sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Na fila da Vida, "Homem Paradoxal" é um catzo...

Leio, no Globo, artigo assinado por um certo Pedro Doria (página 25, Caderno Economia) e intitulado "Um Homem Paradoxal". Trata do finado Steve Jobs, dono da Apple.

Segundo Doria, Jobs tinha dois lados. Podia ser afetuoso, mas ralhava quando lhe aplicavam uma multa por estacionar - repetidas vezes - no espaço para cadeirantes. Mesmo considerado sujeito "zen" e que "gostava de família", não raro soltava os cachorros em funcionários sem motivo aparente. "Excêntrico", dirão alguns.

Excêntrico uma pinóia.

A questão aqui não é saber se alguém é pró ou contra os produtos da Apple. Com exceção do meu Ipod, nunca comprei produto da Apple (aliás, foi minha mãe quem resolveu me dar o Ipod...). Primeiro porque custava uma fortuna; segundo porque, longe de querer algo pelo seu design, queria algo que fosse prático. Os produtos criados pelo Jobs podem até funcionar muito bem, mas também não vou entrar nessa discussão. Cada um escolhe o que bem lhe apetece.

Já colocar esse cara num pedestal são outros quinhentos, bem menos bonitinhos. Certamente farão a mesma coisa com o Bill Gates quando este bater as botas. Dirão, como disseram na CBN, que ele mudou a forma de fazer jornalismo (acho que foi a Miriam Leitão...), e coisa e tal. Uma papagaiada danada.

Mal comparando, mas comparando assim mesmo, lembro do simbólico caso do Von Braun, o sujeito que colocou os americanos no Espaço e depois na Lua. Era o Rei do Foguete na então recém-criada Nasa. Fato é que, antes dessa glória toda em solo americano, Von Braun tinha sua carteira de trabalho assinada por um certo Adolf Hitler e, então, ainda era conhecido, isso sim, como Rei do V2, em alusão aos mísseis de longa distância que queimaram Londres.

Mal comparando, repito.

Afora isso, lembro de um comentário no Facebook por parte de um amigo, segundo o qual a morte do Jobs provocava uma comoção tão grande numa comunidade que ainda cagava e andava (peço perdão pelas palavras...)pros milhares de mortos de fome em países da África ou simplesmente do outro lado da sua rua.

Ainda comparo mal?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Três Oitão na Nuca

Ah, o meu aniversário. Um turbilhão de clichês, lembranças, temores e esperanças. Um misterioso dia com algum torpor, alguns telefonemas e o cheiro de rotina que teima em pairar sobre o meu crânio.
Estaria este vosso humilde escriba ficando velho, ranzinza e chatérrimo? Estaria eu chutando o balde a caminho de algum paraíso de fraldas geriátricas, papinhas amargas e filmes vespertinos? Ou tudo isso não passa de mais um drama? Perguntas e mais perguntas que não querem calar.

Lembro (ainda) da época em que comemorava meu aniversário com direito a bolo e muitos presentes. Tinha festinha, vela no bolo, refrigerante e discos de vinil. Tinha aquela atmosfera pré-maquiavélica no fato de decidir quem convidar e quem deixar de fora. Lista VIP à la Balão Mágico, por assim dizer.

Nenhuma festinha ou evento marcou meus 38 invernos. Senti o "trezoitão" frio na nuca, ao longo das seis horas de labuta na livraria; ora atendendo ao pedido da secretária da Malu Mader; ora retirando - sem muita paciência - o plástico protetor de uma agenda Moleskine para uma cliente mais chatinha. No intervalo, comendo uma esfirra e tomando um suco de manga, mal pensei na minha nova idade. Como se adiantasse. sequer perdi meu tempo com lamúrias internas ou com o fato de poucas pessoas terem ligado (é simples: quem ligou, ligou; quem não ligou, bem, simplesmente não ligou...).

Findo meu turno, retornei à relativa paz de meu sacrossanto lar, onde, na companhia de Baby Takahashi, comi uma pizza de pepperoni e alguns cupcakes de chocolate, assistindo a trechos do show de Stevie Wonder e de um programa de decoração no canal 55.

Jerry Lee Lewis, o "killer" do rock, nasceu num 29 de setembro. Cervantes também. Assim como Les Claypool (do Primus), Brett Anderson (do Suede), Lech Walesa, o almirante Nelson, Silvio Berlusconi, Michelle Bachelet e, last but not least, László Biró, o inventor da caneta esferográfica, da qual faço uso há décadas.

Não fiz festa; tampouco convidei alguns amigos para algum bar. Em Hardcore Brasília, Zé "Black Lord" Dirceu promivia o lançamento de seu livro "Tempos de Planície". Sim, sim. Gay acima de qualquer suspeita. Pior: no restaurante Carpe Diem (mais gay ainda e muito "proletário chic", diga-se de passagem...). Dirceu já tinha filho (aliás, um "problem child" mineiro...), já publicara um "livro" (sic). Agora, só faltava plantar a árvore e esperar o dia em que a mesma crescesse o bastante para suportar a corda do enforcamento. Aparentemente, isso demoraria.

A felicidade do ex-guerrilheiro (what the hell?!...) contrastava com a tristeza da família do rapaz que peregrinara - inutilmente e desacordado - por cinco ou seis hospitais de Pitboyland, até encontrar um no alegre Méier. Para lá morrer.

Ah, esse mês de setembro. Bizarro, comme tout. Tão bizarro quanto aquela manhã em que despertei desejando que algum Lumpa Lumpa de topete servisse meu desjejum com um sorriso de orelha a orelha. Me chamando de "my liege" antes de ir à padaria comprar meu joelho de queijo com presunto. A vida, no entanto, não chegava a tal estado de beleza.

Lá estava eu, recém-empregado por uma livraria, comendo torrada com pasta de atum, bebendo Coca-Cola e assistindo - assaz de saco cheio - ao show do System of a Down, cujo vocalista, um Salsi Fufú politicamente correto demais, dava nos nervos com seus discursos e suas dancinhas. Isso foi num domingo.

A segunda-feira estava logo ali...