quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lezeira

Este vosso humilde escriba está de férias, e só retorna na próxima semana, com a lista do Prêmio Kaspar Hauser de 2011.

Boas festas etc., etc..

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

...a fortress around your heart...

Se arrependimento matasse, este vosso humilde escriba estaria estirado sobre a poltrona da sala, diante da televisão, com os olhos esbugalhados, a língua pra fora e a cabeça pendendo para um dos lados, como naquela cena do "Frenesi" de Hitchcock. Um mero e patético corpo inerte na madrugada. Faço este pequeno drama pois assistir ao filme "The Keep" (1983), de Michael Mann, beira um sacrifício digno de uma Madre Tereza.

A coisa toda simplesmente não vai pra frente, e quando vai o faz de modo insensato, obedecendo a um roteiro sem pé nem cabeça. O elenco de primeira (Ian Mckellen, Gabriel Byrne, Jürgen Prochnow, e Scott Glenn) não ajuda em coisa alguma, e apenas faz coro à sufocante trilha sonora do grupo de rock progressivo Tangerine Dream. Pra piorar, tem uma entidade - fantasma? Alienígena? Cramulhão? - que explode suas vítimas em efeitos especiais que lembram a cena do ritual nazista de "Caçadores da Arca Perdida".

Sinceramente, eu não sei por que diabos eu achava que o filme era bom. talvez fosse o efeito do pôster, sei lá. Lembro que a ótima (pelo menos era o caso na década de 1980...) revista de cinema francesa Écran Fantastique trazia o mesmo em meio a artigos sobre filmes de terror e ficção científica. Cresci ao longo dessa mesma década lendo a Écran, a Linux (italiana, de HQ), a À Suivre (francesa, de HQ), a Animal (paulista, de quadrinhos e variedades do chamado nderground...) e a Bizz (de música...).

Dizem que aqueles anos 80 foram uma "década perdida". Discordo, e acho que quem afirma isso é débil mental e deveria ser jogado em algum vulcão em erupção (algum tipo de "Haroum Tazieff Reality Show"...). Aqueles anos foram muito generosos comigo, formaram uma bela parte de minha "cultura". E, apesar de eu ter sido um moleque introvertido e mimado, aprendi muito ao longo daquela década. Desabafo de novela das oito à parte, confesso que nem tudo que surgiu naquela época foi salutar (i.e. Reagan, Xuxa, USA for Africa, Live Aid, Chispita, etc...).

"The Keep" deve ter seguido o mesmo caminho...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Zoológico meu do dia-a-dia (versão Código Morse)

Acordo tarde. Iogurte e café preto. Jornais e rádio. Telefonemas e arrumações. Contas no terminal eletrônico e revistas. Mais do mesmo, sempre. Xingado pelo estudante do ensino público. Almoço leve. Internet e mensagens. Vontade de sair do Facebook (decido até o Réveillon...). Vontade de publicar o livro com os textos dos blogs, e depois recomeçar tudo do zero. Agora, o Butão vai pra frente. Exercícios e banho. Livraria abarrotada. Emergentes plastificadas que procuram livros sobre candidíase. Moleque maconheiro afoito à procura do livro do Thomas Mann. Adolescente querendo "Alice no País das Maravilhas" com "uma capinha melhor". Bial tagarelando com uma fã. Definitivamente, seqüestraram o "Boa Noite", mataram o "Por Favor" e enterraram o "Obrigado". Dando explicações sobre a pressa e a falta de paciência dos demais livreiros. Lanche no intervalo: suco de manga e duas esfirras de carne. Pesquisa sobre fones de ouvido. Volta pra casa. Cuscús com cebolinha. Dois documentários sobre o filme "Laranja Mecânica". Vinho tinto. Capoto depois das duas.

Vampiro Bom é Vampiro Morto




"Stakeland" é o melhor filme de vampiro de 2010-2011. Quiçá de 2012. E isso porque coloca os sugadores de sangue em segundo plano, fato não muito corriqueiro nos filmes do gênero.

É óbvio que possui sua generosa cota de hemoglobina pegajosa exposta em jorros e mais jorros. "Stakeland", entretanto, é diferente, pois se atraca com um espírito de road movie e com um quê de filme de adolescência. O impúbere herói, no caso, perde sua inocência e sua ingenuidade com a primeira estaca cravada no coração de um maldito, à medida que tenta seguir os passos de seu "mestre" na luta pela sobrevivência numa América apocalíptica ameaçada por radicais religiosos assaz caricatos.

Fato é que o filme de Jim Mickle não teve a devida atenção por parte do público. Passou quase que desapercebido (e isso apesar de uma curiosa participação de uma envelhecida Kelly "Top Gun" McGillis no papel de uma freira recém-estuprada...). Em termos de marketing e de bilheteria, perdeu até para aquela refilmagem de merda de "A Hora do Espanto". Aliás, esse Colin Farrel deve ser maluco: participou desta (repito) merda de filme, atuou numa comédia honestíssima chamada "Quero matar meu chefe", e agora está prestes a estrear numa "coisa duvidosa" com um remake (por acaso o cara é viciado nisso?...) de "O Vingador do Futuro".

O curioso é que, após "Stakeland", assisti a uma refilmagem (definitivamente está na ordem do dia...) de "Invasores de Corpos" (1956), de Don Siegel; esta dirigida por Philip Kaufman em 1978. É sobre paranóia, sim, mas também sobre relacionamento humano, sobre confiança, etc. e tal. Tem cenas muito interessantes, participações curiosas (os próprios Kevin MacCarthy e Don Siegel do original...) e um Leonard "Spock" Nimoy cujo personagem - um psicólogo famoso com ares de Paulo Coelho - usa um par de luvas muito do estranho.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Falta de Planejamento

Leio, nos jornais, matéria sobre o lançamento de um polêmico livro segundo o qual Adolf Hitler teria escapado do cerco soviético a Berlin e se instalado na Argentina.

Como se sabe, o regime nazista colocou mundos e fundos em pesquisa tecnológica no intuito de vencer a guerra e conquistar o mundo. Essas coisas de ditador, por assim dizer.

Contudo, aparentemente, os mesmos nazistas não eram muito bons no que diz respeito a reconhecimento de locais.

Pois foram colocar o Führer, notório vegetariano, num lugar que possui uma dieta em carne vermelha das mais altas do planeta.

De fato, por essa e por outras, o regime nazista mereceu mesmo ter levado pau.

Ou chorizo, se preferirem...

Ao Nobre Amigo Esquimó, um afetuoso abraço...

Segundo dados deste blog, tenho leitor(es) nos confins do Alasca. Grato fico.

E a todos vocês, mais um afetuoso abraço, seguido de sinceros agradecimentos.

Boca de Radar, Língua de Tamanduá (versão líbia)

O clone de Cauby Peixoto está morto. O coronel Muammar Khadafi bateu as botas. Ouvi esta manhã na rádio. O ex-líder líbio faleceu em decorrência de graves ferimentos após fortes embates contra rebeldes na sua cidade natal de Sirte. É o que especulam as agências de notícias.

No que tange a este vosso humilde escriba, o escaravelho da teoria da conspiração já começou a rondar meus papéis, me obrigando a conectar fato com fato para esclarecer melhor essa história.

Fato: Khadafi era oficialmente procurado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia.

Fato: a OTAN bombardeou cidades líbias na tentativa de atingir o próprio Khadafi após o começo dos protestos na Praça Verde, em Tripoli.

Fato: a Itália chegou a oferecer asilo a Khadafi.

Fato: a Europa está com lama até o pescoço, numa de suas piores crises. As manifestações na Grécia são apenas a ponta do iceberg.

Fato: mesmo em meio a uma série de escândalos, Berlusconi acabou de receber um "voto de confiança" do Congresso italiano.

Fato: mesmo não tendo assistido ao parto de sua própria filha, Sarkozy já conhece o nome de seus adversários nas eleições presidenciais francesas.

Fato: tanto França quanto Itália (entre outros países europeus) mantiveram estreitas relações, anos a fio, com o regime de Khadafi e suas riquezas naturais (i.e. petróleo...).

Fato: os Estados Unidos não enviaram tropas, mas, sim, observadores.

Fato: as falas de Barack Obama sobre a crise líbia foram protocolares, e sequer tocaram no tema de uma eventual intervenção militar, dada a delicada situação do presidente americano frente ao Congresso daquele país.

Fato: o tal Conselho Nacional de Transição formado pelos rebeldes está longe de ser uma união estável e sólida, uma vez que o sistema tribal líbio é complexo, cheio de interesses particulares, e não chegou, ao longo do conflito, a um consenso.

À medida que o escaravelho e eu tomávamos nosso cafezinho no botequim ao lado, as informações (sic) na TV davam conta de que a Agence France Press divulgara uma foto de celular do suposto rosto ensanguentado de Khadafi. O ex-líder, segundo a TV Al-Jazeera, teria pedido que não atirassem. Alain Juppé, Ministro das Relações Exteriores da França, informara, em comunicado, que a França tinha orgulho ao ajudar o povo líbio na derrocada de Khadafi. Ah, nada como saborear um café ouvindo as declarações de políticos e jornalistas mundo afora.

Cá pra nós, alguém exagerou na dose, e a teoria da queima de arquivo se tornava cada vez mais forte. Imaginava eu esse sujeito vivo, sentado numa cadeira em Haia, cuspindo acusação e apresentando provas. Perdeu uma bela oportunidade de colocar muita gente na cadeia e ainda passar o resto da vida às custas da comunidade internacional, numa cela, é bem verdade, mas numa cela européia, com televisão, visita, advogado famoso, banho de sol, três refeições diárias e colchão honesto.

A situação, porém, é outra. Khadafi vestiu o paletó de madeira, dizem, num banho de sangue que envolvem simpatizantes do coronel, rebeldes e forças da OTAN. Alguns até disseram que as tais guardas-costas do coronel foram estupradas e mortas. Outros argumentaram que a sorte dos filhos do coronel que teimaram em ficar na Líbia vai ser a mesma.

Baixo, bem baixo. Afinal, dizem que a História se repete...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Na fila da Vida, "Homem Paradoxal" é um catzo...

Leio, no Globo, artigo assinado por um certo Pedro Doria (página 25, Caderno Economia) e intitulado "Um Homem Paradoxal". Trata do finado Steve Jobs, dono da Apple.

Segundo Doria, Jobs tinha dois lados. Podia ser afetuoso, mas ralhava quando lhe aplicavam uma multa por estacionar - repetidas vezes - no espaço para cadeirantes. Mesmo considerado sujeito "zen" e que "gostava de família", não raro soltava os cachorros em funcionários sem motivo aparente. "Excêntrico", dirão alguns.

Excêntrico uma pinóia.

A questão aqui não é saber se alguém é pró ou contra os produtos da Apple. Com exceção do meu Ipod, nunca comprei produto da Apple (aliás, foi minha mãe quem resolveu me dar o Ipod...). Primeiro porque custava uma fortuna; segundo porque, longe de querer algo pelo seu design, queria algo que fosse prático. Os produtos criados pelo Jobs podem até funcionar muito bem, mas também não vou entrar nessa discussão. Cada um escolhe o que bem lhe apetece.

Já colocar esse cara num pedestal são outros quinhentos, bem menos bonitinhos. Certamente farão a mesma coisa com o Bill Gates quando este bater as botas. Dirão, como disseram na CBN, que ele mudou a forma de fazer jornalismo (acho que foi a Miriam Leitão...), e coisa e tal. Uma papagaiada danada.

Mal comparando, mas comparando assim mesmo, lembro do simbólico caso do Von Braun, o sujeito que colocou os americanos no Espaço e depois na Lua. Era o Rei do Foguete na então recém-criada Nasa. Fato é que, antes dessa glória toda em solo americano, Von Braun tinha sua carteira de trabalho assinada por um certo Adolf Hitler e, então, ainda era conhecido, isso sim, como Rei do V2, em alusão aos mísseis de longa distância que queimaram Londres.

Mal comparando, repito.

Afora isso, lembro de um comentário no Facebook por parte de um amigo, segundo o qual a morte do Jobs provocava uma comoção tão grande numa comunidade que ainda cagava e andava (peço perdão pelas palavras...)pros milhares de mortos de fome em países da África ou simplesmente do outro lado da sua rua.

Ainda comparo mal?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Três Oitão na Nuca

Ah, o meu aniversário. Um turbilhão de clichês, lembranças, temores e esperanças. Um misterioso dia com algum torpor, alguns telefonemas e o cheiro de rotina que teima em pairar sobre o meu crânio.
Estaria este vosso humilde escriba ficando velho, ranzinza e chatérrimo? Estaria eu chutando o balde a caminho de algum paraíso de fraldas geriátricas, papinhas amargas e filmes vespertinos? Ou tudo isso não passa de mais um drama? Perguntas e mais perguntas que não querem calar.

Lembro (ainda) da época em que comemorava meu aniversário com direito a bolo e muitos presentes. Tinha festinha, vela no bolo, refrigerante e discos de vinil. Tinha aquela atmosfera pré-maquiavélica no fato de decidir quem convidar e quem deixar de fora. Lista VIP à la Balão Mágico, por assim dizer.

Nenhuma festinha ou evento marcou meus 38 invernos. Senti o "trezoitão" frio na nuca, ao longo das seis horas de labuta na livraria; ora atendendo ao pedido da secretária da Malu Mader; ora retirando - sem muita paciência - o plástico protetor de uma agenda Moleskine para uma cliente mais chatinha. No intervalo, comendo uma esfirra e tomando um suco de manga, mal pensei na minha nova idade. Como se adiantasse. sequer perdi meu tempo com lamúrias internas ou com o fato de poucas pessoas terem ligado (é simples: quem ligou, ligou; quem não ligou, bem, simplesmente não ligou...).

Findo meu turno, retornei à relativa paz de meu sacrossanto lar, onde, na companhia de Baby Takahashi, comi uma pizza de pepperoni e alguns cupcakes de chocolate, assistindo a trechos do show de Stevie Wonder e de um programa de decoração no canal 55.

Jerry Lee Lewis, o "killer" do rock, nasceu num 29 de setembro. Cervantes também. Assim como Les Claypool (do Primus), Brett Anderson (do Suede), Lech Walesa, o almirante Nelson, Silvio Berlusconi, Michelle Bachelet e, last but not least, László Biró, o inventor da caneta esferográfica, da qual faço uso há décadas.

Não fiz festa; tampouco convidei alguns amigos para algum bar. Em Hardcore Brasília, Zé "Black Lord" Dirceu promivia o lançamento de seu livro "Tempos de Planície". Sim, sim. Gay acima de qualquer suspeita. Pior: no restaurante Carpe Diem (mais gay ainda e muito "proletário chic", diga-se de passagem...). Dirceu já tinha filho (aliás, um "problem child" mineiro...), já publicara um "livro" (sic). Agora, só faltava plantar a árvore e esperar o dia em que a mesma crescesse o bastante para suportar a corda do enforcamento. Aparentemente, isso demoraria.

A felicidade do ex-guerrilheiro (what the hell?!...) contrastava com a tristeza da família do rapaz que peregrinara - inutilmente e desacordado - por cinco ou seis hospitais de Pitboyland, até encontrar um no alegre Méier. Para lá morrer.

Ah, esse mês de setembro. Bizarro, comme tout. Tão bizarro quanto aquela manhã em que despertei desejando que algum Lumpa Lumpa de topete servisse meu desjejum com um sorriso de orelha a orelha. Me chamando de "my liege" antes de ir à padaria comprar meu joelho de queijo com presunto. A vida, no entanto, não chegava a tal estado de beleza.

Lá estava eu, recém-empregado por uma livraria, comendo torrada com pasta de atum, bebendo Coca-Cola e assistindo - assaz de saco cheio - ao show do System of a Down, cujo vocalista, um Salsi Fufú politicamente correto demais, dava nos nervos com seus discursos e suas dancinhas. Isso foi num domingo.

A segunda-feira estava logo ali...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Clone Wars

É oficial: a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) está com a cara do Charles Bukowski...

Medo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Com uma kukuri no crânio, o meliante sorriu (versão Código Morse)

Acordo com a mesma dor na nuca. Café, iogurte e laranjas. Tempo ainda nublado. Rádio e textos. Banca de jornais no shopping. Almoço: frango delicioso, arroz e batata-palha. Descanso antes do banho. Salonsip no ombro e na nuca. Chiclete. Chuva chata. Loja com movimento irregular. Livro sobre defesa pessoal para mulheres. Suco de manga no intervalo. Turistas franceses em busca de um livro com receita de coxinha. Notícias sobre o curto show do Motorhead. Clientes que querem o livro da vitrine...e não compram o livro. Volta pra casa. Sanduíche e taça de vinho. Show do Slipknot e show do Metallica: honesto, decente, mas nada novo. Televisão tupiniquim ainda carece de comentaristas de shows. Dor na nuca continua, e essas poltronas em nada ajudam. Vou dormir por volta das 4 da matina. Outra vez...

O satélite caiu na piscina do budista canadense (versão Código Morse)

Tempo nublado. Dor na nuca. Café preto e iogurte. Rádio e roupa suja. Feira da Praça XV: nada de interessante pra mim. 415 até o Leblon. Almoço: Beach Sucos. Café e descanso. Rádio. Altos e baixos na livraria: mãe de adolescente; devorador de histórias em quadrinhos; inimiga de Dan Brown. Suco de manha; chiclete; clientes que teimam em escolher livro difícil pouco antes do fechamento. Cachorro-quente de lingüiça. Rock in Rio na televisão. Show honesto do RHCP, apesar de muita música chata e um guitarrista ansioso. Poucos helicópteros hoje. Capoto por volta das 4.

Galões e mais galões de sonífero (versão Código Morse)

Café e iogurte. Compras da semana e jornal. Calorzinho e almoço leve. O salgadinho de batata é fabricado na Malásia. Internet e telefonemas. Esse "Sem Saída", que estreou nos cinemas de Pitboyland, não seria, como disse a revista RioShow, um genérico do filme homônimo com Kevin Costner; mas, sim, uma versão anabolizada do "Little Nikita" com River Phoenix. Cansado. Suco de uva e sanduíche de queijo. Exercício e banho. Vai chover? Gente tímida à beira de um ataque de nervos. Chiclete. Casal nerd na seção de psicologia. Muito chato. Macarrão, vinho e "Life During Wartime". Enxame de helicópteros que reabastecem na Lagoa: um porre. Durmo por volta das 3.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quando Anões Mortos viram Pombos, Ela Treme...(versão Código Morse)

Acordo com o telefonema do Santo Daime. Café preto e iogurte. As notícias da rádio estão ficando sem consistência: prefiro música clássica. Morar em condomínio da Barra deve ser maravilhoso (NOT). Pequenas mudanças na questão dos recortes. Saldo no banco. Salgado na padoca. Rock in Rio = Peregrinação in Pitboyland. Quase nenhum pragmatismo na sede da ONU. Apressado, atendo o telefone. Do outro lado da linha, uma gravação do inferno: "...Oi, tudo bem?!!! Eu sou do Fala Galera !!!...". Desligo. Recorto jornais. Internet e mensagens. Mais telefonemas. Bateria e banho. Loja cheia. Alemão mão-de-vaca, moradora de Búzios (tipo "Homem-Elefante morador de São Conrado", entende?...): queria um desconto num livro de receitas que não estava plastificado. Barbudo bizarro e tímido: queria um livro do Tron e outro sobre o período Holoceno. No intervalo, uma esfirra e um suco de manga. Corretor de imóveis falastrão, egocêntrico e débil mental: too much information, sucker. Preciso de um ninja shaolin a tiracolo. Macarronada com almôndegas, e programas sobre moda e design. Dor nas costas e muito cansaço. Acho que esqueci de assinar o ponto. Capotando às duas da madruga.

O Livro de Crumb não dispara alarme (versão Código Morse)

Café preto, iogurte e laranja. Telefonemas e arrumações. Rádio: esqueçam a Copa e as Olimpíadas. Vai ser um caos na veia de todos. Banco do Brasil e banca de jornais. Se bobear, tudo vai dar certo. "Tropa 2" no Oscar? mais um clichê e eu me mudo para Sumatra de mala, cuia e todo o meu quarto. Salada no almoço. Ô bairro barulhento, hein? Internet e textos. Toblerone para matar a saudade. Exercício e banho. Pergunta daqui, pergunta dali. Sobe e desce de livros. O livro do Robert Crumb - edição limitada e numerada, com assinatura - custa 1100 mangos; mas não tem código de barras ou dispositivo antifurto. E fica no meu setor! Beware, Foul Thief! Lanchinho no intervalo. Pago os livros que reservei: Burroughs ("Interzone") e Anthony Bourdain ("Maus Bocados"). Casal gay pede livro infantil a 10 minutos do fechamento da loja. Volta pra casa. Rádio e leitura. Durmo às 2.

Meias Verdades

Alguém já disse que, em tempos de guerra, a primeira vítima é a verdade.

Essa Comissão da Verdade, idealizada pelo Ministério de Direitos Humanos, já nasceu errada. O eventual esclarecimento de graves violações não servirá para punir os responsáveis pela tortura e morte tanto de membros da esquerda, quanto de pessoas ligadas à ditadura e a inocentes que foram feridos ou mortos no fogo cruzado.

Esclarecer, muita gente já esclareceu; e não raro fez isso sem usar dinheiro, privado ou público. Ademais, no que tange a essa Comissão, será vedada a participação de pessoas que possam ter a imparcialidade contestada.

Porra! É pra esclarecer ou pra redigir manual de História?

De minha parte, sei que meu avô foi delatado, capturado, torturado e assassinado pouco depois do meu nascimento. Certamente não sou o único a saber, de cor e salteado, os nomes dos traidores e dos torturadores. Alguns residem em Hardcore Brasília; outros em Pitboyland. Muitos têm netos e passeiam com os mesmos em shoppings, ou comemoram datas especiais em restaurantes, bares e churrascarias.

Longe de o presente texto ser um pedido de revanche. Até porque, se eu quiser revanche, eu não peço pra governo. Muito menos para governos que, como bem disse um motorista de táxi aqui de Pitboyland, são verdadeiras "democraduras" (sic).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Na versão Tupiniquim, a Primavera dos Povos é pirata mesmo...

Hoje, a partir das 17 horas, uma manifestação ocorre no centro de Pitboyland. Tem como principal objetivo a atenção para o nível - alarmante - de corrupção a que se chegou neste território tupiniquim. Organizado por meio de redes sociais na internet (Facebook, Twitter e afins), o evento pretende reunir uma multidão de insatisfeitos e passar a mensagem de "basta" no que diz respeito ao pardieiro mercantilista e clientelista que se tornou - ou que nunca deixou de ser - este curioso país.

No último dia 07 de setembro, uma manifestação similar aconteceu em Hardcore Brasília, paralela ao anual desfile militar. Naquela ocasião, a coisa toda terminou em um banho frio coletivo no espelho d'água do Congresso Nacional e adjacências. Não foi registrado excesso violento algum, tanto da parte dos manifestantes quanto da parte das forças de segurança. Nenhuma prisão mais simbólica foi efetuada. Dias antes, um muro foi estrategicamente posicionado ao longo da área do evento para que a manifestação anticorrupção não prejudicasse a festa oficial e, sobretudo, não chegasse ao campo visual da presidente e das demais autoridades.

Esta na Cinelândia já está sendo comparada às manifestações ocorridas no Cairo, que também se originaram e cresceram por meios virtuais eletrônicos. Faz algum sentido, mas não é para tanto; até porque nossos políticos não seriam tão débeis mentais e suicidas a ponto de baixarem a borracha e o chumbo quente nos manifestantes, manchando, assim, a imagem de bons mocinhos que tanto alardearam ao longo de campanhas, propagandas e governos.

O alvo, entretanto, é óbvio: a classe política. Seja esta de situação, seja ela de oposição. Fato, este, que amedronta os políticos, uma vez que não terão voz e principalmente controle durante o evento. No máximo, vão comentar o ocorrido no dia seguinte e tentar passar uma mensagem de apoio ao movimento, frisando o atual "momento de paz, de harmonia e de tranquilidade econômica" pelo qual passa o país. Aquela mesma demagogia de sempre.

Tenho minhas dúvidas quanto a mudanças reais e concretas após esta manifestação. Cá pra nós, a classe política não vai se abalar. O governador está em Londres, a presidente se encontra em Nova York. Outra: manifestação de porte se faz em frente à casa do alvo. O palácio do governo, o Congresso, e por aí vai. Centro de cidade pode até ter um apelo simbólico, mas, a longo prazo, passa batido. Me pergunto, por exemplo, se os bombeiros apoiarão o movimento, assim como os cidadãos, com fitas vermelhas, apoiaram o movimento dos bombeiros quando estes reivindicaram seus direitos.

E durante a Copa e as Olimpíadas? Manifestações aos olhos do mundo serão permitidas?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Encontro entre dois desenhos (versão Código Morse)

Os primeiros pingos caíram à noite. A chuva me acordou. Café e rádio. Resto de faxina e textos. O trabalho da PUC está muito atrasado. Compras da semana. Jornal e telefonemas. Empregada de braço quebrado (o primeiro raio-X não mostrava coisa alguma...). Mais café. Estado de atenção em um estado de cleptocracia. Salada no almoço. Internet e mensagens. Planos para dezembro. Desenhos e esboços. Exercício e banho quente. Turno calmo na livraria, com pouco movimento e quase nenhum nervosismo. Lista de livros que vou comprar mais tarde. um ou dois clientes estranhos. Três copos d'água entre uma subida e uma descida de escadaria. Não teve lançamento. Tempo frio e ventania. Telefonemas. Azeitonas pretas e duas doses de uma cachaça sem nome. Rambo 2 no DVD: alguma verdade e muita diversão. Celular recarregado e cafeteira pronta. Televisão do vizinho está muito alta. Fui dormir por volta das duas da manhã, embalado por um sonho com zumbis.

Não atire neste pianista (versão Código Morse)

Acordo com dor no pescoço. Café preto, iogurte e laranja. Notícias na rádio. Barulho de shopping e discussão entre motoboys. Faxina de pacotilha no apartamento. Textos e recortes. Minha mesa está um caos. Vem aí uma epidemia de dengue; vem aí também mais um governo apático. O "Prometeu", de Luigi Nono, parece ser bom. Almoço: cuscús com nuggets e cebolinhas em conserva. De sobremesa, uma Ana Maria de Baunilha. Internet, textos e mensagens enviadas para o Gabão. Exercícios e banho. Lavando a louça na noite de folga. Assisti a um documentário sobre Glenn Gould. Mais textos e recortes. Leituras atrasadas. Cama de madrugada.

O Camelô da Ciméria

O filme "Conan, o Bárbaro", de Marcus Nispel, não é aquilo tudo que diz ser. certamente não se compara ao filme estrelado por Schwarzenegger. Possui menos cenas de um silêncio construtivo, menos carisma nas atuações (Rose McGowan nula; Stephen Lang beirando o ridículo...).

Não é de todo ruim. É honesto, diria eu, mas abaixo da média. Seus primeiros vinte minutos são encorajadores: neles, o jovem Conan, nascido no campo de batalha, não brinca em serviço, mata a cobra e mostra o pau, e volta para casa com as cabeças decepadas de seus inimigos. O início parece entrar em harmonia com as histórias e a cronologia imaginada por Robert E. Howard. Caso continuasse nessa linha, valeria todo o (assaz salgado) ingresso e toda esse bobajada de óculos 3D (que, nesse caso, não traz vantagem alguma, e só serve para atrapalhar a vida de quem já usa óculos...).

Infelizmente, a trama e o conjunto se perdem em clichês, narrativa irregular e finalizações apressadas. Jason Momoa não faz muito feio, e não permanece naquela frieza exageradamente teutônica de Schwarzenegger; mas exagera nos gestos. Se a cena da catapulta é boa, o resto fica meio sonolento, tipo Sessão da Tarde, com coreografia atrás de coreografia. Balé de hemoglobina, por assim dizer.

Conheço gente que pediria mais sangue, mais cenas de luta, e uma atmosfera mais sombria. Lembro de um conhecido meu que, antes mesmo da estréia de "Conan" nos cinemas, desejava uma narrativa e um visual parecidos com o cabuloso "Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn. Faz sentido; ainda mais em se tratando de um diretor como Marcus Nispel, que não costuma economizar nos galões de sangue. Nispel quis acertar (como na refilmagem de "O Massacre da Serra Elétrica"...) e agradar (como em "Os Desbravadores"...), mas pecou pelo excesso e por uma ansiedade precoce.

"Conan", entretanto, é uma trama estreitamente ligada a floreios: nomes esquisitos, localidades exóticas, frases de efeito, heroísmo ilógico. E, nisso, diverte.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fatos Incompreendidos da Política Tupiniquim

É fato que aquela campainha entreouvida nas sessões do Congresso cada vez que o presidente quer colocar ordem na casa se assemelha com o alarme de bancos toda vez que o cofre é assaltado...

Assaz estranho.

É fato também que todos os políticos membros de comissões ou presentes no plenário da Câmara e do Senado têm a mania de proferir a frase "pela ordem, senhor Presidente"...

Será ato falho?

Bizarro...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Imperial Surfistinha


O filme "Bruna Surfistinha", estrelado pela sudanesa-tupiniquim-albina Deborah Secco, é um dos concorrentes a representante brasileiro na corrida pelo Oscar de Filme Estrangeiro no ano que vem. Fato Número Um.

Agora vamos ao Fato Número Dois. Ontem , estava este vosso humilde escriba a "escavar" a estante de biografias na Livraria Travessa de Ipanema, quando me deparei com uma sobre o polêmico Carlos Imperial, apelidado de O Rei da Pilantragem. Quem conhece a figura, sabe de quem estou falando.

Lá pelas tantas, havia a reprodução de uma crítica de um dos "filmes" estrelados pelo famoso "artista", "Mulheres...Mulheres", pornochanchada de 1981.

Dizia assim: "...Carlos Imperial pelado? Faça me o favor...".

De fato...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Já começou...


Estamos em meados de setembro. Eu assisti ao trailer de "Hell and Back Again", documentário inédito de Danfung Dennis. Acho que vai estar entre os concorrentes ao Oscar na sua categoria. Se bobear, leva...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

THE END IS NEAR


Pitboyland e seus Pequenos Demônios

Com um copo de mate na mão esquerda, este vosso amaldiçoado escriba devorava um sanduíche de pão francês dormido com salaminho, quando foi interrompido pelo telefone. Era telemarketing, o Anticristo em áudio do século 21. "Senhor, aqui é dos cartões Bradesco...", dizia a feminina e débil voz. Cortei a coisa pela raiz, e menti: "vocês já ligaram antes, e eu disse que não estava interessado...". Nisso, a voz respondeu o que o protocolo mandava na tela de seu computador: "ok, senhor. O Bradesco agradece, tenha um bom dia...".

Cinco minutos mais tarde, outra ligação. Agora uma voz masculina, pedindo para falar com o meu pai. Disse que não estava. Nisso: "senhor, aqui é dos cartões Bradesco, etc., etc....". Mesma resposta. Mesmo protocolo.

Outros cinco minutos. Na terceira ligação, agarro o aparelho babando de raiva e com a vontade de trucidar o mais vitorioso dos vencedores do UFC. Ninguém. Acho que perceberam que já haviam ligado duas vezes para o mesmo número.

Preparei outro sanduíche.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Los Monos de la Buena Vista (versão Código Morse)

Calor honesto. 457 pro Méier. Bizarróide ao volante. Airbourne no Ipod. Coisas não feitas. Tumulto no Maracanã. Cão feliz e cerveja gelada. Jornal e novela. Feijão, arroz e bife delícia. Globo Repórter sobre as "maravilhas de Belize e do povo maia"...

Cachorro provoca boxers. Café rápido, com pão e manteiga. Quinta da Boa Vista. Zoológico lotado. Children of the Corn. Bolinho de aipim com carne seca e Coca-Cola. Propaganda enganosa nas jaulas. Animais estressados e sozinhos. Grávida com a buzanfa de fora (temos fotos). Elefante tímido (ou de ressaca). Pai brigando com o filho como se fosse um PM dando bronca em favelado. Explicações científicas a cada dez metros. Jacarés folgados e cágados desastrados. Caminhada até o museu. Definitivamente, o governo de Pitboyland não sabe cuidar de museu (a constatação vem de uma simples e pessoal fórmula matemática: se não vende camiseta, não é museu...). Acervo mirrado, apesar dos belos crânios. Não tem guia, e os "guardas", tristonhos, parecem estar em algum colônia penal nos confins da Sibéria. Jardins em péssimas condições.

Ônibus até o shopping. Festival de gula no Burger King, ao som de Toto. Caminhada básica e passagem pela livraria. Emos por toda parte. Torta de chocolate na Parmê. Perdi um celular: foi na lanchonete? Foi no ônibus? Sem estresse. Méier. Passeio com cachorro. Rock you like a hurricane. "Comer, Beber e Amar": ô negócio bobo...Capoto sem dó. E sem jantar...

Cachorro na rua quente. Na padaria, o jornalista veterano entra falando alto. Não ligo. Peço seis pães e "duzentas" de salaminho. Café. 476 até o Leblon. Banca de revistas no shopping. Almoço: galeto, arroz e salada. Futebol com fortes emoções. Recortes e textos. Quatro mosquitos eletrocutados. Banho. Televisão e pipoca. Cama.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Passou raspando, hein, malandro?! (da série "No Frigir dos Ovos Alheios")


Revolução?...

Escutei na rádio a informação segundo a qual os tais rebeldes líbios anti-Kaddafi querem o desbloqueio de 2 bilhões de dólares das contas do ditador para continuarem a revolução.

É isso: esse negócio todo já virou uma bagunça. Virou palhaçada no Egito, não deu em nada na Tunísia e agora é a vez da Líbia de fomentar uma confusão travestida de revolução, de clamor popular ou de seja lá o que for.

No final, é só a grana falando mais alto. Dólares, petróleo, liderança e mais um pedacinho estratégico do bolo geopolítico.

Como bem disse aquela canção do The Who, "meet the new boss, same as the old boss"...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Vicente

Meu irmão ligou de Hardcore Brasília nesta manhã de quarta-feira. "O Vicente morreu", disse, sem meias palavras. "câncer de fígado ou algo assim", continuou.
Não foi um choque. Muitos sabiam que o famoso garçom do Empório estava internado havia algum tempo, e que já havia sido internado outras vezes. A notícia talvez tenha sido uma surpresa, mas, repito, não me deixou atônito ou me fez desabar em lágrimas. Provocou, sim, uma enxurrada de imagens oriundas da minha memória.

A primeira vez em que fui ao Empório, acompanhado de colegas do Liceu Molière e de amigos de Brasília. O Vicente vestido de Corcunda no Dia das Bruxas. O dia em que a fivela do meu cinto caiu na privada do tristemente famoso banheiro masculino. Os esporros que o Vicente dava no não menos saudoso garçom Gonçalo. os milhares de urubus e gaviões que tentavam abocanhar o mulherio alheio. Os outros milhares de turistas que se espantavam ao serem ignorados pelo barbudo garçom todo vestido de preto.

A famosa noite em que eu, Renata e Dan nos sentamos em uma das mesas da janela e conversamos sobre tudo e todos. A noite em que Drew Barrymore e seu namorado baterista dos Strokes foram ao Empório. As tábuas de queijos e frios, as pizzas, os sanduíches, os bolinhos de aipim e todos os acepipes que transformavam azia e mal-estar em palavras menores. As brigas - dentro e fora - do Empório. A rua Maria Quitéria congestionada. Os berros e urros do Vicente pedindo passagem em meio a um maelström de almas sem futuro distante.

As cantadas, os flertes, os beijos, os agarros e os foras de toda noite. A vez em que uma menina tropeçou nos degraus da escada e deu de boca no chão, sangrando como em um filme de Peckinpah. As noites em que fechamos o bar e continuamos a bebedeira nos quiosques à beira-mar. As contas superfaturadas. As contas que não foram pagas. as contas que simplesmente não vieram. Os bilhetes escritos em guardanapos. As baratas infiltradas no chão e no teto. O (felizmente curto) período em que o Empório serviu chopp Kaiser (depois de seis, quem diabos se importava?...).

A época em que havia uma "pista de dança" improvisada entre a escada e o D.J.. As épocas em que o Empório era "hippie demais", "rock demais", "grunge demais" ou "baixo nível demais". Os motoqueiros, as prostitutas, os drogados, os pequenos traficantes e os solitários de plantão. O mal-estar entre o Dan e aquele mórmon americano. O "território" pós-rompimento da Sandra. As namoradas dos outros. Os namorados das outras. Aquele cara que contava histórias do tempo em que era roadie do The Who.

Os vexames, as babaquices, os furos, os atrasos, os acessos de mal-humor, o ciúme, o ódio e o desespero. A bebedeira generalizada salpicada por alguns momentos de amizade sincera em um pequeno ponto da Zona Sul de Pitboyland.

E tal qual Rasputin expulso de sua aldeia, lá prostrava-se o soturno Vicente. Confidenciando, conversando, explicando e/ou berrando com todos e com tudo. Sabíamos pouco sobre ele (gaúcho, ex-ator, uma irmã, sabe-se lá o que era verdade e o que era mentira...), mas tínhamos certeza de que o sujeito em si era verdadeiro, desprovido de salamaleques (ok, ele fazia questão de ser gentil com as moças beijando-lhes a mão...) e desculpas.

lembro, certa feita, que cheguei ao Empório e pedi um chopp. "Não tem", respondeu Vicente. Pedi uma cerveja. "Não tem", repetiu. Não titubeei e disse que iria comprar algumas latinhas na praia. "Compra uma pra mim", disse ele. Entreguei a do Vicente e sorvi as outras em uma das mesas de tampo de mármore.

Desejar que o Vicente descanse em paz é, no mínimo, atentar contra a honra do barbado e ilustre profissional. Por isso, este vosso humilde escriba deseja que o Paraíso ou o Inferno - caso existam - se preparem. Quanto a nós, reles consumidores, tenhamos a certeza de que os Empórios e os Vicentes habitam nossos corações e mentes. E, caso nos fosse dada a oportunidade, fossem devidamente gravados em nossas lápides.

Como dizia o próprio Vicente, "Boa Noite, Cavalheiros"...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Constelação de Quinta


Sim, caros e raros leitores. Este vosso humilde escriba assistiu a alguns capítulos do folhetim "O Astro", produzido e dirigido pelo núcleo de Roberto Talma. Até o presente momento, não sei se aquilo é um estilo gonzo, um estilo ousado ou apenas uma bagunça no horário das 23 horas.

Vimos os peitos - ou a ausência de peitos - de Guilhermina Guinle. Vimos os peitos de Carolina Ferraz em uma cena embalada por Lionel Ritchie. Vimos um pelado na festa promovida pelo pai dono de supermercados (Daniel Filho, estranho...). Vimos uma Aline Moraes de 7 metros (9 metros com o salto alto...) com lábios inchados à la Jagger.

Vimos o retorno de uma Mila Moreira (dançando, do nada, na chuva com Reginaldo Faria. Bizarro...). Vimos uma cena num restaurante em torno de uma mesa no melhor estilo Jedi (quem diabos esquece um celular daquele tamanho numa mesa vazia?...). Vimos um croma-key capenga, numa cena em que a tela verde simplesmente descolava da parede.

E - crème de la crème - vimos uma Regina Duarte bêbada, péssima, com seus berros roucos que fariam este vosso súdito acabar com a coisa toda na base do tiro de escopeta.

Pois bem. Eu nao sei a que veio esse "Astro". Entre um Francisco Cuoco interpretando um Yoda de gola rulê e um Rodrigo Lombardi fazendo as vezes de mágico-místico-guru apaixonado por um saco de ossos chamado Carolina Ferraz, eu ainda prefiro passar a noite na frente do TLC HD, no alegre Méier, suspirando pelas casas ecológicas e esperando o dia em que a televisão tupiniquim será sinônimo de aprendizado.

A Pitboyland Film

Prezado Monsieur Jaru,

uma perigosa névoa que paira sobre a já impiedosa Pitboyland me fez escrever esta curta missiva.
A censura fincou sua bandeira na colina da sétima arte e agora querem proibir a exibição do polêmico "A Serbian Film" sob a alegação de que contém cenas de necrofilia, violência e estupro de menores (inclusive o de um recém-nascido). No Velho Continente, o mesmo filme também sofreu fortes críticas e foi alvo de protestos por parte de gente que queria a cabeça do diretor Srdjan Spasojevic e a queima de todas as cópias. falou-se até em snuff movie, veja vosmicê.

Na ensolarada Pitboyland, contudo, a onda de perplexidade e proibições veio da parte de gente que...não assistiu ao filme. Isso mesmo, caro monsieur. São políticos, juízes, oficiais de justiça e demais figuraças que sequer viram ou analisaram o polêmico conteúdo. Isto é preconceito ou estou errado?

Convenhamos: "A Serbian Film" é um soco no estômago. Pior: é uma série de socos no estômago seguida de uma série de pauladas no crânio. Na tal cena do estupro do recém-nascido, confesso que minha vontade era de desligar o todo e pular da janela, tamanho o asco ante tão degenerada raça humana. Mas fui até o final, e olha que o final não é menos, digamos, nauseante.

Li, nos jornais, comparações com os famosos casos de "Je Vous Salue, Marie", "Saló" e "Laranja Mecânica", mas nada que fizesse minha sobrancelha levantar. Aqui, proibiram o filme sérvio no RioFan (festival de filme fantástico) e no Cine Odéon. A parte bizarra de toda esse história, entretanto, veio da parte da dupla César Maia e Rodrigo Maia, respectivamente pai e filho, que, em nome do DEM, iniciaram uma espécie de mini-cruzada (tipo Beto Carrero mas sem sorrisos) em nome da família, da moral e dos tais bons costumes. Cá pra nós, coisa de morador de Copacabana.

De minha parte, monsieur, findo o filme - que baixei da internet -, joguei o DVD entre um monte de outros de menor importância. Não gostei do filme, mas assisti ao mesmo. Da mesma maneira que assisti ao Avatar e não gostei, ou ao "Eyes Wide Shut" e achei um negócio débil mental pontilhado por uma trilha sonora pra boi dormir.

Ai, ai, monsieur. É isso. Vendo a tal mini-cruzada passar sem maiores desdobramentos (afora os óbvios, que são a censura latente e a hipocrisia por parte de gente que realmente não se enxerga...), me depeço com o maior dos abraços fraternais, na esperança de, um dia, tê-lo à mesa para um chopp e um pastel de carne.

Sem mais delongas,
Au revoir.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um Oceano de Advertências


Amy Winehouse morreu fazendo o que mais gostava de fazer.

Tal frase, caro e raro leitor, pode parecer egoísta, sensacionalista e vergonhosa, mas é a frase que, na minha humilde opinião, resume o episódio final protagonizado pela cantora britânica. Sequer perdi meu tempo ouvindo o comentário de Nelson "Hervé Villechaise Tupiniquim" Motta a respeito da falecida. Pois Amy Winehouse cantava tão bem quanto uma Norah Jones, uma Joss Stone, uma Fiona Apple, ou quanto qualquer outra das dezenas de vozes femininas que a indústria teimou em encaixar no milionário filão das "divas do soul dos anos 2000", utilizando a mesma "técnica" empregada em Mariahs Careys e célines Dions de outras décadas.

Com Winehouse, a tragédia também foi combustível para o lucro. Relacionamentos com junkies de carteirinha, inúteis internações, acessos de fúria ("pressão da imprensa"? Please...), crises de abstinência, e demais demonstrações de um desequilíbrio que não demorou muito para literalmente subir aos palcos.

Drogas custam dinheiro, e Winehouse tinha dinheiro graças à venda de seus discos e aos cachês de seus shows (aqueles que não foram cancelados, é claro...). Ninguém é inocente nessa história, tampouco os milhares de fãs. Como é de praxe em mortes súbitas de artistas, as teorias da conspiração afloram; uma delas coloca o óbito de Winehouse no mesmo plano de um Kurt Cobain ou de um Michael Jackson, cuja morte apenas aumentaram o lucro de empresários (sim, o pai e empresário de Winehouse estava nos EUA na hora da morte de sua filha...álibi perfeito, dirão alguns...).

No frigir dos ovos, Amy Winehouse é apenas mais uma matéria de jornal e revista, que, com o passar das edições, vai diminuir de tamanho, terminar em algum show-tributo, até virar peça de colecionador ou nome em listas da Rolling Stone. "Mais uma com 27 anos que morre de overdose, bá, blá, blá...".

Enquanto isso, na agora explosiva Noruega, chega-se à conclusão de que o louraço belzebú era mesmo um caubói nazista bom no gatilho que queria beber vinho e "confabular" com prostiranhas antes de mandar tudo e todos pelos ares.

E era filho de diplomata...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Kátia Flávia´s Got a Gun


Ontem, eu ainda estava dando (ops) gargalhadas com um pai-de-santo de Pitboyland que dizia como era fácil localizar seu terreiro em Niterói, pois era "o único na rua que se parece com um castelo". Hoje (sexta), a coisa descambou. Até agora, são 17 mortos em dois atentados na Noruega. Sim, Noruega.

Este vosso humilde escriba estava almoçando e assistindo à CNN listar os motivos pelos quais a Noruega era um alvo de terroristas islâmicos (tropas no Afeganistão, etc.) e copiar quase todas as informações que eram veiculadas pela BBC minutos antes. O espetáculo era deprimente. Fotos repetidas de feridos, explicações de "especialistas no assunto", reações de autoridades.

E eis que deixei tudo de lado por algumas horas e peguei um 457 em direção ao Méier. Ao longo do trajeto, Airbourne berrando nos meus ouvidos e chuva caindo fininha, sequer pensava nos desdobramentos do drama norueguês.

À noite, qual não foi minha surpresa ao me deparar com a foto do atirador responsável pelo ataque à ilha de Utoeya.

Um louraço belzebú, com pinta de Thor e golinha da camisa pólo levantada. O "silver maluquete" responde pelo nome de (pasmem!) Anders Behring Breivik. Say no more! Eu sei que o momento é de consternação, de tristeza e de reflexão. Mas convenhamos: o sujeito parece cabeleireiro do Sunset Boulevard ou algo que o valha. Dublê de bailarino num clipe da Lady Gaga; ator coadjuvante de algum episódio do finado "Chips"; GoGo Boy de algum moquifo nos cafundós da Islândia.

Neste exato momento, metade da diretoria do Al-Qaeda deve ter cometido suicídio coletivo por motivo de vergonha. Cá pra nós, eu ainda tenho minhas dúvidas quanto às habilidades mentais desse sujeito para colocar uma bomba num prédio público. Posso estar redondamente enganado.

Enquanto isso, em Hardcore Brasília, um homem desempregado tentou invadir o Palácio do Planalto com uma moto, no melhor estilo Hopalong Cassidy. Acabou caindo no espelho d´água...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pic of the Week by the Freak (2)

Pelo Biquinho do Peito (versão Código Morse)

Ônibus lotado. Baixando bons filmes no Méier ("Westworld", "Shogun Assassin", "Dracula", "Sanctum", etc.). Macarrão com frango e batata doce frita. Cama às três da matina. De pé às sete. Café rápido porém gostoso. Táxi e metrô até Copacabana. Talco no salão. Ele tá de olho é na butique dela. Quibe e porradaria no Baalbeck (Galeria Menescal, também conhecida como Galeria Mescal...). Casa e arrumações. Salada de tomate. Textos e recortes. Chocolate. Bob's do Shopping Leblon (simplesmente nojento). Banho e televisão. Documentário "American Grindhouse" na tv a cabo. Cama às duas da manhã. Café. Rádio e desenhos. Macarrão com atum no almoço. Jogo de milionários na Argentina. Decepção. Banca do shopping. Revista de skate. Banho. Sanduíche. Doutor Hollywood ("...minhas amigas são atrizes de filmes para adultos...", "...é mais fácil pelo ooombigu (sic), Daniela...", etc.). Medo de barata. Cama e fim de papo.

La Garantia Soy Yo...

É aquela história. Muito ufanismo, muita propaganda e salários de marajá. Na hora de mostrar serviço, fazem caras e bocas, põem panos quentes na situação, dizem que estão melhorando e que vão estar preparados para o gran finale.

Ontem, os canarinhos simplesmente foram abatidos no ar por espingardas paraguaias. Até tiveram boas oportunidades durante os 90 minutos do jogo e nos 30 da prorrogação. Brigaram um pouquinho (eu adorei...). Mas perder gol de pênalti, e fazer isso em seqüência? Pra depois dizer que sabe jogar ou que está melhorando? Come on...

Li que Hërr Ricardo Teixeira vai deixar as coisas como estão. Pelo andar da carruagem, perigamos assistir a um fiasco em rede mundial numa Copa sem estrutura alguma.

Convenhamos: se este vosso humilde escriba resolveu escrever algumas palavras sobre futebol, é que a coisa toda está realmente um horror.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Butt Slam Bank

Na mais nova propaganda da Caixa Econômica Federal, filmada no Real Gabinete Português de Leitura, em Pitboyland, a atriz Glória Pires profere, sorridente, a seguinte frase:

"O que cabe num cofrinho além de moeda?..."

Well, Glória. Há divergências.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

sábado, 2 de julho de 2011

Recordista

O governo de Dilma Rousseff já bateu recorde no quesito "Encrenca".

Apenas no primeiro semestre de governo, três ministros se meteram em um Maelström de escândalos e maracutaias de fazer inveja a qualquer mafioso.

Primeiro foi o Palocci. Depois aquele nanico do Ministério do Turismo (saído de um motel antes mesmo de tomar...posse), que resolveu repassar uma grana preta para o Maranhão, feudo de seu padrinho José Sarney.

Agora é o Ministro dos Transportes, que demitiu quatro de seus assessores mais próximos por conta de um esquema de corrupção dentro da pasta. E aí não dá pra inventar desculpa. Ou não sabia e foi incompetente e ingênuo. Ou sabia e vai deixar o cargo para responder criminalmente.

Míseros seis meses, e o nível de lama só cresce.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

YES, WE KHAN (sic)


Raras vezes assisti a um escândalo sexual que mais parece uma novela mexicana e com um timing de dar inveja ao mais chato dos britânicos.

Dominic Strauss-Khan está solto. A acusação pisou na bola, a vítima se mostrou uma senhora confusão (testemunho falso, suborno, ligações com uma máfia, etc.), e Khan está de volta. Já deixou seu posto no FMI e, pelo fato de a justiça americana ainda estar com o seu passaporte, vai permanecer na terra de Tio Sam e, mesmo não perdendo a chance de concorrer às primárias que decidirão os nomes dos candidatos à presidência da França, já caiu nas pesquisas de opinião. Os franceses ainda acham que foi complô, mas também não vão ficar passando a mão em cabeça de tarado.

Na terra de Balzac, as pesquisas apontavam Strauss-Khan como favorito numa disputa que, além de Sarkozy, teria a filha de Jean-Marie Le Pen como representante da direita. Agora a coisa muda. Ou a França passa para a direita, ou permanece na direita. Ou seja: tem fortes chances de continuar um país sem graça no cenário mundial.

Quanto a Dominic "O.J." Strauss-Khan, tá na cara que o sujeito não é anjo, mas agora virou o estopim para uma investigação de grandes proporções que, em princípio, vai colocar na jogada o nome de muita gente graúda.

Essa novela, eu quero ver.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Baixinho em Baixa


É sempre assim: o sujeito acha que está na crista da onda, cheio de amor pra dar, se achando a última Coca-Cola do Deserto de Gobi. Aí vem alguém e coloca o sujeito no seu devido lugar. Foi assim com o Bush na hora do sapato voador; foi assim com o Berlusconi quando foi atingido por uma miniatura da Torre de Pisa (Jason Bourne não faria melhor...).

Agora é a vez do presidente francês Nicolas "E.T." Sarkozy, que por pouco não leva uma mela de um jovem insatisfeito. De minha parte, acho esses momentos engraçados pra caramba. Não pela agressão em si, mas pela "queda" de algum Valhalla no imaginário desses neo-liberais chupadores de alma. Bom mesmo é quando o agressor, por mais franzino que seja, consegue o que quer. Certamente vai ser engolido por uma tsunami (não raro tardia) de seguranças, que baixarão a borracha no infeliz e o jogarão em alguma Guantánamo da vida.

Isso me faz lembrar daquele monólogo do Robert Shaw no filme "Tubarão". O cara conta como a tripulação do navío dele foi quase toda papada por tubarões-tigre durante uma missão secreta na Segunda Guerra Mundial. Exatamente por ser secreta - eles iriam entregar uma das bombas nucleares para uma base americana no Pacífico; relato que ficou meio sem pé nem cabeça -, a ajuda custou a vir. Ao término do relato do massacre, o personagem de Shaw, feliz, declara: "...mas pelo menos entregamos a bomba...".

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Madeira


Este vosso humilde escriba já vai avisando os leitores pedestres: antes do próximo domingo chegar, vou cortar um dos galhos da volumosa árvore que resolveu adentrar minha já florida varanda.

Sequer vou me dar ao trabalho de avisar a Comlurb (esses merdas não sabem cortar galho...) ou os bombeiros (estão todos em Brasília ou posando para revistas...). Invocarei as graças de São Leatherface e, pobre que sou, colocarei a já enferrujada serra para trabalhar na base do muque mesmo.

Fuck Sting!

Pitboyland, Cleptocracia Ensolarada

Inútil começar com algo do tipo "eu disse" ou "eu já sabia". O leite já foi derramado e mais uma vez a visão de alguma justiça já se perde no horizonte.

De fato, o governador Sérgio "Risonho" Cabral (filho) se meteu em mais um mato sem cachorro. Aparentemente, usou o jatinho de Elke (sic) Batista para prestigiar o aniversário de um empresário acima de qualquer suspeita e quase embarcou em um helicóptero que caiu no mar, matando um piloto sem habilitação e todos os passageiros. Cabral saiu ileso, mas a fatalidade expôs um leque de negociatas escusas e favores que fariam um Baby Doc corar.

Como é de praxe nesse tipo de caso, a reação dos envolvidos foi chamar a atenção para o momento de luto (principalmente no que se refere a um dos envolvidos, dono da empresa Delta, que perdeu a ex-mulher no acidente...) e garantir a lisura da relação entre governo e empresariado. A oposição, entretanto, pagou para ver, e já preparou a fogueira junina para que os suspeitos pulem o mais rápido possível.

Em tempo: na manhã de hoje, o governador Sérgio "Riso Maroto" Cabral deu uma entrevista à rádio CBN, frisando a diferença entre suas vidas privada e pública, diminuindo as questões acerca dos incentivos fiscais às empresas suspeitas e vomitando um blá-blá-blá de mea-culpas e promessas que já perdeu a razão de ser. Dada a incapacidade, por parte da âncora Lúcia Hipólito, em ordenar as perguntas de maneira lógica (fatos menores primeiro; fato principal por último...), Cabral usou e abusou da estratégia empregada pelos melhores leões da montanha.

Saída pela esquerda...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Pic of the Week by the Freak (1)

A Vingança da Toupeira Carioca

Faminto, adentrei a padoca à procura de algo que forrasse meu estômago após horas de espera (aliás, inúteis) na PUC. O diálogo a seguir é verídico (cardíacos e crianças, não leiam...):

"Por favor, me vê um joelho misto pra viagem..."

"Mmmm...misto, não tem, moço. Só com queijo e presunto..."

Após alguns segundos de praxe necessários para que alguns dos meus neurônios implodissem ante tão peculiar resposta, balbuciei o óbvio:

"...Ah, tá. Pode ser..."

Padarias podem ser lugares perigosos para pessoas como eu.
Daqui em diante, só entro armado e com colete à prova de balas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Divinas Pesquisas

Ontem (domingo, 26), após assistir a mais um emocionante episódio de Dr. Hollywood ("Daniela, a vachina é oma coiza echplêndida na naturessa"...), no qual Dr. Rey operou as mamárias de três irmãs assaz chatas, passei pra Record, que exibia um bizarro programa sobre a fortuna de Elke (sic) "amigável jatinho" Batista. Intrigas, exageros, mulheres, família, carrões, iates, mais mulheres, traições, segredos. Toda uma trama que mais parecia um capítulo da alguma novela do SBT.

O curioso, entretanto, era que, no canto inferior da telinha, havia uma enquete. Uma frase que dizia, mais ou menos, que as probabilidades de se tornar milionário eram maiores que as probabilidades de ser atropelado, ou algo assim. Bem bizarro, bem Record. Só fui entender o espírito da coisa toda quando, findo o programa sobre Elke (sic), apareceu, do nada, mais um jovem pastor da Igreja Sei-lá-das-quantas-de-que-reino chamando a atenção para a enquete (segundo ele, encomendada a uma importante empresa...).

Mudei, e fui cair no SBT, onde "Gabi" entrevistava Luciana "Foggy Teenager" Vendramini. A artista "mignon" não falava coisa com coisa (talvez por ser artista, talvez por ser coelhinha, talvez por realmente não saber construir uma frase simples), arrancando olhares de admiração e emoção por parte de "Gabi".

Com o cérebro em frangalhos após tão hedionda série de exemplos da TV tupiniquim (quiçá mundial), fui fazer naninha (i.e. capotei legal, sem medo de babar...).

Shakespeare no Chinelo...

Chico Buarque é pai do Eduardo Campos?! Pai de político suspeito de crimes?
Definitivamente, o rock me salva!!!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Thor, Filho de Elke (sic)


Entre um gole e outro de um chá verde assaz ruim, li, sem muita indignação, a matéria sobre o “empresário” Thor Batista publicada na Veja Rio da semana passada.

Primogênito da união de Luma “minha adolescência passada no banheiro” de Oliveira com o bilionário Elke (sic) “Cabeça-de-Castor” Batista, o jovem de 19 anos perfila seus gostos e opiniões, além de insistir no seu tino para novos investimentos, como talvez seja o caso na inauguração da filial da boate espanhola Pacha em Pitboyand.

Diabos! O sujeito parece mais um He-Man vestido de Armani e Versace, com seus quase dois metros de altura e seus 45 centímetros de bíceps, esculpidos ao longo de 90 minutos de malhação seis vezes por semana. Ok, isto está definitivamente soando como a resenha de algum filme pornô gay.

Thor anda de Aston Martin pelas esburacadas ruas de Pitboyland, usa os jatos e barcos da família durante seus périplos pelo mundo; bebe Dom Perignon safra 1974 (todo conhecedor sabe que a safra 1973 é, de longe, a mais saborosa...) e se perfuma com o Black Orchid do Tom Ford. Com um índice de gordura de ridículos 4%, Thor usa relógio Breitling, quatro sabonetes para o rosto, creme para a pele, hidratante para as madeixas e spray autobronzeador no esbelto corpo. Ok, eu ainda estou com a impressão de que escrevo estas linhas ao som de Frankie Goes to Hollywood e Jimmy Sommerville.

Thor come frango grelhado com arroz e purê de batata no café-da-manhã (talvez a exemplo de algum antepassado viking...), e nos “restaurantes” (i.e. fachadas...) Mr. Lam, Gero e Antiquarius. Com seu sorriso ondulado, formado por carnudos lábios, Thor se aliou ao pouco-menos-milionário Mário Culhões para, juntinhos, abrirem mais uma descolada boate de VIPs na Gávea.

Tudo isso é bem dinâmico. Dinâmico e suspeito, dirão alguns. Na condição de herdeiro da maior fortuna tupiniquim, Thor Batista se orgulha de não ter terminado um livro sequer, e afirma que recorria à internet toda vez que queria copiar o conteúdo de uma prova escolar. Sim, a história tem inúmeros exemplos de milionários semi-analfabetos que saíram do zero e conquistaram seu naco de planeta. Thor não é um desses exemplos. Para quem quer ser um grande empresário, Thor é exatamente o oposto; um péssimo exemplo em um país onde a leitura já é vista como Graal para poucos.

Paralelamente, não entendo o papel da Veja quando dá espaço para débeis mentais anabolizados como Thor. Qual o tema da próxima edição? Um passeio pelo Hermitage com Paulo Coelho? Uma análise da crise iemenita por algum ganhador do BBB?

No âmbito de um território tupiniquim que se vende como exemplo para o resto do mundo, casos como o de Thor Batista deveriam ser condenados e punidos com algo mais forte que apenas um tapinha numa mão milionária.

Na condição de apreciador e autor de ficção científica, não raro penso no futuro. Pois não é que vejo ele assaz nebuloso?

Conseguirá Thor salvar o dia? Não percam o próximo capítulo desta emocionante saga...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Reações Gastronômicas

Se você ainda não viu a mais nova propaganda da Arcata, especializada em implantes dentários, faça-o com a máxima precaução. E definitivamente não na hora do almoço...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conclusões Diárias

A televisão de um dos vizinhos fica ligada durante a madrugada.

O baleiro da Cruzada São Sebastião tem aparecido cada vez menos.

Os seguranças do shopping têm um certo ar débil mental.

Eu não agüento mais o self-service da padaria, pois acho o PF da Beach Sucos mais prático e barato.

Os bancos continuam ligando pra cá oferecendo seus serviços.

A múmia de uma barata foi encontrada aos pés da cama na suíte.

As portas de correr das varandas estão travando com mais freqüência.

Eu continuo com a certeza de que vivo numa cleptocracia maquiada.

O cachorro da minha namorada está gostando mais de mim.

Falar de bullying virou moda.

Certas idosas vestem camisetas do U2 e do Roxette.

O tempo para comprar cinco pães na padaria gira em torno de 25 minutos.

Meu cansaço talvez tenha solução.

Não entendi o resultado do exame de campo visual.

Doar aqueles sapatos foi uma boa decisão.

O louco do bairro continua com seus altos e baixos.

O porteiro come bolinho de peixe frito às 10 da manhã.

Minhas leituras estão bem atrasadas.

Fazer compras às quartas virou um estorvo.

Meu novo barbeiro é pequeno e se chama Ferreira.

As Rock’n’Folk vendidas no shopping são muito caras (29,90 cada); mesmo assim estou comprando todas.

A quantidade de papel na minha casa ultrapassa facilmente a média nacional.

Os passarinhos das redondezas desistiram de fazer seus ninhos nos orifícios do crânio de vaca na varanda.

A veterinária ao lado do banco continua fumando.

As propagandas do governo estão atrasadas.

O Facebook dificilmente me salvará.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

As muitas ressurreições desta vida

O que diabos está acontecendo por aqui?

Estava a bordo de um 476 de praxe, a caminho da incompreendida Zona Norte, quando me deparei com os cartazes ao longo da Feira de Tradições Nordestinas, em São Cristovão, anunciando as mais bizarras atrações: Aviões do Forró (sem dúvida uma mistura de cadetes da Luftwaffe com fãs de Tiririca...) e Fábio Jr., o mais famoso abduzido tupiniquim.

Percebi, então, o quanto sinto falta de artistas que jamais vi na minha vida. Cantores e compositores que já foram desta para melhor; alguns há séculos. Como seria bom assistir a um Beethoven regendo uma filarmônica no Maracanã! Ou um Tchaikowsky executando a Abertura de 1812 em um réveillon em plena floresta da Tijuca! (e não essas xaropadas governamentais de merda tocando o mesmo samba e o mesmo pop vestidos de branco...).

Elvis no Canecão! AC/DC com Bon Scott no Imperator! Robert Johnson na Lapa ou no Municipal!

Até lá, continuo sonhando acordado, e vivendo em uma Pitboyland governada por Hitler, Mussolini e companhia.

O fantasma que veio do mar

A julgar pelas informações de titio Sam e pela confirmação por parte da Al-Qaeda, neste exato momento o terrorista Osama bin Laden deve estar dando uma de pequena sereia barbuda na garupa do Flipper em pleno Oceano Índico ou algo que o valha.

De fato, segundo consta, bin Laden bateu as botas e vestiu o paletó de madeira após levar um tiro na cabeça ao fim de uma operação – denominada “Operação Gerônimo” – dos Navy Seals americanos em um bairro dos arredores de Islamabad, no Paquistão. O que se seguiu foi um vendaval de alívio, alegria e histeria coletiva, tanto na Broadway quanto em grande parte do azulado planeta. A certeza do “acabou”, no entanto, logo foi subsituída pelo “e agora?”, tão pesado quanto a consciência de uma criança prestes a mostrar seu péssimo boletim aos pais.

E agora? Pois bem: e agora, toma que o filho é teu. No caso específico do terrorismo, nosso...

O espetáculo foi de curta duração. O timing não foi planejado de modo eficiente. O discurso histórico do presidente Obama – no melhor estilo do “We got him” da administração Bush quando da captura de Saddam Hussein –, os elogios de chefes de estado (Sarkozy e Berlusconi, sempre eles, na turma do gargarejo...), a festa nas ruas promovida por cidadãos cujos dentes branquíssimos refletiam o gosto pela vingança, pela morte e pela chamada “justiça”: tudo isso passou mais rápido que o esperado. Agora, a realidade volta a bater à porta. Quiçá, com mais violência e sem o uso de campainha.

Haverá uma nova onda de ataques terroristas pelo mundo? O Paquistão entrará com alguma ação contra os Estados Unidos junto à O.N.U. e fechará todas as bases militares de Obama no país? O congresso americano criará uma CPI para que questões fundamentais da operação sejam respondidas? Os Republicanos pedirão a cabeça de Obama após um eventual próximo atentado?

O corpo de Osama bin Laden mal tocou o fundo do mar, e seu fantasma, tal qual Namor hippie, nadou até a superfície e emergiu para avisar que essa história toda está longe de terminar tão cedo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sinônimos Eletrônicos

A doce e caliente voz foi clara:

"Olá! Seja bem-vindo à Central de Atendimento NET! Para sua segurança, esta conversa será gravada. Em outras palavras, você receberá os dez primeiros centímetros de vara no rabo antes que seu problema seja ouvido..."

Sim. A modernidade tem dessas...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Profissional

Entre os dias 17 e 19 de junho próximos, acontece, em Clisson, na França, mas uma edição do festival Hellfest, que este ano contará com as presenças de: Iggy and the Stooges, The Cult, Rob Zombie, Scorpions, Trust, Ozzy Osbourne, Judas Priest, Black Label Society, Monster Magnet, Corrosion of Conformity, Bad Brains, Kyuss, Kreator, D.R.I., Hawkwind, Cavalera Conspiracy, The Exploited, The Young Gods, entre muitos e muitos outros.

O que é mesmo esse Rock in Rio, hein?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Camboja Tupiniquim

Eu estava baixando alguns clipes do Nashville Pussy – dentre os quais o divertidíssimo “Say Somethin’ Nasty” – quando me dei conta da data no calendário de mesa. Mais uma vez, a impressão era de que o ano estava passando rápido demais. Sem chances para um sonho. Sem chances para uma grande conquista. E se o mundo tal qual o conhecemos realmente desaparecesse em dezembro de 2012?

Artigos e mais artigos escritos sobre esse assunto, e eu me via cético e preguiçoso no tocante a tão sensível tópico.

Em Pitboyland, contudo, o oba-oba grassava, alheio aos apelos desesperados, às advertências de calejados observadores e até ao fogo amigo do Crea, do TCU e do Ipea, que concluía que grande parte das obras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 não seria concluída a tempo. E isso sem sequer mencionar a situação nos hospitais, no transporte público e na confusão subterrânea responsável por explosões de bueiros.

Pitboyland dá claros sinais de que está indo para o buraco; como aquele mini-submarino pilotado por Michael Biehn em “O Segredo do Abismo”.

Simplesmente sucumbindo a uma silenciosa pressão, com tempo apenas para um derradeiro e inesquecível urro.

Só o Rock salva

Aquela semaninha foi ruim.

A máquina de lavar estava vazando, o alarme disparava sem motivo aparente, eu dormia muito mal, o curso da PUC estava sem graça, meus celulares não pegavam em 99% dos locais onde me encontrava, os preços estavam subindo, os empregadores se tornaram débeis mentais completos, os freelances se tornavam escassos, o Rock in Rio 2011 naufragara de vez, a entrega de compras estava demorando muito, o Joá desmoronaria a qualquer momento, os tacos da suíte estavam soltos, os funcionários do Metrô haviam se transformado em violentos feitores, as embalagens de comida haviam sido invadidas por insetos voadores, os vizinhos já não ligavam para o bem comum, o barbeiro errara a mão no meu cabelo, o jornaleiro continuava grosso, os passageiros do ônibus continuavam barulhentos, os pedestres pareciam personagens em câmera lenta, e os temerosos tentáculos de Pitboyland estavam cada vez mais próximos.

Assim mesmo, toda vez que escutava um rock, a esperança renascia, gloriosa, das trevas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dilúvio Candango




A UNB foi alagada após um dilúvio que se abateu sobre Hardcore Brasília. O chamado "Minhocão" (ui) foi interditado.

Não que a UNB já não fosse um mar de lama. E isso mesmo em tempos secos...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Propaganda: savoir-faire de poucos (parte 1)



"Vai, filho! Me dá logo as chavich (sic) do crujador (sic) imperial! 20 dojich (sic) de Black Label não chignificam (sic) nada..."
"Nãããããããããããooo!!!!!"

SE BEBER, NÃO DIRIJA

terça-feira, 5 de abril de 2011

Um masoquista em Hollywood

Afirmar que eu gosto de Nicholas Cage seria um erro.

Gosto de muitos filmes que ele fez, gosto da maneira como ele atua – acima da média – e gosto de grande parte de seu histórico pessoal. Gostei de “Rumble Fish”; gostei de “Birdy”, gostei de “A Rocha”, gostei de “Arizona nunca mais” e daquele remake dirigido pelo John Woo e co-estrelado pelo Travolta. Gostei de “Wild at Heart”, de “ConAir” e até da refilmagem de “Vício Frenético”. De resto, gostei mais ou menos, ou simplesmente não gostei.

A julgar pelo trailer de seu último filme (“Drive Angry”, aqui “Fúria sobre Rodas”), vou ficando com a última opção. Pois o que é aquilo? Uma continuação do “Motoqueiro Fantasma”? Uma mistura de road movie e satanismo? A trama é tão bizarra que chega a ser surreal pagar um centavo sequer para assistir a isso no cinema. Este vosso humilde escriba chegou ao ponto de ter certeza que a “bomba” seria lançada diretamente em DVD por aqui; de preferência à venda nas Lojas mericanas por módicos 9,99 mangos.

Errei feio. Soltaram a criatura nas salas de cinema, para alegria de pitboys e pitgirls de Pitboyland.

Não é o caso de afirmar que Nicholas Cage é coisa do passado (até porque no passado recente temos outra aberração chamada “Caça às Bruxas”, estrelada pelo mesmo Cage...). Não. Na verdade, está no caminho certo para se tornar um ator cult, do mesmo porte de um Christopher Walken ou de um Donald Sutherland. Ator cult, no entanto, também tem altos e baixos.

E Cage, do alto de seu profissionalismo sincero, está numa fase de baixos bem baixos...

Uma Paris Hilton nada virgem para Deus

Semana passada, radicais e demais débeis mentais assassinaram funcionários da ONU no Afeganistão. Marcharam, mataram e se mandaram. Segundo os próprios “manifestantes”, o ataque e as mortes foram uma resposta à queima do Alcorão promovida pelos pastores da Flórida Wayne Sapp e o já-famoso Terry Jones (sim, homônimo de um dos Monty Python...).

O massacre de Mazar-i-Sharif foi duramente condenado pelas autoridades internacionais, que não negaram a infiltração, no meio dos extremistas, de insurgentes. O governo americano criticou a atitude dos pastores, que parecem só terem levado um tapinhas nas mãos como advertência. Jones, contudo, afirmou não ter remorso, e colocou mais lenha na fogueira ao dizer que “o Islã não é uma religião de paz”.

Como todo débil mental oriundo de uma educação constipada, o pastor superstar não parece conhecer o episódio medievo das Cruzadas. Tampouco os nefastos acontecimentos ao longo da Inquisição. Com cara de matuto, o pastor-sensação-do-momento insiste em generalizar as crenças, os atos e as punições. Possuidor de um bigode à la Village People, o übber-pastor não entende que sua ira pode se voltar contra ele, no impiedoso jogo de dominós da imagem.

Pois, de fato, a administração Obama em nada quer ser comparada com o lastimável governo de George W. Bush e seu malfadado teatro de guerra. Quer, sim, aparecer aos olhos do mundo na condição de salvadora das nações, sejam estas ocidentais, sejam de outras culturas (vide o corrente episódio líbio...). Ou seja: a palavra de ordem é “temperança”; um olhar mais pragmático sobre a política externa; bem longe da atitude ensandecida e bélica de seu antecessor cowboy. Do contrário, passa por extremista e perde milhares de votos para uma possível reeleição.

Basta um passo em falso, e os pastores desaparecem na boca de algum alligator da Flórida.

Em tempo: este vosso humilde escriba gostaria de saber se os tais nepaleses assassinados em Mazar-i-Sharif eram soldados gurkhas. Comentários serão bem-vindos (o que não deixa de ser irônico...).

sábado, 2 de abril de 2011

O motorista do ônibus tinha tatuagens (versão Código Morse)

Café da manhã cedo. Brazooka da Lapa. Táxi até a Feira da Praça XV. Revistas caras (5 mangos), filmes caros (box do "Sons of Anarchy" por 50 mangos), patches caros (10 mangos). Adquiri um exemplar em Inglês da "Lenda do Santo Beberrão" por...01 (HUM) REAL. 415 até o Leblon. Arrumações. Almoço na padaria. Textos e recortes. 161 (antigo 571) até os Arcos da Lapa. Tráfego caótico em Copacabana após a explosão do bueiro de duas toneladas. Chopp na Mem de Sá e ônibus até o Méier. Tempura, bolinho de arroz e feijão com arroz. Filme ("Monsters": road-movie de ficção científica muito bom...). Passeio com o cão. Cama por volta das duas da matina.

terça-feira, 29 de março de 2011

O doce odor da esperança

A cena aconteceu em um 132 vindo do Centro, numa sexta-feira assaz nublada e abafada.

Sentado em uma das poltronas, estava um senhor. Uns 50 anos, quiçá mais. Calvo tal qual um monge franciscano. Gordinho. Vestido de terno impecável, e portando uma maleta 007 de última geração, com lugarzinho cativo para lap-top, netbook e demais maquininhas.

Até aí, nada de mais.

Lia, contudo, uma graphic novel (que, infelizmente, não pude identificar).

Sim, ainda existe esperança para este planeta...

Um piloto chamado Kassab

Eu não gostava nem um pouco do prefeito paulista Gilberto Kassab. Após aquele episódio na entrada de um hospital de São Paulo, no qual, histérico, ele chamava alguém de vagabundo e tal, continuei achando ele mais um político tupiniquim. Bobão, sem graça, e sem força alguma no cenário político tupiniquim. Em suma, um factóide ou algo que o valha.

No começo deste ano, entretanto, as coisas deram sinais de mudança. Kassab estava insatisfeito com a trajetória da oposição aos governos Lula e Dilma; isso sem falar do constrangimento gerado pelo escândalo envolvendo o governo Arruda no Distrito Federal.

Conversa vai, conversa vem, e Kassab resolveu pular fora do partido e criar um novo. Até aí, nada de mais. Político-turista é o que mais existe nesta terra. Partido então...

Ao longo dessa mudança, Kassab expôs suas idéias, explicou a estrutura do novo partido e seus objetivos no que tange ao cenário político. Aí, eu comecei a me interessar. Convenhamos: desde o episódio do hospital, Kassab mudou seu comportamento. Ficou mais calmo e - achava eu - mais esperto. Nessas últimas semanas, li artigos sobre esse novo partido com maior atenção. "É", dizia eu, "faz sentido...". O tal novo partido - Partido Social Democrático (PSD) - trazia idéias, senão bem-vindas, pelo menos honestas, equilibradas, pragmáticas.

Mas aí deu no que deu. Hoje, ouvi na rádio que Kassab colocaria, dentre os quadros do partido, a senadora Kátia Abreu, aquela fazendeira desvairada que quer ver a Heloísa Helena pendurada pelos pés. E o tal Índio da Costa, o vice-invisível do Serra nas últimas eleições. Isso sem falar na polêmica que criou com a família do JK acerca do próprio nome do partido. Aí virou festa.

É a tal história do piloto de primeira viagem. O sujeito está no comando do avião pela primeira vez, manobra o aparelho na pista de decolagem. Nervoso, acelera os motores e decola. E sobe. Sobe, sobe, sobe. Cada vez mais confiante. Nisso, os passageiros resolvem parabenizá-lo pelo grande êxito nas manobras. O que o piloto faz? Levanta da cadeira e vai receber os cumprimentos...

Pombas! Assim se faz política neste território tupiniquim...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Diálogos Mirins

Garoto na porta do McDonald's Leblon: "Mãe, o que é democracia?"
Mãe: "Ai, Marcelo, agora não. Um dia você descobre isso..."

Indeed, minha boa senhora. Indeed...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Leitura Desastrosa

Estou lendo, entre outras coisas, um livro que comprei no sebo em Ipanema. Se chama "Disasters: The anatomy of environmental hazards", de um sujeito chamado John Whittow, Ph.D em Geografia e membro da Royal Geographic Society. O livro, publicado pela Pelican Books, é de 1980. Basicamente, afirma que vivemos em uma enorme casca de ovo, e não raro pioramos a situação com nossas construções, ilegais ou não.

Já estou na parte que fala dos terremotos. Pelo mapa que mostra o Japão, já posso constatar que a localização é das piores. Mas engana-se quem acha que regiões relativamente "estáveis" não podem registrar tremores danosos. A Inglaterra é um desses exemplos.

Outra coisa: quando ocorreu o tremor no norte do Japão, uma âncora de rádio afirmou que a erupção do Karkatoa, de 1883, matou pouca gente. É relativo. A erupção em si (lava, cinzas, etc.) matou poucas pessoas. No entanto, a série de tsunamis provocada pela erupção fez com que fossem registradas ondas de até 36 metros, que, ao todo, ceifaram mais de 36.400 vidas.

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval em Pitboyland 2011: uma resenha

Único ser humano cuja alma foi – e ainda é – possuída por uma entidade alienígena, William Shatner não tem vergonha de passar dos limites. Além de cantar mal e dirigir na Stock Car aos uivos, Shatner entrevista assassinos, é entrevistado e tece considerações assaz pertinentes a respeito da “Iron Man” do Black Sabbath com o guitarrista Zack Wylde.

Por essas e por outras, regozijo-me ao concluir que William Shatner não pertence ao Carnaval de Pitboyland.

Com seus rabos siliconados, seus peitinhos bronzeados e sua horda de bêbados mijões, a “Festa da Carne” carioca fora contemplada com tempo nublado e chuva, o que fazia com que a muitos foliões apenas tocassem o “foda-se” com mais irresponsabilidade.
De minha parte, acalmava os nervos com uma cervejinha no alegre Méier. Minha namorada torcera o pé três dias antes e ficaria de molho durante uma semana (torcera o pé no aniversário de falecimento de minha avó materna, Santa Coincidência, Batman!). Com a dispensa cheia e uma programação prática – que incluía baixar pérolas cinematográficas na internet, passear o cão, ler, escrever algo e comer coxinha de frango na padaria –, sobrevivemos aos dois primeiros dias tal qual protagonistas de um conto apocalíptico no qual os monstros e demais desesperados têm a cara do governo e do jet-set alienado da Zona Sul. Não faltava muito para que resolvêssemos fincar uma Jolly Roger no topo da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Novo.

Porém, chovia...

Este vosso humilde escriba se divertiacom antigos trailers de filmes poucos conhecidos. “Disco Godfather”, “Black Gestapo”, “Copkillers”, “Night of the Zombies”, “Savage”, “Monkey Hustle”, “Nightmare City”, “Madhouse”, “Corruption” (com Peter Cushing no papel de um tarado…), “Sugar Hill”, entre outros. Baixamos uma bela seleção: “Dog Pound”, The Notorious Battie Page”, “Winter’s Bone”, “Basquiat”, “True Grit”, além do honesto “The King’s Speech”.

Na noite de domingo, subi no 476 de volta para o famigerado Leblon. Em determinado ponto, um vasto grupo de evangélicos invadiu o ônibus e iniciou sua sonora seleção de cantos religiosos louvando o nome do Senhor, anunciando a vinda do Messias e, ocasionalmente, devorando sacos de biscoito maizena. Assim que o veículo passou pelo Clube do Flamengo, saltei e andei, apressado, até adentrar minha humilde morada. As ruas já se viam invadidas por foliões, urinantes e embriagados. Adolescentes à procura de algum naco de sonho ou prazer como combustível para futuras histórias de vantagens e relatos rocambolescos. Minhas costas doíam, resultado de uma noite mal dormida.

Tomei um banho frio, abri uma cerveja e coloquei um Best Of de raridades de Jimi Hendrix no som. Preparei um Miojo com o resto da carne moída e comecei a dar um jeito na bagunça do escritório. Mais tarde, coloquei outro Best Of, dessa vez do Fred Astaire na sua fase MGM. Tomei um chá.

O prédio estava praticamente vazio. Nenhuma luz no vão dos fundos, nenhum barulho típico de uma noite de domingo (ok, alguém escarrou de modo triunfal, mas não sei quem foi...). Além de estar com a impressão de que eu era o último ser humano nas cercanias do Jardim de Alah, eu também estava certo de que a voz de Astaire era igualzinha à de Iggy Pop ao cantar “How could you believe me when I Said I loved you when you know I’ve been a liar all my life” com Jane Powell. Estranho, de fato.
Lá fora, coisa toda apenas começava. Na Sapucaí, nos blocos, nos bares e, com um mínimo de sorte, na casa de desconhecidos. Sequer pensei em ligar a televisão. Era vil, repetitivo e, a longo prazo, perigozo. Fred Astaire cantando “Got a Bran’New Suit” estava de ótimo tamanho, devidamente acompanhado de chá, textos, recortes mil, e uma boa bagunça sem tamanho no coração de mais uma madrugada.

Na manhã seguinte, acordei com as dores que vez ou outra me afligiam. Tomei café, escutei a rádio e continuei meus afazeres. Aparentemente, a Unidos da Tijuca festejou o medo, e fez boas menções ao cinema fantástico. Giselle Bündchen desfilou, mas não sambou. Afora isso, os mesmos desesperos por causa do tempo regulamentar, as mesmas angustias por causa do peso das fantasias, a mesma hipocrisia estampada nos lamentos dos afetados carnavalescos.

Conversei com “seu” Zé, faz-tudo e zelador do prédio de minha avó materna. Na véspera, os blocos haviam passado pela San Martin e pela Afrânio. “Foi um nojo só”, exclamou. “Era cheiro de mijo, cheiro de vômito, cheiro de álcool! Saí daqui às seis, e só cheguei em casa às nove! Carnaval às vezes é bonito, mas às vezes é só problema, sabe?”. Sim, eu sabia. A visão não era nada bonita.

Naquela noite, após improvisar um prato com arroz, sardinha e ovos cozidos, assisti ao filme “Outland” e continuei escrevendo algo que valesse a pena reler. Escutei Chet Baker (chato...) e Medeski, Martin and Wood. O carnaval em Pitboyland continuava o mesmo. E eu não gostava dele; ou passaria a gostar tão cedo. No frigir dos ovos (alheios, é óbvio...), eu tinha boa parte do que precisava.

E um atestado de alienado em meio a foliões débeis mentais não era um dos itens.

Quando os olhos brilham...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

John Waters não faria melhor...

Essa história envolvendo a - sim - vereadora Verônica Costa, a Mãe Loura do Funk, beira o surreal. Só em Pitboyland mesmo.

Parece que ela e os irmãos torturaram e espancaram o marido da apresentadora, numa trama digna daqueles filmes do Steven Seagal. Queimaram o sujeito com produto químico, e não me perguntem que partes do corpo foram queimadas. Fico imaginando essa mulher (???) numa sessão de tortura, berrando palavras de ordem tais como "fala, miserável, confessa, porra!" e "agora você vai ver o que é bom pra tosse, traste!!!". Coisa de Black Ops no melhor estilo "Máquina Mortífera 1".

Lembro quando ela era casada - ou algo que o valha - com o Rômulo Costa, übber-director da Furacão 2000, e ambos apresentavam um programa na GNT ou na Band aos sábados. Era puro chorume, um desfile de bundas, gente alcoolizada e sorrisos marotos. Eu me divertia, é óbvio. Cada "artista", cada "música"...E os comerciais, então? Propaganda de bermuda, propaganda de energético, propaganda de gloss com sabor de cereja e ânis.

Sim, caro e raro leitor: certos jornalistas perdem tempo demais com certos assuntos. Este vosso humilde escriba não é muito diferente, mas sente prazer em expôr as entranhas de uma Pitboyland que, salvo engano, está indo para o saco. Por mim, entregava dois machetes pra Verônica e jogava ela no meio de Bagdá.

Pitboyland, tu me confundes...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quando a Revolução passa na TV...

Eu já sabia que o Seif Kadafi era um playboy idiota. Também sabia que seu pai, o ditador líbio Muamar Kadafi, estava fora do país naquele domingo de fevereiro. Sabia que ele estava no palco do Domingão do Faustão como seu alter-ego, o majestoso Cauby Peixoto, de 80 anos, interpretando sucessos tais como "Conceição" e "New York, New York".

A geopolítica tinha dessas.

O que eu não sabia, entretanto, é que o pronunciamento de Seif na televisão estatal seria tão chato quanto ouvir um milionário dentuço anunciar, aos prantos reptilianos, sua aposentadoria dos gramados.

Ok. Muamar é um péssimo orador. Ora coloca a culpa no Osama bin Laden, ora trata o populacho como um bando de ratos, ora pede para que todos dancem e cantem. É demagogo, e com um pé num misticismo de pacotilha. Seif, no entanto, é chato e repetitivo; a ponto de qualquer observador com um mínimo de cultura concluir que restam poucos dias para que a família Kadafi pique o camelo em direção às praias venezuelanas. De fato, à medida que jatos e mercenários - africanos E do Leste Europeu - cuspiam fogo nos manifestantes, a situação do ditador tornava-se insustentável, e isolavam a Líbia em um daqueles abismos do cenário internacional.

A grande dúvida deste vosso humilde escriba é sobre o resto da Grande África. Principalmente a África negra; pois é notório que diversos estados são governados por pequenos ditadores e aproveitadores (Sudão, Gabão, Zimbábue, etc.). Não porque meus pais ainda moram em um deles - segundo eles próprios, devidamente ladeados pelo comandante dos paraquedistas franceses e pelo chefe de inteligência do atual presidente. Mas, sim, porque esse início do que parece ser uma série de levantes populares, mesmo não tendo todo o aspecto "épico" que não raro lhe atribuem e os desdobramentos sonhados no exterior, tende a expôr novas facetas de um continente que ainda é observado e analisado de modo assaz errôneo.

A Boa Notícia da Lógica

Estreou uma cine-biografia do fenômeno - mais um - Justin Bieber. O moleque tem 16 anos. Por acaso isso quer dizer que logo logo o carinha vai vestir o paletó de madeira?...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dreams Inc.


Catzo!!! A que ponto chegamos...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobrevivendo nos Blocos de Rua

Eu vi isso com estes olhos. E ouvi isso com estes ouvidos. Ali, na altura do cinema Leblon, uma jovem mãe berrava com seu filho:
"Vai no bloco, sim, e ponto final! Tem que ir no bloco como todo mundo, pra se divertir! E pára de chorar, porque não vai adiantar coisa alguma!!!"

Good Lord.

Chegamos a um ponto em que Carnaval é obrigatório; um ponto em que pular em bloco de rua é dever cívico. Qual o passo seguinte? Voto obrigatório em escola de samba?
Sequer encherei o sacrossanto saco do caro e raro leitor com minha aversão ao Carnaval. É pura hipocrisia; putaria generalizada pintada de diversão inocente. Jogo mercantilista colorido e enfiado goela abaixo de toda e qualquer classe.

À primeira vista, é festa. Mas tente o leitor observar com mais atenção, e constatará o que de mais podre existe numa sociedade. Desculpas esfarrapadas de gente que, querendo se divertir, extrapola, danifica, vandaliza, estupra, ataca e depois posa de bom cidadão. Desfile de Barbies e Kens inchados de silicone e drogas até a alma. "Festa da Carne", pois não. É bom para lavar a alma. Mas com o quê?

As histórias que eu já ouvi fariam qualquer bispo da Igreja Universal - "ou dá, ou desce!" - levar um simples tapinha na mão. Chantagens, subornos, todo tipo de crime para alegrar o público, nacional ou estrangeiro. Rios e mais rios de dinheiro, de origem oficial ou oficiosa, lambendo as avenidas cobertas de paetês.

Pombas! Eu começo a ouvir a palavra "Carnaval" em setembro do ano anterior! E depois vêm me dizer que o povo é trabalhador?! Até posso concordar que o Carnaval de outras épocas era mais inocente, menos voltado para aspectos mercadológicos e políticos.
Mas ir de encontro a essa maré é batalha perdida. Será?

O tal filho não parou de chorar e espernear por uns bons 100 metros.
Um pequeno herói. Por enquanto...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

George Harrison era pé-frio

Sim. Li nos jornais que explosões na superfície do Sol se tornaram cada vez maiores, a ponto de influenciarem a vida sobre a Terra. Essas últimas foram de tal intensidade que seus efeitos logo serão sentidos por aqui, com grande risco para os sistemas de comunicações (celular, satélite, etc.).

Eu amo ficção científica, mas nem sempre gosto quando a mesma se torna realidade. Meu celular da TIM nem precisa de explosão solar para dar defeito, por isso imagino quando a coisa piorar em nível global. Vai ser uma reclamação só, além das empresas responsáveis virem com a desculpa de que a falha foi provocada por eventos naturais.

Cá estamos, pois, bronzeados e mal pagos...

Menos...


Eu não chorei quando Ronaldo "Fenômeno" (???) anunciou sua aposentadoria dos gramados. Sequer fiquei triste, emocionado ou receoso quanto à qualidade do futebol tupiniquim. Pra mim, foi apenas mais um episódio da novela "Pão e Circo", nacionalmente idolatrada.

Convenhamos: o dentuço vai fazer menos esforço, ainda vai nadar em grana e ser convidado para eventos do esporte mundial (aquela história - manjada há décadas - de embaixador mundial para a Paz, etc.). Esta semana, o sujeito foi nomeado membro do Comitê Paulista da Copa de 2014. Tadinho?