sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quando Anões Mortos viram Pombos, Ela Treme...(versão Código Morse)

Acordo com o telefonema do Santo Daime. Café preto e iogurte. As notícias da rádio estão ficando sem consistência: prefiro música clássica. Morar em condomínio da Barra deve ser maravilhoso (NOT). Pequenas mudanças na questão dos recortes. Saldo no banco. Salgado na padoca. Rock in Rio = Peregrinação in Pitboyland. Quase nenhum pragmatismo na sede da ONU. Apressado, atendo o telefone. Do outro lado da linha, uma gravação do inferno: "...Oi, tudo bem?!!! Eu sou do Fala Galera !!!...". Desligo. Recorto jornais. Internet e mensagens. Mais telefonemas. Bateria e banho. Loja cheia. Alemão mão-de-vaca, moradora de Búzios (tipo "Homem-Elefante morador de São Conrado", entende?...): queria um desconto num livro de receitas que não estava plastificado. Barbudo bizarro e tímido: queria um livro do Tron e outro sobre o período Holoceno. No intervalo, uma esfirra e um suco de manga. Corretor de imóveis falastrão, egocêntrico e débil mental: too much information, sucker. Preciso de um ninja shaolin a tiracolo. Macarronada com almôndegas, e programas sobre moda e design. Dor nas costas e muito cansaço. Acho que esqueci de assinar o ponto. Capotando às duas da madruga.

O Livro de Crumb não dispara alarme (versão Código Morse)

Café preto, iogurte e laranja. Telefonemas e arrumações. Rádio: esqueçam a Copa e as Olimpíadas. Vai ser um caos na veia de todos. Banco do Brasil e banca de jornais. Se bobear, tudo vai dar certo. "Tropa 2" no Oscar? mais um clichê e eu me mudo para Sumatra de mala, cuia e todo o meu quarto. Salada no almoço. Ô bairro barulhento, hein? Internet e textos. Toblerone para matar a saudade. Exercício e banho. Pergunta daqui, pergunta dali. Sobe e desce de livros. O livro do Robert Crumb - edição limitada e numerada, com assinatura - custa 1100 mangos; mas não tem código de barras ou dispositivo antifurto. E fica no meu setor! Beware, Foul Thief! Lanchinho no intervalo. Pago os livros que reservei: Burroughs ("Interzone") e Anthony Bourdain ("Maus Bocados"). Casal gay pede livro infantil a 10 minutos do fechamento da loja. Volta pra casa. Rádio e leitura. Durmo às 2.

Meias Verdades

Alguém já disse que, em tempos de guerra, a primeira vítima é a verdade.

Essa Comissão da Verdade, idealizada pelo Ministério de Direitos Humanos, já nasceu errada. O eventual esclarecimento de graves violações não servirá para punir os responsáveis pela tortura e morte tanto de membros da esquerda, quanto de pessoas ligadas à ditadura e a inocentes que foram feridos ou mortos no fogo cruzado.

Esclarecer, muita gente já esclareceu; e não raro fez isso sem usar dinheiro, privado ou público. Ademais, no que tange a essa Comissão, será vedada a participação de pessoas que possam ter a imparcialidade contestada.

Porra! É pra esclarecer ou pra redigir manual de História?

De minha parte, sei que meu avô foi delatado, capturado, torturado e assassinado pouco depois do meu nascimento. Certamente não sou o único a saber, de cor e salteado, os nomes dos traidores e dos torturadores. Alguns residem em Hardcore Brasília; outros em Pitboyland. Muitos têm netos e passeiam com os mesmos em shoppings, ou comemoram datas especiais em restaurantes, bares e churrascarias.

Longe de o presente texto ser um pedido de revanche. Até porque, se eu quiser revanche, eu não peço pra governo. Muito menos para governos que, como bem disse um motorista de táxi aqui de Pitboyland, são verdadeiras "democraduras" (sic).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Na versão Tupiniquim, a Primavera dos Povos é pirata mesmo...

Hoje, a partir das 17 horas, uma manifestação ocorre no centro de Pitboyland. Tem como principal objetivo a atenção para o nível - alarmante - de corrupção a que se chegou neste território tupiniquim. Organizado por meio de redes sociais na internet (Facebook, Twitter e afins), o evento pretende reunir uma multidão de insatisfeitos e passar a mensagem de "basta" no que diz respeito ao pardieiro mercantilista e clientelista que se tornou - ou que nunca deixou de ser - este curioso país.

No último dia 07 de setembro, uma manifestação similar aconteceu em Hardcore Brasília, paralela ao anual desfile militar. Naquela ocasião, a coisa toda terminou em um banho frio coletivo no espelho d'água do Congresso Nacional e adjacências. Não foi registrado excesso violento algum, tanto da parte dos manifestantes quanto da parte das forças de segurança. Nenhuma prisão mais simbólica foi efetuada. Dias antes, um muro foi estrategicamente posicionado ao longo da área do evento para que a manifestação anticorrupção não prejudicasse a festa oficial e, sobretudo, não chegasse ao campo visual da presidente e das demais autoridades.

Esta na Cinelândia já está sendo comparada às manifestações ocorridas no Cairo, que também se originaram e cresceram por meios virtuais eletrônicos. Faz algum sentido, mas não é para tanto; até porque nossos políticos não seriam tão débeis mentais e suicidas a ponto de baixarem a borracha e o chumbo quente nos manifestantes, manchando, assim, a imagem de bons mocinhos que tanto alardearam ao longo de campanhas, propagandas e governos.

O alvo, entretanto, é óbvio: a classe política. Seja esta de situação, seja ela de oposição. Fato, este, que amedronta os políticos, uma vez que não terão voz e principalmente controle durante o evento. No máximo, vão comentar o ocorrido no dia seguinte e tentar passar uma mensagem de apoio ao movimento, frisando o atual "momento de paz, de harmonia e de tranquilidade econômica" pelo qual passa o país. Aquela mesma demagogia de sempre.

Tenho minhas dúvidas quanto a mudanças reais e concretas após esta manifestação. Cá pra nós, a classe política não vai se abalar. O governador está em Londres, a presidente se encontra em Nova York. Outra: manifestação de porte se faz em frente à casa do alvo. O palácio do governo, o Congresso, e por aí vai. Centro de cidade pode até ter um apelo simbólico, mas, a longo prazo, passa batido. Me pergunto, por exemplo, se os bombeiros apoiarão o movimento, assim como os cidadãos, com fitas vermelhas, apoiaram o movimento dos bombeiros quando estes reivindicaram seus direitos.

E durante a Copa e as Olimpíadas? Manifestações aos olhos do mundo serão permitidas?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Encontro entre dois desenhos (versão Código Morse)

Os primeiros pingos caíram à noite. A chuva me acordou. Café e rádio. Resto de faxina e textos. O trabalho da PUC está muito atrasado. Compras da semana. Jornal e telefonemas. Empregada de braço quebrado (o primeiro raio-X não mostrava coisa alguma...). Mais café. Estado de atenção em um estado de cleptocracia. Salada no almoço. Internet e mensagens. Planos para dezembro. Desenhos e esboços. Exercício e banho quente. Turno calmo na livraria, com pouco movimento e quase nenhum nervosismo. Lista de livros que vou comprar mais tarde. um ou dois clientes estranhos. Três copos d'água entre uma subida e uma descida de escadaria. Não teve lançamento. Tempo frio e ventania. Telefonemas. Azeitonas pretas e duas doses de uma cachaça sem nome. Rambo 2 no DVD: alguma verdade e muita diversão. Celular recarregado e cafeteira pronta. Televisão do vizinho está muito alta. Fui dormir por volta das duas da manhã, embalado por um sonho com zumbis.

Não atire neste pianista (versão Código Morse)

Acordo com dor no pescoço. Café preto, iogurte e laranja. Notícias na rádio. Barulho de shopping e discussão entre motoboys. Faxina de pacotilha no apartamento. Textos e recortes. Minha mesa está um caos. Vem aí uma epidemia de dengue; vem aí também mais um governo apático. O "Prometeu", de Luigi Nono, parece ser bom. Almoço: cuscús com nuggets e cebolinhas em conserva. De sobremesa, uma Ana Maria de Baunilha. Internet, textos e mensagens enviadas para o Gabão. Exercícios e banho. Lavando a louça na noite de folga. Assisti a um documentário sobre Glenn Gould. Mais textos e recortes. Leituras atrasadas. Cama de madrugada.

O Camelô da Ciméria

O filme "Conan, o Bárbaro", de Marcus Nispel, não é aquilo tudo que diz ser. certamente não se compara ao filme estrelado por Schwarzenegger. Possui menos cenas de um silêncio construtivo, menos carisma nas atuações (Rose McGowan nula; Stephen Lang beirando o ridículo...).

Não é de todo ruim. É honesto, diria eu, mas abaixo da média. Seus primeiros vinte minutos são encorajadores: neles, o jovem Conan, nascido no campo de batalha, não brinca em serviço, mata a cobra e mostra o pau, e volta para casa com as cabeças decepadas de seus inimigos. O início parece entrar em harmonia com as histórias e a cronologia imaginada por Robert E. Howard. Caso continuasse nessa linha, valeria todo o (assaz salgado) ingresso e toda esse bobajada de óculos 3D (que, nesse caso, não traz vantagem alguma, e só serve para atrapalhar a vida de quem já usa óculos...).

Infelizmente, a trama e o conjunto se perdem em clichês, narrativa irregular e finalizações apressadas. Jason Momoa não faz muito feio, e não permanece naquela frieza exageradamente teutônica de Schwarzenegger; mas exagera nos gestos. Se a cena da catapulta é boa, o resto fica meio sonolento, tipo Sessão da Tarde, com coreografia atrás de coreografia. Balé de hemoglobina, por assim dizer.

Conheço gente que pediria mais sangue, mais cenas de luta, e uma atmosfera mais sombria. Lembro de um conhecido meu que, antes mesmo da estréia de "Conan" nos cinemas, desejava uma narrativa e um visual parecidos com o cabuloso "Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn. Faz sentido; ainda mais em se tratando de um diretor como Marcus Nispel, que não costuma economizar nos galões de sangue. Nispel quis acertar (como na refilmagem de "O Massacre da Serra Elétrica"...) e agradar (como em "Os Desbravadores"...), mas pecou pelo excesso e por uma ansiedade precoce.

"Conan", entretanto, é uma trama estreitamente ligada a floreios: nomes esquisitos, localidades exóticas, frases de efeito, heroísmo ilógico. E, nisso, diverte.