano. Nelsinho Piquet é O "convidado bem trapalhão". Overdose de shows ainda este ano (Faith No More, Prodigy, Sonic Youth, Jerry Lee Lewis...). Telefonemas, desenhos e projetos. Bateria. Dose de Famous Grouse no escuro. Filme e macarrão. Textos, leituras e música. Menos calor. Cama ao som de música indígena.

Memórias de uma Barra de Chocolate (versão Código Morse)

Acordo cedo por causa do calor. Após o café, mais uma ida ao Rio Sul para resolver a questão do celular. Adiaram o começo do curso. Recortes, agendas e leituras. Esse Jon Savage é o mesmo que escreveu um livro sobre o punk inglês? O Anticristo nasceria de cabeça pra baixo no dia 09/09/2009? Almoço na avó. Textos e leituras. Banho. Assisto aos filmes "Pecados Íntimos" (bom) e "Anjos e Demônios" (bom). Como uma ciabatta da Domino’s. rádio, calor e cama.

Existe Esperança para Artistas Bêbados (versão Código Morse)

Torrada, iogurte e café. Jornais. Ana Cañas e o sujeito da banda Beirut merecem liberdade. Daqui a pouco vão querer o dinheiro de volta toda vez que o Iggy Pop se apresentar e não tirar o bilau pra fora. Compras da semana. Batendo perna no Leblon e em Ipanema. Sol danado. Bate-papo com o vendedor de bala no ponto do ônibus. Almoço na padaria. Textos e mais textos. Mate gelado. Rádio e internet. Ducha fria. Noticiários e telefonemas agradáveis. Leituras. Minhas costas doem. Cama e muita água.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filosofias (Parte Um: Nelsinho Piquet)

"Fui convidado a bater". A frase é do piloto de Fórmula 1 Nelsinho Piquet. Segundo fontes seguras deste vosso humilde jornalista desempregado, o sujeito é um mala e um playboy de Hardcore Brasília. Agora solta essa: "...convidado a bater...".
E por acaso tinha que fazer reserva ou trajar smoking, seu débil mental?!!!
Como diria o sumo-filósofo Robert de Niro, "GETTAFUCKOUTTAHERE"...

(Nota da Redação: Kirisoré não curte Fórmula 1...)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sábado From Hell (versão Código Morse)

Café tarde. Rádio, textos e telefonemas. Tempo nublado e abafado. Horda de maratonistas radicais no Monumento aos Pracinhas. Almoço no rodízio de comida japonesa em Ipanema. Sorvete Itália de sobremesa. Descanso em casa. Rádio e banho. Últimas notícias da França e do Gabão. 571 para o Flamengo. A mulher atrás de mim só fala besteira. Gol do Brasil, mas eu passo batido. Amigos, risos, gargalhadas, cerveja e cartas na mesa. Táxi de volta às quatro da matina. O motorista tem bafo e o carro tem cheiro de maconha. Capotamento humano.

Feriado em Pitboyland (versão Código Morse)

Café e jornais. Internet e notícias do Gabão. Idéias de colagens e camisetas. Encomenda de bootlegs. Loteria e banco. Almoço na padoca. Sneakers escondido. Baixa a borracha nos manifestantes, mas também baixa no Congresso. Rádio, colagens e textos. Banho. Encontro e reencontro com amigos no restaurante chinês de Copacabana. Quatro Bohemias e dois petiscos. Garçons bizarros. Fofocas, resumos e soluções. Volta pra casa. Cansado.

Sem Chances (versão Código Morse)

Seis horas da manhã e amanhecer em lugar estranho ao som de pássaros. Dois copos de água gelada pra acordar. 434 bem cedo para voltar para casa. Café simples. Jornal, internet e leituras. Planos para um quarto e sala no meio da selva de concreto. Almoço na casa da avó. Telefonemas. Desculpas aceitas. Planos de viagens. Banho. DVD do Hells Belles (muito direitinho...). Miojo. Rádio de música clássica. Anotações e colagens. Cama, apesar da festa na cobertura daquele débil mental.

Pré-Sal é o Escambau (versão Código Morse)

Café simples e rádio. Devolução dos filmes. Pagamento de contas. Visita à avó. Suco de uva e empadinha. Sebo de Ipanema. Nada de agendas da Taschen ainda. Discussão na Visconde de Pirajá sobre cachorro sem coleira. Almoço na padaria (sushi made in Saracuruna...). Revistas na banca, loteria e papelaria. Textos e colagens. Bateria. Ducha fria. Amendoim, água tônica e "Moby Dick" (versão John Huston, com roteiro de Ray Bradbury). Últimas notícias na CNN. Cama ao som de Ornella Vanoni.

La Sangre Del Mono (versão Código Morse)

Exame de sangue e café da manhã espartano. Compras no supermercado. Fio de tomada para o aparelho Revox B-77. Suco de laranja. Telefonemas e mais telefonemas. Almoço no Bob’s do Centro. Livraria Martins Fontes e encomenda das minhas H.Q.s do Torpedo "perdidas". Ônibus de volta. Trânsito caótico. Rádio. Bateria. Uma cerveja gelada e muito silêncio no escuro. "Unledded" do Page&Plant e salada de Tomate&Pepino. Música clássica e textos.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Frases Soltas no Gás Crabônico de Pitboyland (versão Código Morse)

"Agora que já acordou, vai buscar o jornal lá embaixo". "Tem salada de fruta na geladeira". "Pré-sal pra cá, pré-sal pra lá, e nem pra ela comprar uma peruca melhorzinha". "Tá de sacanagem? O Macauley Culkin tem esperma pra gerar um filho? Com quem?!". "Quando é que vocês recebem as agendas da Taschen de 2010 mesmo?". "Um suco de manga grande e um misto no pão integral". "Qual a graça em querer achar o Belchior?". "Guarda a caixinha". "Não é o Schwarzenegger, vó! É o Charles Bronson!". "Depois eu trago o Ultimato Bourne para a gente assistir, vó!". "Olha só, já telefonaram quatro vezes perguntando se eu queria um cartão Bradesco, e eu disse que não estava interessado...". "Pega meus filmes de terror que estão com o Zeca e a Dani...". "Tô no banho!!!". "Esse William Bonner nunca desiste de querer ser o novo 007, né?". "Diz que eu fui raptado pela Jihad Islâmica...". "Tô escrevendo!!!". "Boa noite, mãe".

Pitboyland que me aguarde (versão Código Morse)

Café, misto, iogurte e mamão. Textos e rádio. Livraria da Travessa (Moebius por 60 mangos cada? Vai direto pra lista de presentes de aniversário...). Namoro visual com o tênis atrás da vitrine. Provei um café da Starbucks pela primeira vez: quase tive um treco, de tão ruim (pena: o logotipo é legalzinho...). Locadora de filmes: peguei três e ganhei a pipoca. Almoço na avó: frango, arroz, feijão e salada. Na volta pra casa, passo por dois poodles se atracando (poodle devia ser proibido). Textos e rádio. Saudades sob um chuveiro de água refrescante. Telefonemas. Ruffles, cerveja e "Touro Indomável". Agendas. Última dose. Cama ao som de Jean-Michel Jarre.

O Governador de Sorriso Débil (versão Código Morse)

Café da manhã e rádio. Bainhas na costureira. Pesquisa de baquetas Ahead na internet. 532 até a PUC e entrevista rápida para o curso de extensão. Sanduíches no Subway e segundo filme do Arquivo X (fraco...) na televisão. Textos e rádio. Bateria. Histeria ufanista em Brasília. Inferno em Los Angeles. Demolição em Ipanema. Mais textos ao som de Rossini, Wagner e Charlie Parker. Pensamentos acerca de emboscada dupla no passado recente. Cama ao som de David Bowie.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cabeça de Bagre a Dois Mangos o Quilo (versão Código Morse)

Cedo demais para acordar. Café, iogurte e sol nascendo. Rádio. Mais café. Ônibus pra PUC (432) e inscrição no curso de Letras. Trânsito caótico para uma quinta-feira. Faço o trecho de volta praticamente todo a pé. Parada estratégica para um misto e um suco grande de manga. Casa da avó: dois eternos minutos passando água gelada na cara. Anotações e iPod (Black Sabbath com Dio) enquanto espero a hora do almoço. Arroz, feijão, fritada, salada e um negócio com salsicha e cebolinha. Mais anotações em casa. Mais café e internet. Banho e televisão. Rádio e textos. Cama ao som de Bauhaus.

El Sonido de la Muerte (versão Código Morse)

Ressaca leve. Café calmo, mas sem jornal. Domingo eles não entregam na porta, e eu não estou com a menor vontade de descer pra pegar. Caminhada por Ipanema até a Feira da Praça General Osório. Sol e tempo fresco. Mamãe comprou de camelôs. Pesquisa de especializações e mestrados em Pitboyland. Macarrão com abobrinha e camarão. Salada simples. Mais pesquisas. Textos e leituras. Rádio. Ducha fria. Mais rádio e textos. Música, White Horse e anotações. Desenhos antes de dormir.

Papa Bourguignon ataca novamente (versão Código Morse)

Acordo mais cedo. Café reforçado e leitura de jornal. Tok&Stok para comprar os cavaletes. Almoço no self-service da padaria. Tempo nublado e frio. Textos e leituras. Desenhos. Ducha morna. Televisão. Show dos Paralamas com amigos na Barra. Japonês no Leblon. Esfomeados. Muitas piadas e muito frio. Cama

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Resenha do show dos Paralamas do Sucesso no Citibank Hall (Pitboyland, 22 de agosto de 2009)

O capitalismo venceu, e esta é um fato que poucos poderiam refutar.
Tomem, como exemplo, esse shopping na Barra da Tijuca, em Pitboyland: centenas de lojas, uma praça de alimentação para glutão nenhum botar defeito, cinemas, jogos para crianças, segurança decente, estacionamento organizado, e até uma casa de shows em seu interior. O Citibank Hall não é nenhuma novidade. Mesmo tendo mudado de nome várias vezes, a estrutura é a mesma. E foi nela que os Paralamas do Sucesso se apresentaram no último dia 22 de agosto para divulgar seu novo álbum, "Brasil Afora".
Eu já havia assistido a dois shows da banda; um em Brasília (quando) e outro, durante uma aparição-surpresa em um show dos Titãs, no saudoso Imperator, localizado no bairro do Méier, em Pitboyland. Ambos os shows se deram antes do acidente que quase matou o vocalista Herbert Vianna. De lá pra cá, muita água passou por este rio. Medos, dúvidas, projetos paralelos e a volta por cima de forma decente, sem o alarde de uma dessas reuniões que permeiam a indústria musical (este que vos escreve é fã de The Who, mas nem por isso desconhece as verdadeiras razões de reuniões da banda nas últimas três décadas...).
Escrever sobre os Paralamas é chover no molhado. Músicos calejados, Vianna, Bi Ribeiro e João Barone – além do tecladista e da dupla de metais que o acompanham nesta turnê – não precisam de mais aplausos e reconhecimento. São ótimos instrumentistas e já garantiram seus lugares no panteão da música – e principalmente do rock – tupiniquim. Mas certos pontos acerca do show no Citibank Hall deveriam ser frisados:

1) A casa de shows é boa para um show do Charles Aznavour ou de um Julio Iglesias, mas certamente não condiz com as prioridades do público de uma banda de rock. O "Fosso" em frente ao palco foi basicamente recheado de mesas nas quais um público mais velho (e quando digo "velho", é gente a partir de 60 pra cima, que não pensa duas vezes antes de tirar uma soneca no meio do show...) e com mais "posses" pediam baldes de cerveja, uísques e petiscos cujos preços não raro me fariam ter um ataque de taquicardia antes de soltar um monólogo Orwelliano.
2) Lá pelas tantas, após agradecer o "carinho" da platéia, o baterista João Barone brincou, dando a entender que estava do lado daqueles que permaneciam na área do triste populacho, localizado atrás de grades e longe do palco. Bonitinho, mas é o tipo de coisa que não convence quando você tem de pagar o conserto e a restauração da tua coleção de jipes da Segunda Guerra Mundial. Hence: galera do champanhe situada no "Fosso".
3) Alguém deveria surrar o diretor de palco e o responsável pelo cenário. Baterista NUNCA fica em um dos lados. Baterista e seu kit ficam no meio, atrás do vocalista. E o que era aquela cortina multicolorida ao fundo?! Quase achei que estava no show do Chico César ou da Daniela Mercury...
4) Por mais que a Galera do Fosso tivesse de ser decapitada em praça pública (menos eu, é claro, pois fui convidado...), ela tem direito a uma última dança e nunca deve ter a atenção chamada pelo dito "segurança oriundo do Planeta Armário" cada vez que bebe além da conta e levanta da cadeira para sacudir o esqueleto. Para maiores defesas da dança como forma de relação social, vide os derradeiros 20 minutos do filme "Footloose", de 1984.
5) Exatamente por se tratar de gente endinheirada, a Galera do Fosso nem sempre responde ao apelos de uma banda de rock. Assim, quando, no meio de uma canção – acho que era "Selvagem" ou "Cinema Mudo" –, Herbert Vianna pára tudo e lança aquele manjado "...agora vocês...", não é de se indignar que, ao invés de um coro de empresário e suas esposas/amantes, o único som que ele receba em troca seja a de uma rolha de champanhe Veuve Cliquot ou Bollinger pipocando em meio a um silêncio perturbador.
6) Eu nunca entendi por que diabos organizações mundiais não utilizam o mesmo sistema de segurança (três inspeções de ingressos, baculejo de praxe, pulseirinha rosa para ir ao banheiro, etc.) usados em shows de rock. Estou certo de que atentados terroristas não ocorreriam mais com tanta freqüência.
7) Era REALMENTE necessário tocar um cover do Los Hermanos? Por que não se ater aos clássicos dois covers do Titãs?

Isso dito, a noite foi agradável. Um friozinho bacana, amigos, bom papo e cerveja. Acabo de saber que, em novembro, o Faith No More vai tocar na mesma casa de espetáculos. Só que desta vez, espero, sem o temível "Fosso".

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Adiós, H.B.

(mais um texto que deixei de publicar em Brasília...)

Pois é. Pela enésima vez, vou abandonar o navio de Hardcore Brasília e me exilar no caos de Pitboyland. Perrengue oblige. Me mando de minha cidade natal para abraçar, com cara de comatoso, a selva e as agruras de Pitboyland. Nada de brincadeira. Thulsa Doom venceu esse round.
Adeus Beirute da Asa Norte. Adeus quibes, cervejas de garrafa Original, garçons apressados mas atenciosos, papos sobre cinema, papos sobre muchachas, papos sobre desilusões, papos sobre ladrões.
Adeus conversas sobre cinema, rock e mulheres. Adeus papos sobre política no Landscape.
Adeus fofocas sobre todos os políticos filhos de uma só puta deste país.
Adeus muchachas do Brasília Shopping. Adeus garçonetes maravilhosas da Rappel. Adeus atendentes deliciosas da lavanderia.
Adeus sanduíches do Sky’s. Adeus almoços de domingo no Savannah, no Marietta, no Green’s, no Ninny, no Trulli e na Galeteria do Sudoeste. Adeus Tucunaré na Chapa.
Adeus pessoas em carne e osso (Miguel, Danielle, Zeca, Daniela, Tito, Gustavo, Silvia, Elisa, Michelle, Giselle, Dona Ivone, "Seu" Vítor, Isadora, Dante, Larissa, Justine, Bamba, Roberta, Helano, Raimundo, Sandra, Divânia, Francisco, Alethea, Brígida, Mário, Cleon, Blas, Telmo, Ed, Juliana) e fantasmas de plantão (El B., Dennis Demente).
Adeus bandas (IN VITRO RULES!!!) e mais bandas (D.F.C., Galinha Preta, The Succulent Fly, Os Cabeloduro, Possuído pelo Cão).
Adeus site Rock Brasília e Tamara Penny Lane (só te vi uma única vez, e deu certo...Beijos).
Adeus porteiros, faxineiras, frentistas, lanterneiros, guardadores e flanelinhas.
Adeus garçons (the good, the bad and the ugly ones...).
Adeus pistas de dança (Gate’s, Landscape, UK Brasil, O’Reilly’s...).
Adeus Conic, Kingdom Comics e camisetas da Grito.
Adeus compras das manhãs de sábado no Pão de Açucar (Malú é minha caixa preferida...).
Adeus meu eterno Demônio Azulado (vê se não dá uma de Christine com o próximo dono, viu?...).
Adeus mal-agradecidos ("obrigado" é uma palavra que está no dicionário...).
Adeus telefonemas inúteis. Adeus emails não respondidos. Adeus cartas não-enviadas.
Adeus Eixão, Asa Norte e Esplanada.
Adeus gerente maluca da minha agência do Banco do Brasil ("mas a sua mãe não deixa mesmo a gente falar, não é?") e caixa gente boa da agência da 509 Norte.
Adeus cães de quadra, cães de vizinhos e cães muito estranhos ("O nome do teu cachorro é Sushi?...").
Adeus festas de casamento com as mesmas músicas, os mesmos doces, os mesmos D.J.s, e os mesmos vestidos (a próxima vez que escutar aquela musiquinha do assobio, mato alguém...).
Adeus playboys-beijadores-de-poste e patricinhas-comedoras-de-Botox.
Adeus cursinhos preparatórios para concursos públicos.
Adeus malucos que confundem Hardcore Brasília com Pitboyland.
Adeus gente que eu nem fiz questão de conhecer.
Adeus escalada na Primata (agora vai ser na Urca...).
Adeus ioga na 708 Norte.
Adeus programas estranhos de uma TV local estranha ("Ao meu lado, The Demon...").
Adeus Jim Beam, Drambuie e Red Label noturnos (todos adquiridos na Super Adega).
Adeus táxis das cinco e meia da manhã indo para o aeroporto.
Adeus quitanda de produtos orientais do Sudoeste ("...é um doce com recheio preto ou branco...").
Adeus àquele imbecil do escritório de tradução ("Do I look funny to you?...").
Adeus aos funcionários públicos do D.F. que não param de choramingar (e em seguida compram suas passagens para Paris, Bariloche ou MIAMI...).
Adeus delegados, procuradores, advogados e analistas que não valem o que o meu papagaio despeja no jornal.
Adeus mendigo que falou comigo em Inglês ("What time is it, please?...").
Adeus médicos e receitas ("...mas esse teu relojinho tá funcionando muito bem, hein?...").
Adeus Hardcore Brasília...

Copacabana só engana (versão Código Morse)

Começo de mais uma semana. Café simples. Cartório em Copacabana. Suco de manga grande. Compro o DVD do "Moby Dick" na Casa&Vídeo. Mais pizza na Esplanada. Rezo para que São Lee Harvey Oswald dê um jeito nos nossos políticos. Almoço na casa da avó. Compro fita adesiva, caneta Pilot ponta fina e envelope de carta. Textos e rádio. Arquivos. Barulho de trânsito. Bateria. Saques e sacadas. Sanduíche de pasta de atum e dose de Famous Grouse. Mais textos ao som de jazz da MEC FM. Pelo menos o apresentador fala um inglês decente. Recortes bizarros. Cama ao som de Philip Glass.

NOT AGAIN, MON AMI!!!!

Porra! Assim não dá! Charles Aznavour novamente no Brasil?! Não tem casa própria não, meu filho?! O governo Sarkozy não tá te tratando direito? Se continuar assim, vais entrar no panteão dos artistas que, volta e meia, vêm fazer show aqui para pagar o aluguel da mansão em Bel-Air e a gasolina do Lamborghini, tais como Deep Purple, Billy Paul e Julio Iglesias.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Sorte de um Homem de Óculos Escuros (versão Código Morse)

Nada de negociação com família e amigos, pois permaneço em Pitboyland. Textos ao sol. Recortes. Almoço: macarrão com molho de atum e tomate. Vinho tinto. Mais textos. Escuto a partida de futebol pelo rádio, mas não torço para nenhum dos times. Mais recortes. Calor. Acabou a água, pois estão limpando as caixas. Atrasado para encontro com casal de amigos. Banho rápido. Garcia d’Ávila. Pizzaria com fila, mas reservamos. Bom papo e muitos chopps. Volto a pé, cambaleando. Cama ao som de Peter Gabriel (trilha sonora do filme "Birdy" ou algo assim; aquele com o Matthew Modine e o Nicholas Cage...).