terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ouvindo Ramones e comendo Miojo com sardinha (versão Código Morse)

Sol forte e barulhos do shopping. Café preto, iogurte e frutas. Telefonemas e textos. Banco e padaria. Piadas e sorrisos. Confusão caribenha. Texto sobre tsunami em Pitboyland. Revisão de textos antigos (passa pro computador, pombas!!!). Canibais à espreita. Almoço sem vontade. Tarefas, tarefas e mais tarfeas. Café preto. Eu não sabia que Gal Costa era.... Colocando a temperatura de lado e trabalhando em vários roteiros. Por que diabos não existe uma estátua em homenagem ao movimento punk brasileiro? Bateria e ducha fria. Bons filmes no Instituto Moreira Salles; mas será que a tela é boa? Cerveja gelada e Tiparillo. "Laranja Mecânica" no escuro: o mundo parou. Após o filme, lavo o rosto, tomo mais uma gelada, escovo os dentes e vou dormir. Nada de música clássica neste nosso oxigênio ditatorial.

Elementar Filão

Ao contrário do que li em uma das críticas dos jornais e revistas, o "Sherlock Holmes" de Guy Ritchie não tem coisa alguma de 007. É, óbvio, um filme de ação, que certamente chacoalha o ambiente exposto nos livros de Sir Arthur Conan Doyle. Às conclusões científicas de Holmes e Wtason, somam-se vertiginosas perseguições e truques de câmera ao estilo rock’n’roll do ex de Madonna. O personagem principal está mais para o Jack Sparrow da série "Piratas do Caribe" – afinal, Robert Downey Jr. e Johnny Depp são crias do mesmo estilo de interpretação – do que para a retidão de James Bond.
O filme em si tem seus momentos; sejam estes bons, sejam estes ruins. A trama traz a velha questão da ameaça sobre uma população, além de inimigos que, se são assaz manjados, servem para introduzir a misteriosa influência do Professor Moriarty, nêmese do mais famoso morador da Baker Street (nos bastidores fala-se em nomes hollywoodianos de peso para viver o auto-denominado "Napoleão do Crime", tais como Sacha Baron Cohen, Hugo Weaning, Mel Gibson, John Hamm e...Johnny Depp).
Assim como "Homem de Ferro" – cujo trailer do segundo episódio está sendo exibido antes do filme de Guy Ritchie –, "Sherlock Holmes" já foi alçado à categoria de "quero-mais-e-quero-maior". Resta saber se conseguirá segurar a inovação ou cair na mesmice. E isso, meus caros leitores, está longe de ser elementar.

Quem disse que o Tio Sam não sabe contar uma piada?...

Como acontece nas melhores e piores culturas deste lado do Universo, este vosso mui humilde retardado mental assistiu ao filme "Se Beber, Não Case!" ("The Hangover", em inglês) com anos-luz de atraso. Antes de colocar a bolacha no tocador de DVD, eu já esperava algo do tipo "mais um candidato a Sessão da Tarde", certo de que gostaria do começo e odiaria o resto, encomendando alguma macumba (o termo "vodu" está momentaneamente na lista de palavras politicamente incorretas...) a alguma mãe-de-santo barata e comível.
Pois eu estava redondamente enganado, caro e raro leitor.
Convenhamos: uma comédia que começa embalada por uma canção do Danzig não é qualquer comédia. Esta não só começa com Danzig, como tem uma trilha sonora interessante e eclética, daquelas cujo disco não faz feio numa festinha regada a cerveja, mulheres e vizinho chato.
O filme é ótimo exemplo da tradição do humor gringo, e figura entre pérolas tais como "Orange County" (Colin Hanks e Jack Black), "Eurotrip" e a übber-comédia "Curtindo a Vida Adoidado". Os elementos para duas horas de risadas estão lá: os personagens principais de diferentes temperamentos, as frases de duplo sentido, as situações bizarras, as críticas nada veladas ao establishment policial, os personagens secundários hilários (dentre os quais um chinês alucinado e Mike Tyson em pessoa...). O pulo do gato, entretanto, é a maneira de contar a história, partindo do presente e rememorando os fatos por meio de pequenas pistas. Não é à toa que o filme acaba de ganhar o Globo de Ouro de Melhor Comédia, prêmio que poderia muito bem se transformar em uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original.
Assim que as Lojas Americanas colocarem o filme nas suas prateleiras, eu vou reservar o meu. Faça o mesmo.

Pipoca Ecológica

"Abadá? Não, obrigado, vou recusar..."
Sim, eu estava ficando surdo. Mais precisamente do meu ouvido direito, que vez ou outra dava a impressão de estar tapado ou repleto de água. Quando minha amiga DD me convidou para assistir ao filme "Avatar", de James Cameron, pensei que ela estava tirando um sarro da minha cara de nerd. Contudo, assim que percebi meu erro – fruto da falha auditiva –, aceitei o convite, não ligando muito para o fato de a exibição ser em 3D.
Já instalado no cinema – com direito a refrigerante, pipoca e lata promocional de M&M’s –, me sentia com dois óculos (os de grau e os de 3D) no rosto, e me perguntava se o filme valia todo aquele esforço. Após uma confusão envolvendo assentos marcados e uma platéia oriunda de alguma caverna pré-histórica, a coisa toda começou.
"Avatar" não é ruim, mas também não é a revolução alardeada por jornais, revistas e demais mídias especializadas. Lá pelo meio do filme, já fica claro um sinal de "vou fazer melhor" com relação ao filme "O Segredo do Abismo", do mesmo Cameron e um fiasco de bilheteria à época de seu lançamento. Os efeitos realmente são muito bons – realizados pela mesma equipe da trilogia do "Senhor dos Anéis", na certa vai papar todos os Oscars da categoria... –, porém senti que, mais uma vez, a influência de um Barlowe ou de um Jean "Moebius" Giraud ajudou um pouquinho (como aconteceu, no caso de Moebius, em "O Segredo do Abismo"...).
No mais, "Avatar" é um faroeste ecologicamente correto, dirigido por uma mais-que-decente discípulo de John Ford. Vale a pena ser visto e – por que não – revisto.
Mas sem óculos 3D.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Certos Momentos Não São Gravados

Tomei o suco de manga de sempre e papai duas esfirras de carne antes de abraçar a maratona diária. Minha nova dentista havia desmarcado nosso encontro por estar passando mal, por isso aluguei dois filmes ("Se Beber, Não Case!" e "O Seqüestro do Metrô 123", este uma refilmagem com John Travolta no papel que já fora de Robert Shaw...) antes de visitar minha avó. Assistimos a um episódio de "Magnum" e outro de "Histórias do Crime".
O personagem do ator Dennis Farina e sua equipe tentavam dar o bote em um carregamento de drogas do mafioso Ray Lucca em algum país corrupto do Caribe. Eu comecei a lembrar do fato de Dennis Farina ter sido detetive da polícia de Chicago por quase duas décadas, quando um rosto chamou minha atenção: Stephen Lang está em "Avatar" na pele do militar sem escrúpulos; já fez o papel de um serial-killer em "Aprendiz de Feiticeiro" (um filme injustiçado, dirigido por John Badham, e estrelado por Michael J. Fox, James Woods e Luis Guzman) e viveu um dos policiais que ajuda o personagem de Christian Bale a capturar o John Dillinger de Johnny Depp em "Inimigos Públicos", de Michael Mann.
No episódio de "Histórias do Crime" (1986-1988), Lang interpreta David, um informante X-9 infiltrado na organização criminosa de Ray Lucca, e namora a personagem de Pam "Jackie Brown" Grier. Não dá nenhum show de interpretação, mas vale pela curiosidade. Stephen Lang merece um mínimo de respeito e crédito, além de nossas preces para que não vire mais um James Gandolfini da vida ("Sopranos", "The Mexican" e, uau, "O Seqüestro do Metrô 123"...), de ascensão rápida, e queda em Mach 3.
Na noite anterior às esfirras e ao suco de manga, contudo, eu estava com uma "tchurma lesgal" no Joaquina da Cobal do Humaitá, conversando sobre punks paulistas arrastados por skinheads em um Uno vermelho, e a vingança da Mãe Terra segundo as visões de Pai Dan H. de Xogun (sic), profundo conhecedor da filosofia de Bryan Adams e voraz consumidor de caipirinhas de morango. Após semanas de um calor somali, um pé d’água de proporções bíblicas finalmente se abatera sobre Pitboyland e suas almas. Pé d’água curto e grosso, mas pé d’água assim mesmo. Entre uma cerveja e outra, entre uma mordida no sanduíche de mortadela e uma beliscada no petisco de lingüiça acebolada, eu sonhava com o dia em que anões premiados pelo Livro Guinness de Recordes voariam nas costas de pombos geneticamente modificados e bombardeariam o litoral de Pitboyland com napalm.
Foi então que meu amiguinho "Daddy-O" Dan afugentou meus devaneios com um longo papo sobre a banda formada por Josh Homme, John-Paul Jones e Dave Grohl, a Them Crooked Vultures. Havia boatos de que a banda seria a principal a se apresentar nas edições de 2010 do Porão do Rock (Brasília) e do TIM Festival (Pitboyland-Sampa). Talvez, sempre talvez. Uma coisa era certa: o AC/DC gravaria mais um disco, realizaria uma derradeira turnê e sairia de cena envolto em glórias e vitórias. Em outras palavras, havia sempre um resto de esperança jogado em algum canto obscuro da vida na Terra. Over and Out, Black Jack...

Silvio Santos Necromancer vem aí!!! (versão Código Morse)

Chuva na madrugada. Coração a mil (razão desconhecida). Café preto e iogurte. Jornal atrasado. Suco de manga ao lado do Degrau. Episódio decadente de Magnum na casa da avó. Telefonemas e conversa sobre as eleições deste ano (Wagner Montes lurks...). Carta do Fidel Castro ao meu avô (uau!). Textos, leituras e arrumações. Bateria e ducha fria. Telefonemas e rádio. Rossini e algum compositor de música clássica galês (o único, talvez...). Tiparillo e preocupações. Chuva forte. Ar-condicionado e mais textos. Cama. This is not a drill, soldier...

Orangotango de Rolex no pulso e Martini na mão

Pitboyland é um croquete de carne sendo despejado no óleo quente de uma panela tupiniquim. E ainda assim vai ter gente me chamando de deprimido ou pobre coitado. Que se dane: eu escrevo, e eu escrevo o que eu vejo, ou sinto. Se quiserem um otimista sorridente, que esperem o Carnaval dos Idiotas ou desenterrem algum Nostradamus viciado em LSD. Uma Copa do Mundo e uma Olimpíada não vão te salvar de uma enchente ou te transformar em uma pessoa melhor. Mais dia, menos dia, o croquete de carne vai causar indigestão, ou uma intoxicação alimentar fatal. R.I.P.

A Revanche do Atum Azul (versão Código Morse)

Acordo com o frescor do ar-condicionado. Repenso a cronologia dos afazeres vindouros e tento me convencer de que tudo precisa ser feito o mais rápido possível, de modo a evitar o calor de 40/50 graus lá fora. Café preto, iogurte e notícias no rádio. Banco, Lojas Americanas, suco de manga, compras da semana, casa da avó, mais contas no banco. Volto pra casa e tiro a roupa empapada de suor. Telefonemas, internet e mais rádio. Textos e jornais. Almoço leve: saladão e frutas. Café preto e água gelada. Recortes e mais telefonemas. O que diabos aconteceu com as pessoas? Deve ser o calor. Arrumações e exercícios. Ducha fria e cama durante meia-hora. Rádio e ar-condicionado. Sanduíche de queijo e mostarda. Textos e colagens. Jazz e música clássica. Berlusconi com cara de zumbi na foto esverdeada. Caso eu bata as botas no inferno de Pitboyland, me congelem! Boa noite.