quinta-feira, 28 de abril de 2011

Camboja Tupiniquim

Eu estava baixando alguns clipes do Nashville Pussy – dentre os quais o divertidíssimo “Say Somethin’ Nasty” – quando me dei conta da data no calendário de mesa. Mais uma vez, a impressão era de que o ano estava passando rápido demais. Sem chances para um sonho. Sem chances para uma grande conquista. E se o mundo tal qual o conhecemos realmente desaparecesse em dezembro de 2012?

Artigos e mais artigos escritos sobre esse assunto, e eu me via cético e preguiçoso no tocante a tão sensível tópico.

Em Pitboyland, contudo, o oba-oba grassava, alheio aos apelos desesperados, às advertências de calejados observadores e até ao fogo amigo do Crea, do TCU e do Ipea, que concluía que grande parte das obras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 não seria concluída a tempo. E isso sem sequer mencionar a situação nos hospitais, no transporte público e na confusão subterrânea responsável por explosões de bueiros.

Pitboyland dá claros sinais de que está indo para o buraco; como aquele mini-submarino pilotado por Michael Biehn em “O Segredo do Abismo”.

Simplesmente sucumbindo a uma silenciosa pressão, com tempo apenas para um derradeiro e inesquecível urro.

Só o Rock salva

Aquela semaninha foi ruim.

A máquina de lavar estava vazando, o alarme disparava sem motivo aparente, eu dormia muito mal, o curso da PUC estava sem graça, meus celulares não pegavam em 99% dos locais onde me encontrava, os preços estavam subindo, os empregadores se tornaram débeis mentais completos, os freelances se tornavam escassos, o Rock in Rio 2011 naufragara de vez, a entrega de compras estava demorando muito, o Joá desmoronaria a qualquer momento, os tacos da suíte estavam soltos, os funcionários do Metrô haviam se transformado em violentos feitores, as embalagens de comida haviam sido invadidas por insetos voadores, os vizinhos já não ligavam para o bem comum, o barbeiro errara a mão no meu cabelo, o jornaleiro continuava grosso, os passageiros do ônibus continuavam barulhentos, os pedestres pareciam personagens em câmera lenta, e os temerosos tentáculos de Pitboyland estavam cada vez mais próximos.

Assim mesmo, toda vez que escutava um rock, a esperança renascia, gloriosa, das trevas.