sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um Aniversariante em Pitboyland (Opus 36)

Bimbalharam os possantes e falsificados sinos de Pitboyland, tal qual derradeiros e apoteóticos minutos da Abertura de 1812 de Tchaikovsky. 36 inverninhos e o rapazola aqui tá todo feliz. Só não sabe porquê.
Confesso que, com o passar dos anos, essa história de aniversário fica assaz pesada. Eu estava na aula do curso de extensão, na PUC, tentando me concentrar na apresentação da professora sobre o papel do livro e a censura no Brasil-Colônia. Entre uma e outra data importante ou autor censurado, não conseguia deixar de pensar no meu aniversário. A comemoração combinada a duras penas, os votos de felicidade por parte de parentes e amigos, a incredulidade quanto à ausência de certas pessoas, a lista hermética de presentes. Enfim, os trâmites nada importantes de um aniversário.
Assim que soaram as dez badaladas, piquei a mula, subi num 433, cruzei o Leblon e desci na Maria Quitéria. Ah, o Empório! Local de amores e horrores. Local de ilusões, decisões, confusões e omissões. Na porta do estabelecimento, prostrava-se, ainda mudo, Vicente, sumo-garçom e figuraça gaúcha, devidamente vestido com uma camiseta do "Back in Black" do AC/DC. Na mesa, as duas pessoas que vieram me dar os parabéns (e isso apesar de trabalharem no dia seguinte...). Outras foram avisadas, muitas outras sabiam, mas aparentemente não deram muita importância. Afinal, numerosos são os vícios que tentam o ser humano, principalmente em Pitboyland. O aniversário de um amigo nem sempre está no topo da lista de "prioridades" ou de telefonemas. De minha parte, não faço mais propaganda do meu próprio aniversário; até porque soa meio estúpido nessa altura dos acontecimentos.
Fiquei no choppinho e na batata frita. Não teve bolo com baba de moça, como era o costume quando comemorava a data na casa da minha avó. Ninguém pagou minha parte da conta (outro fato que mudou em comparação aos anos passados). Até o fechamento desta postagem, só ganhei um presente, e certamente não foram meias e cuecas da Taco. Muita gente não ligou, ou não escreveu. Outras ligaram. Outras não podiam ligar, pois simplesmente desconheciam a data. O mulherio marcou presença virtualmente, na página do Facebook, e, junto com outros amigos, enviou congratulações pela rede. Meu irmão – o famoso "Main Man Mike", guitarrista da não menos famosa banda D.F.C. – foi o primeiro a ligar; devidamente seguido por um torpedo de um "One Track Mind" do Humaitá. O Zeca ligou, me deu os parabéns ao longo de cinco (5) segundos e discursou sobre música em Hardcore Brasília ao longo de 10 ou 15 minutos (mais foi bem legal, apesar do fato de eu não poder tocar bateria no aniversário dele...). Agradeço a todos.
Cá pra nós, não me sinto mais velho. Posso até me sentir cansado com mais facilidade, mas não ligo muito pra minha idade. Falo tanta besteira que sou capaz de passar por um débil mental de 13 anos se uma pessoa apenas escutar minha voz. Daqui a quatro invernos, completo 40 anos de vida neste planeta. Sinceramente: alguém aí duvida que eu vou continuar falando as mesmas asneiras?

36 ainda é jovem (versão Código Morse)

Tempo nublado e abafado ao som de Gretchen ("Je suis la femme..."). Café, rádio e internet. Votos de felicidade e um novo lançamento do AC/DC ("Backtracks"). Vai ter show do Exploited no Circo Voador? A favor dos Jogos Olímpicos em Mogadíscio ou na Antártida. Telefonemas, chuva e textos. PUC. Sanduíche e refrigerante no intervalo. Boa apresentação da professora. Muita chuva. Empório e ótimas conversas. Mais chuva e mais conversa. Clone do Latino. Cama às 3 ou 4 da matina.

Alguém perdeu a perna de pau (versão Código Morse)

Café e preocupação com a minha mão direita (tem vida própria...). Rio Sul e suco de manga. Mar agitado e ondas de três metros. Almoço light na padaria (o peixe estava ótimo). Quanta bondade comigo (sim, isso É ironia...). "Main Man Mike" vai assistir ao AC/DC em Buenos Aires. Rádio, textos, recortes e leituras. Esse Rodrigo Bethlem é muito bobinho. PUC. Documentário sobre Galileu Galilei. Idéias para textos de ficção. Grupo do eu sozinho. Nada de sair. Cansado e sem paciência para cobranças. Telefonemas. Textos, dose de White Horse e rádio. Televisão e programa sobre prédio gigantesco em Dubai. Cama às três da matina.

Eliezer Motta é engraçado (versão Código Morse)

Café simples e chuva. Lotérica e banco. Internet, telefonemas e rádio. Cadê o livro sobre a biblioteca de Dom João VI? Saladão no almoço. Textos. Ufanismo de merda. Michael Jackson ou Michael Jordan? Lula ou po(l)vo? Degrau ou padaria? Mais textos e mais telefonemas. Tem gente que não se manca. Bateria e ducha morna. Sanduíche e televisão. Leituras e jazz. Sono e frio. Cama às duas da manhã.

Clima de Rosto Colado (versão Código Morse)

Sol de rachar e xerox na PUC. Textos pro curso. Saladão no almoço. Mais leituras. Index Librorum Prohibitorum. Cochilo de 20 minutos. Rádio e bateria. Ducha. Polanski e o sol quadrado (em outras palavras: ajoelhou, tem que rezar...). "Main Man Mike" voltando para Hardcore Brasília. Sanduíche natureba. Textos e televisão. Trechos de filmes no zapping. Telefonemas. Recortes e música clássica. Vento, calor e cama.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Exorcista do Leblon

No prédio da minha avó, localizado na esquina da Afrânio com a San Martin, homens estão restaurando o piso de mármore do pátio interno, localizado na parte traseira do edifício. Três ou quatro homens, armados com lixadeiras especiais, martelos e cinzéis. Trabalhando por horas a fio, ao longo de uma jornada que começa às oito da manhã e que termina pouco antes da seis da tarde, com uma hora de intervalo para o almoço à 11 da manhã. Quase não conversam, e nunca cantam ou assobiam; sinal de que o trabalho é pesado, ou então arranjaram um patrão que exige certa disciplina de seus empregados (segundo minha avó, o prédio pertence aos descendentes do Médici ou do Costa e Silva...).
Dia desses, estava na casa de minha avó para o almoço. O noticiário na televisão concorria com o pandemônio da obra e o barulho dos talheres. De repente, entre o prato principal e a sobremesa, ouvimos uma sucessão de berros e reclamações proferidas por uma mesma e desesperada voz feminina.
"Pára com esse barulho!!! Pára com isso pelo amor de Deus!!! Pára agora!!!"
Saio para a varanda no intuito de verificar quem é a dona do vozeirão. Era a vizinha, histérica:
"Pára com isso já!!! Eu não agüento mais!!! Pára agora!!!"
Nada de parar. Nada de resposta por parte dos operários. Status Quo no mármore. Nisso, a vizinha sai de sua varanda e entra de volta no apartamento. Nem um minuto se passa, e ela retorna.
"Eu te amaldiçoo!!! Te amaldiçoo para sempre em nome de Deus e de Jesus Cristo!!! Maldito seja!!! Maldito seja!!!", berra ela, com um crucifixo de boas proporções endireitado na mão direita.
Sequer comi minha sobremesa.
Coisas do Leblon.
Coisas de Pitboyland.

Tremendo Sozinho (versão Código Morse)

Domingo de muito sol e ressaca na frente do computador enquanto procuro um centro de escalada indoor e uma boa alma que venda um Zoom H2 (i.e. um dos melhores gravadores digitais para jornalistas e bateristas) em território tupiniquim. Acho que vou comprar lá fora e pedir pra trazer, afinal 150 dólares é mais jogo que 1200 reais...Almoço no Gula Gula do Rio Design com a mãe: picanha, arroz integral e farofa. Interrogatório de sempre. Banhistas do Leblon. John Tempesta dá de mil no Matt Sorum. Alligator Smile & Cyclone Kiss. Comodismo gera preguiça, e preguiça gera insegurança. Polvo no congelador e "Living Dead Girl" na vitrolinha. "...You’re dangerous / ‘cause you’re honest...". Leituras, textos e suco de pêssego. Banho e música clássica. Sanduíche e recortes. Televisão, filme de terror e cama.

Caminhos Inversos (versão Código Morse)

Sol e calor de volta. Café e internet. Casa da avó. Recarga do celular na banca do mal-encarado. Teco na cabeça do meliante. Maratona de almoços (sushi em Boatfogo / cervejinha na Lagoa). Gangue da 213 Sul. Casa e ducha fria. Sanduíche. General San Martin e uísque com gelo. Reencontros e lembranças. 00 pra mal dos meus pecados. Não paguei coisa alguma, só falei besteira ("..vamos invadir a tal festinha da Mariana Ximenes?..."), bebi quatro Bohemias e na saída dei uma de Toshiro Mifune ranzinza pra cima dos caras que queriam me levar ao Cicciolina. Não fui. Capotei bonito.

Manteiga e Cavalo do Playmobil (versão Código Morse)

Frio. Café. Shopping e as tentações em forma de tênis. Internet e transferências. Almoço: salada, arroz e carne assada. Textos, leituras e colagens. Rádio. Telefonemas (alguns foram um pé-no-saco...). Bateria e ducha. Joan Jett e The Cult. Semente de abóbora salgada. Amigos no Amir de Copacabana. As Satânicas do Bin Laden num show de dança do ventre. Banho de cerveja acidental. (...). Mosquitos ciumentos e famintos. Muito sono.

Ricky Martin pra Presidente do Mercosul (versão Código Morse)

Chuvarada demoníaca. Procurando uma bota de peão de obra ("...só na Amoedo..."). Internet, rádio e textos. Almoço leve e recortes. Telefonemas. João no Rio. Mais chuva. O gesso da portaria quebrou. Nosferatu. Explosão em Santo André. Lero-lero na ONU. Cabelo raspado, banho e ônibus pra PUC. Boas discussões e uma coxinha com mate no intervalo. Pessoal complicado e diversões perigosas. Guacamole e Doritos no jantar. Música clássica, textos e cama.