segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Camelô da Ciméria

O filme "Conan, o Bárbaro", de Marcus Nispel, não é aquilo tudo que diz ser. certamente não se compara ao filme estrelado por Schwarzenegger. Possui menos cenas de um silêncio construtivo, menos carisma nas atuações (Rose McGowan nula; Stephen Lang beirando o ridículo...).

Não é de todo ruim. É honesto, diria eu, mas abaixo da média. Seus primeiros vinte minutos são encorajadores: neles, o jovem Conan, nascido no campo de batalha, não brinca em serviço, mata a cobra e mostra o pau, e volta para casa com as cabeças decepadas de seus inimigos. O início parece entrar em harmonia com as histórias e a cronologia imaginada por Robert E. Howard. Caso continuasse nessa linha, valeria todo o (assaz salgado) ingresso e toda esse bobajada de óculos 3D (que, nesse caso, não traz vantagem alguma, e só serve para atrapalhar a vida de quem já usa óculos...).

Infelizmente, a trama e o conjunto se perdem em clichês, narrativa irregular e finalizações apressadas. Jason Momoa não faz muito feio, e não permanece naquela frieza exageradamente teutônica de Schwarzenegger; mas exagera nos gestos. Se a cena da catapulta é boa, o resto fica meio sonolento, tipo Sessão da Tarde, com coreografia atrás de coreografia. Balé de hemoglobina, por assim dizer.

Conheço gente que pediria mais sangue, mais cenas de luta, e uma atmosfera mais sombria. Lembro de um conhecido meu que, antes mesmo da estréia de "Conan" nos cinemas, desejava uma narrativa e um visual parecidos com o cabuloso "Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn. Faz sentido; ainda mais em se tratando de um diretor como Marcus Nispel, que não costuma economizar nos galões de sangue. Nispel quis acertar (como na refilmagem de "O Massacre da Serra Elétrica"...) e agradar (como em "Os Desbravadores"...), mas pecou pelo excesso e por uma ansiedade precoce.

"Conan", entretanto, é uma trama estreitamente ligada a floreios: nomes esquisitos, localidades exóticas, frases de efeito, heroísmo ilógico. E, nisso, diverte.

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