Pitboyland ainda ferve. Uma vez por semana, ando até o supermercado para enfrentar a fila de donas-de-casa, idosas, reclamonas e demais sem-educação. O mar não está para peixe, e a impressão é de que, mesmo em águas de temperatura elevada, o lugar está infestado de tubarões brancos e do tipo Mako (lembram da cena da competição no filme "Rapa Nui", de Kevin Reynolds? É mais ou menos por aí...).
As pessoas ligam, as pessoas desligam, as pessoas não ligam, eu perco meu tempo e recupero migalhas (por mais que o esforço seja um detalhe...). Faço isso, faço aquilo, para mim ou para os outros. Tudo bem, faz parte. A noite chega, e eu estou certo de que as coisas vão melhorar. Santa ingenuidade, Homem-Morcego! Nada sai, ou sai pouco.
A Musa está de férias. E tem todo o direito de estar.
Eu ligo o rádio e fico odiando o programa de jazz apresentado por Nelson "Múmia Ébria" Tolipã. Mato uma garrafa inteira de frisante Salton e me culpo momentaneamente por não estar fumando um Tiparillo. Fico encarando os milhares de recortes de todos os tamanhos e assuntos, antevejo algumas colagens, e paro com tudo no momento em que Sinatra entoa uma versão de "Old Man River" particularmente boiola (se isso é jazz, eu sou o Osama bin Laden no meio sa Sapucaí...). "Embracable You" melhora as coisas, mas prefiro a versão do Bobby Short. De qualquer maneira, eu não agüento muito, e coloco um pirata dos Stooges no som de 15 anos. "Tight Pants", "Open Up and Bleed", "Johanna", entre outras. O que diabos falta pra noite ficar ótima? Comida? Cerveja? Uma passada estratégica pelo Empório? Algumas páginas de um livro sobre filme noir? Ou apenas o óbvio? Certamente não quero Paulo Autran recitando "O Menino Azul", pois isso parece mais bizarro que Yeltsin em pub irlandês.
Procuro detalhes a poucos centímetros do meu rosto em uma cabeça montada em um pescoço arqueado sobre a mesa que precisa de uma demão de verniz. Procuro inspiração e um ponto de partida para algo maior. Migalhas, novamente. Não acho muita coisa, mas também não armo um circo por causa disso. Acho que estou mais preocupado em comprar logo o ingresso para o show do Social Distortion no Circo Voador (em abril...) do que em escrever algumas frases decentes para poucos leitores (estes também decentes; ou quase...). ainda assim, falta algo.
Não me importo com aqueles que deixaram de ligar, de escrever ou de ler. Não é uma questão de satisfação, mas, sim, de um egoísmo despretencioso, cujo único objetivo é deixar uma marca, um sinal na cronologia; uma opinião em algum universo desconhecido.
O fato, contudo, permanece inalterado: a Musa está de férias.
E não mandou sequer um cartão postal.
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