quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Sorriso do Homem-Chocolate (versão Código Morse)

Tempo nublado e café reforçado. Priminho! Internet. Ônibus e engarrafamento. Rio Sul e Tim. Roupas para doação. Textos e almoço em casa. Telefonemas e colagens. Bateria e banho. Vato Loco. Às vezes me pergunto se a Cléo Pires tem vergonha do próprio pai toda vez que este afirma ter sido abduzido por alienígenas. Evento design em Ipanema. Calor. Pizza no Itahy. Conversas. Erasmo Carlos no Jô Soares. Flanelinha Maratonista. Morcegos na Praça da Paz. Família Trololó: pai e filho completamente ensandecidos, bêbados, passando mal, prestes a serem esmurrados por garçons e clientela. Fim de noite às 2:35.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entre! A Casa é Sua!!! (Aos Olhos de um Fardo Diplomático)

"Toc. Toc. Toc."
"Quem é?..."
"É Titio Zelaya e companhia..."
Não deu outra nos noticiários, tupiniquins e estrangeiros. O presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya, acompanhado da esposa e de petit comité, foi acolhido na embaixada brasileira em Tegucigalpa (alegre Honduras). Devidamente instalado e sorridente, subiu no muro, fez um curto discurso e agradeceu aos manifestantes e partidários pelo carinho, antes de a polícia e o exército colocarem os mesmos para correr, sob uma chuvarada de cacetadas, balas de borracha, jatos de água e bombas de efeito moral.
Alegria, alegria. Mas agora o carnaval acabou. Cortaram luz, água e telefone da embaixada e do bairro na qual esta se encontra. A comida acabou. Ah, pequeno detalhe: o embaixador brasileiro não está. O único diplomata brasileiro é um encarregado de negócio, que tem toda a pinta de que vai ser alçado ao posto de herói da diplomacia tupiniquim (isso, é claro, se não mandar tudo às favas, enxotar o Zelaya da residência e pedir as contas...).
Sabem aquela história do tio estranho que chega com a família de surpresa justo quando teus pais não estão em casa? Mais ou menos isso, só que em Honduras. O problema disso tudo é que a corda rompeu para o lado da "diplomacia" tupiniquim (i.e. "diplomacia PT Style"), que não só abriu um precedente oba-oba como agora não sabe como – e com quem – vai descascar o abacaxi.
Glorificado seja o dia em que tive juízo suficiente para pular desse Titanic chamado Itamaraty.
Aliás, sequer embarquei. Ufa.

Somos Todos Filhos de Flipper

As fotos eram assaz chocante. Um grupo de jovens dinamarqueses participavam de uma (aparentemente tradicional) matança de golfinhos da espécie Calderon na Ilha de Faroe. Em meio à água rasa ensangüentada, os rapazes desferiam, sorridentes, golpes de picareta nos animais. Me deparei com as fotos na página do Facebook; foram enviadas por uma amiga que mora no Cairo e que é ferrenha no que diz respeito à luta contra injustiças e demais crimes. Irônico como sou, publiquei um comentário abaixo da foto:
"Eu conheço um dinamarquês que freqüenta o mesmo bar que eu. O sujeito é um merda que se acha o rei do pedaço. Amanhã mesmo, munido da foto acima, vou lá baixar o sarrafo no miserável. E vou fazê-lo vestido de golfinho! FLIPPER’S REVENGE!!! Beijos."
Soou meio bobo, admito. Mas foi o que me veio à cabeça aquele exato momento.
Acho a Dinamarca um país estranho. Não produz muito, mas faz questão de cantar de galo em certas questões mundiais, tais como qualidade de vida, projetos sociais, direitos humanos e combate à pobreza. Eu me pergunto se confiaria a função de alimentar uma criança de Darfur a um sujeito que enfia, alegre, uma picareta na cabeça de um golfinho. Não acho que a questão da inteligência animal tenha de vir à tona, até porque são inúmeros os casos de golfinhos que atacam humanos.
A questão, explicitada nas fotos, é a gratuidade da ação; além, é claro, da ausência de defesa por parte dos golfinhos – quero ver um dinamarquês levantar uma picareta em mar aberto...
A princípio, toda essa discussão – se discussão existe – parece infundada, frívola ou mesmo inútil. O Japão mata baleias a rodo e nem por isso queimamos nossos iPods em praça pública. Somos contra a mão-de-obra infantil, mas ficamos contentes quando ganhamos um tênis de aniversário. Certamente existe injustiça, mas contanto que não a vejamos, está tudo certo no melhor dos mundos.
O fato, entretanto, é que esse tipo de hipocrisia não raro se torna algo maior, mais perigoso e deveras descontrolado. Foi assim nas duas guerras mundiais do século passado: no começo, era apenas localizado; evento menor, beirando o irrelevante. Depois, bem, todos nós já sabemos...
Golpear golfinhos pode não ter o mesmo significado de um massacre de humanos. A raiva – e o prazer advindo dessa raiva –, porém, é a mesma. Começa tímida, mas logo extravasa e, em nome de sentimentos egoístas, adquire formas relevantes.
Dirá o leitor que sou mero defensor dos animais. Respondo que sempre serei, até porque sou eu mesmo um animal.
Nem sempre evoluído.

The José Mayer Sex Soap Opera Syndrome

Desde a semana passada, deu José Mayer na cabeça. Falavam dele nas publicações. Falavam dele nos programas femininos. Falavam dele no ônibus para São Paulo. Falavam do sujeito até no bar que freqüento, na rua Maria Quitéria. O galã da nova novela das oito da Rede Goebbels é o cara da vez, e só perde em beleza para Manuel Zelaya, o "Sinhozinho Malta Hondurenho Conquistador de Embaixadas".
José Mayer é uma espécie de Michael Douglas menos tarado, sem Catherine Zeta-Jones, mas com aquela boa e velha lista de mulheres seduzidas. Cá pra nós, José Mayer tem cara de peão, jeito de peão, sorriso de peão e atitude de peão. É um peão no "Leblão". Tem helicóptero, hotel cinco estrelas e mulheres a seus pés.
É peão rico, com a lábia "Moneytalks" daqueles cinqüentões abarrotados de grana que namoram a gatinha de 30, 20 ou dez anos de idade. José Mayer é o Tio Sukita com dinheiro. Peão Tiozão. Peão que aparece em propagandas extintas de cigarro Derby, ou em propagandas sobreviventes de Bombril e adoçante.
Pombas! Eu, que tenho 36 invernos na cara, e que orgulhosamente venho de Hardcore Brasília, já me sinto um estranho numa terra estranha aqui em Pitboyland. Imagina o personagem do José Mayer...
Quase nada contra o Leblon. Até acho legal e acolhedor (se não fossem esses clichês televisivos). Mas esses tiozões do Leblon são doses. Vivem se reunindo nas manhãs de domingo naquele Talho Capixaba, almoçando nesse recém-inaugurado Le Bronx (sacaram o trocadilho odioso?...), jantando nos restaurantes japas da Dias Ferreira e bebendo na Pizzaria Guanabara ou no Jobi. Em pé!!! Colocam nome na lista de espera!!! Come on...
Cadê os homens ranzinzas do Leblon? Cadê os velhos que ficam quietos num canto, olhando a garotada fazer merda? Cadê os caras que não se importam com rugas, mulheres velhas e garçons amigos? Porra! Diplomacia de botequim?! Qualé?!!! José Mayer e companhia (alô, Oswaldo Montenegro...) deveriam ser encaixotados e enviados para o Laos, alegre território povoado de gente boa.
Enfim, nada de violência. Contanto que esses clones do José Mayer não interrompam minha cervejinha semanal, está tudo bem. Do contrário, é apocalipse em Technicolor.

On Ira Plus Loin (versão Código Morse)

Amanhecer no lar doce lar. Tempo chuvoso e frio. Feira com a mãe. Internet e casa da avó. Almoço. Mais internet. Textos, rádio e telefonemas. A Dinamarca não é o que parece (ou seja: é um Estado-Traveco). Leituras. Jantar leve no Degrau. Dois chopps. "O Dia do Chacal" (versão original) e sementes de girassol. Depois de setembro, outubro. Música clássica, textos, leituras e cama.

Parceiro é o teu passado (versão Código Morse)

Mais chuva e frio. Café reforçado. Leitura para o curso. No Dia Mundial Sem Carro, Pitboyland não se curvou. De um taxista: "...pode até ser ecologicamente correto, mas não coloca comida na minha mesa...". Telefonemas e internet. Loteria. Sósia do Clodovil no Leblon. Bafafá no Porão do Rock. Comentário no Rock Brasília. Bom texto do Zeca (revisa, porra!!!). Texto sobre o aparecimento do livro. Almoço em casa: salada de kani, rúcula, agrião e palmito. Rádio, textos e colagens. Põe o Zelaya pra lavar a louça da embaixada. 432 pra PUC. Discussões sobre o surgimento do livro. Gutemberg era um verdadeiro punk. Casa. Arroz e frango com curry pro jantar. Pedaço do "Casablanca" e suco de uva. Jazz, textos e cama.