Eu vi isso com estes olhos. E ouvi isso com estes ouvidos. Ali, na altura do cinema Leblon, uma jovem mãe berrava com seu filho:
"Vai no bloco, sim, e ponto final! Tem que ir no bloco como todo mundo, pra se divertir! E pára de chorar, porque não vai adiantar coisa alguma!!!"
Good Lord.
Chegamos a um ponto em que Carnaval é obrigatório; um ponto em que pular em bloco de rua é dever cívico. Qual o passo seguinte? Voto obrigatório em escola de samba?
Sequer encherei o sacrossanto saco do caro e raro leitor com minha aversão ao Carnaval. É pura hipocrisia; putaria generalizada pintada de diversão inocente. Jogo mercantilista colorido e enfiado goela abaixo de toda e qualquer classe.
À primeira vista, é festa. Mas tente o leitor observar com mais atenção, e constatará o que de mais podre existe numa sociedade. Desculpas esfarrapadas de gente que, querendo se divertir, extrapola, danifica, vandaliza, estupra, ataca e depois posa de bom cidadão. Desfile de Barbies e Kens inchados de silicone e drogas até a alma. "Festa da Carne", pois não. É bom para lavar a alma. Mas com o quê?
As histórias que eu já ouvi fariam qualquer bispo da Igreja Universal - "ou dá, ou desce!" - levar um simples tapinha na mão. Chantagens, subornos, todo tipo de crime para alegrar o público, nacional ou estrangeiro. Rios e mais rios de dinheiro, de origem oficial ou oficiosa, lambendo as avenidas cobertas de paetês.
Pombas! Eu começo a ouvir a palavra "Carnaval" em setembro do ano anterior! E depois vêm me dizer que o povo é trabalhador?! Até posso concordar que o Carnaval de outras épocas era mais inocente, menos voltado para aspectos mercadológicos e políticos.
Mas ir de encontro a essa maré é batalha perdida. Será?
O tal filho não parou de chorar e espernear por uns bons 100 metros.
Um pequeno herói. Por enquanto...
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